形容全部的词语:葡语语法资料——“小语法”

来源:百度文库 编辑:偶看新闻 时间:2024/04/27 18:25:45
Autor : NILC – USP/SP - pdf by: Praetoriani.da.ru
 A Construcao de uma Minigramática
A partir de agora você está convidado a percorrer o vasto mundo da gramática da língua portuguesa!
Trata-se de um conjunto de normas postuladas no decorrer da história da língua portuguesa do Brasil.
Inúmeros gramáticos contribuíram, ao longo dos anos, para consagrar as formas e construcoes que hoje compoem as regras da norma culta da língua portuguesa. Os princípios estipulados em uma gramática visam, em primeiro lugar, a garantir uma boa utilizacao dos recursos da língua, em especial a língua escrita e, em segundo lugar, ser um material de referência para a explicacao dos fenomenos lingüísticos. Portanto, para a boa construcao em linguagem verbal, nao basta o dicionário; é também importante o conhecimento da estrutura de cada língua, objeto da gramática.
Este material que estamos lhe apresentando denomina-se minigramática. Ele é "mini" por dois motivos fundamentais. O primeiro é que o conjunto de informacoes contido aqui ainda nao cobre todos os fenomenos da nossa língua portuguesa. O segundo motivo é que tivemos como meta a apresentacao de textos objetivos esucintos.
 A minigramática está em sua segunda versao. Na primeira fase, optamos pelo tratamento das inadequacoes gramaticais mais freqüentes, ou seja, momentos em que as normas gramaticais cultas sao violadas com maior freqüência. Nessa segunda etapa de trabalho, ocupamo-nos de elaborar um material metalingüístico, isto é, uma fonte de informacoes definitórias de vários componentes da estrutura da língua: as classes gramaticais, as unidades menores do texto e os termos da oracao.
Com a preocupa??o de lhe responder, em detalhes, sobre as inadequa??es cometidas sobre um texto escrito, criamos uma minigramática especialmente voltada ao fornecimento de explica??es dos fen?menos da língua portuguesa, apresentando, inclusive e na forma de exemplos, as constru??es aceitáveis e inaceitáveis referentes a cada tópico gramatical. Você conhecerá, por exemplo, as especificidades do fen?meno da concordancia, da crase e da regência de alguns verbos. Poderá esclarecer dúvidas sobre o emprego adequadoda vírgula, do hífen e de alguns pronomes; terá acesso às particularidades do uso de várias locu??es e de palavras como "se" e "capaz", por exemplo. é uma oportunidade de pesquisar sobre o porquê da express?o "entre mim e ti", em vez de "entre eu e você", do uso de "em nível de", em vez de "a nível de" e da constru??o "Responda-me assim que puder", em vez de "Me responda assim que puder".
 Na maioria das vezes procuramos selecionar alguns tópicos relacionados ao tema de pesquisa (Tópicos Relacionados)que podem acrescentar informa??es sobre o tema que você estará acessando.  A presen?a de vários links (destaque sublinhado nos textos) irá permitir que você alcance informa??es complementares de forma rápida e interativa. Ainda nesse sentido, procuramos evidenciar as informa??es mais relevantes de cada verbete através dos destaques em negrito. Isso permite que você fa?a a distin??o dos vários usos dos recursos lingüísticos e guarde deles as suas particularidades.
Nosso esfor?o em fornecer a você um material alternativo, de fácil acesso e manipula??o, além de sério com respeito às informa??es da nossa língua é um processo ainda em andamento. Em alguns momentos, contaremos com o seu conhecimento conceitual referente à gramática, tais como os tipos de ora??es, a no??o de locu??o, contra??o, contexto, discurso, etc. Nossa perspectiva, no entanto, é atendê-lo nessas lacunas com as próximas vers?es da minigramática.
Da maneira como está hoje, este suporte lingüístico caminha para o abandono do seu status de "mini", dadas as informa??es que agora contemplam o plano conceitual da gramática e os processos que envolvem as estruturas da língua.
Mas, contrariando aqueles que advogam a favor da alta complexidade da língua portuguesa em rela??o às demais línguas do mundo, acreditamos ser possível assimilar com tranqüilidade a estrutura do português do Brasil e aplicá-la com habilidade. Temos plena certeza, ent?o, que essa excurs?o pelo mundo da gramática será um enorme prazer para você. Sendo assim, vamos a ela...
Classes Gramaticais: tipos
As classes gramaticais da língua portuguesa s?o:
· substantivo
· adjetivo
· artigo
· pronome
· numeral
· verbo
· advérbio
· preposi??o
· conjun??o
· interjei??o
Substantivo
Substantivo é a palavra que designa seres em geral:
1. nomes de pessoas, coisas, lugares, gênero, espécie
Exemplos:
nomes coisas lugares gênero espécie
Maria espelho Sergipe [o] visitante jacarandá
Paulo futebol Canadá [a] hóspede homem
Castro jóia sapataria [o] artista hortali?a
Maia lago chácara
2. nomes de estados ou qualidades, a??es, sentimentos, no??es que se destinam a denomina??o de seres:
Exemplos:
estado ou qualidade a??es sentimentos no??o
juventude nascimento felicidade tamanho
hipocrisia colheita hipocrisia originalidade
médico [o] pulo medo equilíbrio
Considera-se, ainda, substantivo qualquer palavra que ocupe a fun??o sintática particular ao substantivo.
Nessa perspectiva, a distribui??o do substantivo é bastante ampla, pois pode-se estendê-la para a
caracteriza??o de vários termos e ora??es da nossa língua.
Dizemos que um termo funciona como substantivo, embora n?o se caracterize como tal sob outro ponto de
vista. Ou seja, apesar de, em princípio, uma palavra pertencer a certa classe gramatical, essa determina??o
pode mudar dependendo do papel que a palavra esteja desempenhando na senten?a. Dessa forma, qualquer
palavra da língua é suscetível de várias categoriza??es, pois o que impera s?o suas fun??es vinculadas a um
contexto específico.
Exemplos:
1. O n?o é próprio do meu chefe
...[n?o = advérbio]
...[n?o (nesta senten?a): núcleo do sujeito = substantivo]
...[fun??o do n?o: substantivo]
2. O fazer parece ser mais importante que o pensar.
...[fazer/pensar = verbo]
...[fazer/pensar (nesta senten?a): núcleo do sujeito = substantivo]
...[fun??o do fazer/pensar: substantivo]
Na esfera da classifica??o das ora??es esse mesmo critério está presente. Dizemos, por exemplo, que uma
ora??o é substantiva, quando se comporta como um substantivo (em oposi??o à fun??o de adjetivo ou
advérbio).
Exemplo:
1. "O pior é que eu n?o estava mentindo..."
Adjetivo
Adjetivo é a palavra que qualifica os seres em termos de:
- express?o de uma qualidade
Exemplos:
chocolate quente/gostoso/amargo
...[chocolate: substantivo]
- express?o da aparência ou aspecto
Exemplos:
mesa quadrada/preta/quebrada
...[mesa: substantivo]
- apresenta??o do estado do ser
Exemplos:
ventilador ligado/quebrado/emprestado
...[ventilador: substantivo]
Na perspectiva funcional, considera-se adjetivo o termo que modifica um substantivo (ou qualquer palavra
que exer?a a fun??o de substantivo) no sentido de lhe atribuir uma característica. Sob esse ponto de vista,
qualquer palavra ou ora??o que funcione como um modificador deste tipo terá valor de adjetivo. Assim s?o, por
exemplo, os pronomes que indicam propriedade (meu, dele, etc.) ou as ora??es subordinadas do tipo:
"Era ela mesma uma estrela que ofuscava a própria luz"
Há de se considerar, portanto, o contexto em que as palavras est?o inseridas para se prosseguir na análise. As
diversas situa??es da linguagem revelam que uma palavra, em princípio considerada adjetivo, pode funcionar
como um substantivo. Observe:
1. "Os parentes vegetarianos nunca tinham vez em casa!"
...[parentes: substantivo]
...[vegetarianos: adjetivo]
2. "Os vegetarianos nunca tinham vez em casa!"
...[vegetarianos: substantivo]
Em termos sintáticos, os adjetivos, assim como qualquer outro termo determinante, devem estabelecer uma
rela??o de concordancia com o substantivo ao qual se referem. Desse modo, a grande maioria dos adjetivos
sofre flex?o em gênero (masculino ou feminino) e número (singular ou plural) de acordo com o termo ao qual
está ligada.
Exemplos:
[o] teatro reformado [a] encomenda atrasada
é importante conhecer as particularidades dos adjetivos:
· Adjetivo x advérbio
· Uso dos Adjetivos diante de Particípio
· O grau dos advérbios e os adjetivos particípios
· A forma??o do grau e os adjetivos e advérbios an?malos
· Formas analíticas dos adjetivos an?malos
Artigo
Artigo é a palavra que determina ou indetermina os seres ao qual está ligado.
Além dessa fun??o de determina??o, o artigo exerce outra fun??o muito importante: a substantiva??o. A
palavra ligada ao artigo, ou seja, aquela com a qual ele estabelece a concordancia, torna-se um substantivo.
Desse modo, podemos concluir desde já que o artigo é uma palavra extremamente dependente de outras na
ora??o. Seu elo mais forte é com o substantivo.
Exemplos:
1. Com um número na cabe?a, o rapaz tentava encontrar um lugar de apostas: hoje seria o dia do
drag?o.
2. Nem parecia que a faxina tinha sido feita: as plantas secas, o jantar ainda posto, uma inten??o de
viagem no ar.
...[em negrito: artigos]
...[palavras sublinhadas: substantivos]
Embora o artigo esteja sempre vinculado a um substantivo, a presen?a deste nem sempre é necessária. é o
fen?meno chamado zeugma, bastante comum na nossa língua.
Exemplo:
1. Havia dias em que eu precisava do colo dele; outros muitos era ele quem procurava o meu.
...[o meu: zeugma = elipse do substantivo "colo"]
Os artigos s?o palavras variáveis, ou seja, sofrem varia??o em gênero (masculino ou feminino) e número
(singular ou plural) em concordancia com o substantivo que antecedem. Essa característica, aliás, é bastante
importante em muitos casos. Por exemplo, os artigos s?o fundamentais para determinar o gênero de certos
substantivos e, com isso, o seu significado.
Exemplos:
a cabe?a [parte do corpo] o cabe?a [chefe]
a caixa [recipiente] o caixa [resposável pelo caixa]
a grama [relva] o grama [unidade de peso]
a moral [conjunto de regras] o moral [brio, animo]
Uso de artigos e determinantes
Deve-se evitar o uso do artigo indefinido diante dos pronomes indefinidos por constituir caso de
redundancia.
Exemplo:
1. Era um belo p?r-do-sol, com uma certa cor que o casal jamais havia visto. [Inadequado]
Era um belo p?r-do-sol, com certa cor que o casal jamais havia visto. [Adequado]
Deve-se evitar o uso do artigo definido diante de pronomes possessivos nos casos em que o possuído n?o
puder pertencer sen?o ao possuidor.
Exemplo:
1. Lavei as minhas m?os. [Inadequado]
Lavei minhas m?os. [Adequado]
...[Minhas m?os n?o podem pertencer sen?o a mim; o artigo torna-se, pois, redundante]
Os pronomes de tratamento n?o admitem o artigo. A única exce??o é o pronome "senhor" e suas varia??es
[senhores, senhora, senhoras].
Exemplos:
1. N?o gosto da Vossa Excelência. [Inadequado]
N?o gosto de Vossa Excelência. [Adequado]
2. A senhora deseja alguma coisa? [Adequado]
O pronome relativo "cujo" e suas varia??es [cujos, cuja, cujas] n?o admitem o uso do artigo.
Exemplo:
1. O suor descia da cabe?a, cujos os cabelos lisos e negros estavam duros. Andava pela velha vila, t?o
conhecida, por cujas as ruas passeiam assombra??es. [Inadequado]
O suor descia da cabe?a, cujos cabelos lisos e negros estavam duros. Andava pela velha vila, t?o
conhecida, por cujas ruas passeiam assombra??es. [Adequado]
Depois de "ambos", "ambas", "todos" e "todas", quando determinantes, é indispensável o uso do artigo
definido.
Exemplos:
1. Ou fazia ambas coisas de qualquer maneira ou desistia de uma delas. [Inadequado]
Ou fazia ambas as coisas de qualquer maneira ou desistia de uma delas. [Adequado]
2. Seu vasto cora??o abriga todos alunos. [Inadequado]
Seu vasto cora??o abriga todos os alunos. [Adequado]
Pronome
Pronome é a palavra que se usa em lugar do nome, ou a ele se refere, ou ainda, que acompanha o nome
qualificando-o de alguma forma.
Exemplos:
1. A mo?a era mesmo bonita. Ela morava nos meus sonhos!
...[substitui??o do nome]
2. A mo?a que morava nos meus sonhos era mesmo bonita!
...[referência ao nome]
3. Essa mo?a morava nos meus sonhos!
...[qualifica??o do nome]
Grande parte dos pronomes n?o possui significado fixo, isto é, essas palavras só adquirem significa??o dentro
de um contexto, o qual nos permite recuperar a referência exata daquilo que está sendo colocado por meio
dos pronomes no ato da comunica??o. Com exce??o dos pronomes interrogativos e indefinidos, os demais
pronomes têm por fun??o principal apontar para as pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando-lhes
sua situa??o no tempo ou no espa?o. Em virtude dessa característica, os pronomes apresentam uma forma
específica para cada pessoa do discurso.
Exemplos:
1. Minha carteira estava vazia, quando eu fui assaltada.
...[minha/eu: pronomes de 1a pessoa = aquele que fala]
2. Tua carteira estava vazia, quando você foi assaltada?
...[tua/você: pronomes de 2a pessoa = aquele a quem se fala]
3. A carteira dela estava vazia, quando ela foi assaltada.
...[dela/ela: pronomes de 3a pessoa = aquele de quem se fala]
Em termos morfológicos, os pronomes s?o palavras variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em
número (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência através do pronome seja coerente em termos
de gênero e número (fen?meno da concordancia) com o seu objeto, mesmo quando este se apresenta ausente
no enunciado.
Exemplos:
1. [Fala-se de Roberta]
2. Ele quer participar do desfile da nossa escola neste ano.
...[nossa: pronome que qualifica "escola" = concordancia adequada]
...[neste: pronome que determina "ano" = concordancia adequada]
...[ele: pronome que faz referência à "Roberta" = concordancia inadequada]
S?o muitos os tipos de pronomes e também diversos as suas fun??es e empregos. Por isso, é importante
conhecer outras particularidades a seu respeito:
· Pronome reto
· Pronome oblíquo
· Pronome reflexivo
· O pronome em início de senten?a
· A crase e os pronomes pessoais
· A crase e os pronomes demonstrativos
· A crase e os pronomes indefinidos
Além disso, alguns pronomes ocupam posi??es especiais na senten?a. Essa característica dos pronomes é
tratada como coloca??o pronominal.
Pronome substantivo
Pronome substantivo é aquele que substitui um substantivo na senten?a. Como o pronome assume para si
as características do nome ao qual substitui, ele segue, dessa forma, todas as suas características. S?o elas:
· gênero - ex: ele
· número - ex: eles
· a pessoa do discurso - ex: ele = aquele de quem se fala
· marca de sujeito inanimado - ex: isso
· marca de situa??o no espa?o - ex: aí
Para identificar um pronome substantivo, portanto, basta substitui-lo por algum substantivo.
Exemplos:
1. O carteiro sempre me desafiava!
Ele sempre me desafiava!
2. Os homens e as mulheres da paróquia foram convocados.
Todos foram convocados
3. O presente que está perto de você é bastante grande.
Esse presente aí é bastante grande.
Pronome reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten?a, exerce a fun??o de sujeito.
Sendo um pronome ele carrega consigo as características próprias a essa classe gramatical, ou seja, é uma
palavra que pode:
· substituir um nome;
· qualificar um nome;
· determinar a pessoa do discurso.
Os pronomes retos apresentam flex?o de número, gênero (apenas na 3a pessoa) e pessoa, sendo essa última a
principal flex?o porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim
configurado:
- 1a pessoa do singular (eu): eu
- 2a pessoa do singular (tu): tu
- 3a pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1a pessoa do plural (nós): nós
- 2a pessoa do plural (vós): vós
- 3a pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
Freqüentemente se observa a omiss?o do pronome reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as formas
verbais marcam, através de suas desinências, as pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto (ex.: Dormi
cedo ontem; Fizemos boa viagem).
é importante conhecer algumas outras particularidades dos pronomes retos, tais como:
· O pronome e o verbo no infinitivo
· A concordancia e o pronome reto como predicativo do sujeito
Pronome oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na senten?a, exerce a fun??o de complemento verbal, ou
seja, objeto direto ou objeto indireto.
Sendo um pronome ele carrega consigo as características próprias a essa classe gramatical, ou seja, é uma
palavra que pode:
· Substituir um nome
· Qualificar um nome
· Determinar a pessoa do discurso
Em verdade, o pronome oblíquo é uma forma variante do pronome pessoal do caso reto. Essa varia??o na
forma do pronome indica t?o somente a fun??o diversa que eles desempenham na ora??o: pronome reto marca
o sujeito da ora??o; pronome oblíquo marca o complemento verbal da ora??o.
Os pronomes oblíquos sofrem varia??o de acordo com a acentua??o t?nica que possuem. Dessa forma eles
podem ser:
Pronomes oblíquos átonos
Pronomes oblíquos t?nicos
é importante conhecer algumas particularidades dos pronomes:
· Formas especiais do pronome oblíquo
· Coloca??o pronominal
· O pronome em início de senten?a
· O pronome e o objeto direto
Pronome oblíquo átono
S?o chamados átonos os pronomes oblíquos cuja acentua??o t?nica é fraca.
Os pronomes oblíquos apresentam flex?o de número, gênero e pessoa, sendo essa última a principal flex?o
porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblíquos átonos é assim configurado:
- 1a pessoa do singular (eu):me
- 2a pessoa do singular (tu):te
- 3a pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
- 1a pessoa do plural (nós):nos
- 2a pessoa do plural (vós):vos
- 3a pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
O lhe é o único pronome oblíquo átono que já se apresenta na forma contraída, ou seja, houve a uni?o entre o
pronome o ou a e preposi??o a ou para. Por acompanhar diretamente uma preposi??o, o pronome lhe exerce
sempre a fun??o de objeto indireto na ora??o. Os demais pronomes átonos em geral funcionam como objeto
direto.
é importante conhecer algumas particularidades dos pronomes oblíquos átonos:
· Formas especiais do pronome oblíquo
· Coloca??o pronominal
· O pronome em início de senten?a
· O pronome e o objeto direto
Pronome oblíquo t?nico
S?o chamados t?nicos os pronomes oblíquos cuja acentua??o t?nica é forte.
Os pronomes oblíquos apresentam flex?o de número, gênero (apenas na 3a pessoa) e pessoa, sendo essa
última a principal flex?o porque marca a pessoa do discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes oblíquos
t?nicos é assim configurado:
- 1a pessoa do singular (eu): mim, comigo
- 2a pessoa do singular (tu): ti, contigo
- 3a pessoa do singular (ele, ela): ele, ela
- 1a pessoa do plural (nós): nós, conosco
- 2a pessoa do plural (vós): vós, convosco
- 3a pessoa do plural (eles, elas): eles, elas
Os pronomes oblíquos t?nicos sempre acompanham uma preposi??o, em geral as preposi??es a, para, de e
com. Por esse motivo os pronomes t?nicos exercem a fun??o de objeto indireto da ora??o.
Observe que as únicas formas próprias do pronome t?nico s?o a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
A forma contraída dos pronomes t?nicos (comigo, contigo, conosco e convosco) é obrigatória na constru??o
dos pronomes de 1a e 2a pessoas do singular e do plural. As terceiras pessoas do singular e plural, por
possuírem uma forma iniciada por vogal (ele, por exemplo), se apresentam separadas da preposi??o "com"
(com ele, com elas e etc.).
Os pronomes oblíquos t?nicos contraídos (contigo, por exemplo) freqüentemente exercem a fun??o de adjunto
adverbial de companhia (ex.: Ele carregava este nome consigo).
Pronome reflexivo
S?o aqueles que expressam a igualdade entre o sujeito e o objeto da a??o.
Os pronomes reflexivos, embora também apontem para o sujeito da ora??o, exercem sempre a fun??o de
complemento verbal (objeto direto ou indireto). Por esse motivo s?o associados aos pronomes pessoais do caso
oblíquo, herdando as características desses.
O quadro dos pronomes reflexivos é assim configurado:
- 1a pessoa do singular (eu): me
- 2a pessoa do singular (tu): ti
- 3a pessoa do singular (ele, ela): si, consigo
- 1a pessoa do plural (nós): nos
- 2a pessoa do plural (vós): vos
- 3a pessoa do plural (eles, elas): si, consigo
Com exce??o das terceiras pessoas do singular e plural, as demais formas dos pronomes reflexivos repetem
as formas do pronome oblíquo átono. Como os pronomes átonos s?o fracos quanto à acentua??o, há
determinadas formas (ver formas especiais do pronome oblíquo átono) e posi??es (ver coloca??o pronominal)
fixas para eles na ora??o.
A forma contraída dos pronomes reflexivo (consigo) é obrigatória na constru??o dos pronomes de 3a pessoas
do singular e do plural. Essa forma contraída freqüentemente exerce a fun??o de adjunto adverbial de
companhia (ex.: Ela veio comigo).
é importante ainda conhecer algumas particularidades dos pronomes reflexivos:
· A concordancia e os pronomes reflexivos
· Verbos com pronome "se"
· O "se" em início de senten?a
· Os pronomes pessoais e algumas preposi??es
Numeral
Numeral é a palavra que qualifica os seres em termos numéricos, isto é, que atribui quantidade aos seres ou
os situa em determinada seqüência.
Exemplos:
1. Os quatro últimos ingressos foram vendidos há pouco.
[quatro: numeral = atributo numérico de "ingresso"]
2. Eu quero café duplo, e você?
...[duplo: numeral = atributo numérico de "café"]
3. A primeira pessoa da fila pode entrar, por favor!
...[primeira: numeral = situa o ser "pessoa" na seqüência de "fila"]
Os numerais podem ser: cardinais, ordinais, multiplicativos e fracionários.
Os numerais cardinais indicam a quantidade exata de seres: um, duas, trezentos, milh?o.
Os numerais ordinais indicam a ordem dos seres numa determinada série: primeiro, quadragésima.
Os numerais multiplicativos indicam o aumento proporcional da quantidade: duplo, quádruplo.
Os numerais fracionários indicam a diminui??o proporcional da quantidade: meio, quarto, dois quinze
avos.
Outras palavras que também denotam quantidade, propor??o ou ordena??o também podem ser consideradas
numerais: década, dúzia, par, ambos(as), novena, etc.
Uso e Grafia de Numerais
No interior do texto, prefira escrever os números de um a dez por extenso; a partir de 11, use algarismos:
"O assassino matou quatro pessoas" deve ser preferível a "O assassino matou 4 pessoas".
Porém:
"O assassino matou 22 pessoas" deve se usado em lugar de "O assassino matou vinte e duas
pessoas".
Se o número estiver determinando uma unidade de medida ou uma grandeza, prefira o algarismo:
1. S?o oito horas. [Inadequado]
S?o 8 horas. [Adequado]
No interior do texto, procure n?o iniciar períodos com algarismos.
"Vinte e nove pessoas foram aprovados" é considerado mais adequado do que "29 pessoas foram
aprovadas".
N?o se deve usar ponto nas datas:
"15 de abril de 2002" e n?o "15 de abril de 2.002"
N?o use o algarismo 0 antes de números inteiros a menos que possa haver alguma ambigüidade:
1. Compramos 018 livros. [Inadequado]
Compramos 18 livros. [Adequado]
O numeral utilizado para designar papas, soberanos, séculos ou partes em que se divide uma obra, deve
ser lido como ordinal até o décimo, e como cardinal de onze em diante: Paulo VI (sexto), Canto VIII (oitavo).
Na numera??o de artigos, leis, decretos, portarias e outros textos legais, utilizamos o numeral ordinal
até nove e o cardinal a partir de dez: Artigo 9o. (nono), Decreto 12 (doze).
Verbo
Verbo é a palavra que expressa processos, a??o, estado, mudan?a de estado, fen?meno da natureza,
conveniência, desejo e existência. Desse modo, enquanto os nomes (substantivo, adjetivo) indicam
propriedades estáticas dos seres, o verbo denota os seus movimentos, por isso sua característica de
dinamicidade.
Exemplos:
1. Um homem já escorregou neste ch?o molhado.
...[escorregar: verbo = a??o que expressa a dinamicidade de "homem"]
2. Por enquanto as matas continuam indefesas.
...[continuar: verbo = estado que expressa a dinamicidade de "matas"]
3. Anoitecia rapidamente!
...[anoitecer: verbo = fen?meno dinamico da natureza]
4. Convém aguardar mais alguns minutos.
...[convir: verbo = conveniência que expressa a dinamicidade de "aguardar..."]
5. Nossos estudantes anseiam um bom emprego.
...[ansiar: verbo = desejo que expressa a dinamicidade de "nossos estudantes"]
6. Houve tumulto no momento da vota??o.
...[haver: verbo = existência que expressa a dinamicidade de "tumulto..."]
Em termos sintáticos, os verbos exercem uma fun??o fundamental: núcleo da predica??o nos predicados
verbais. Isto é, o verbo é o constituinte essencial do predicado verbal. Além disso, os verbos também s?o
fundamentais para a constitui??o das ora??es. Ao contrário do sujeito, que pode estar ausente na ora??o, sem
verbo n?o há ora??o. Aliás, classificam-se as ora??es conforme o número de núcleos verbais existentes.
Exemplos:
1. é comum, no interior do país, surpreender crian?as com doen?as graves.
...[é: verbo = núcleo do predicado "é comum"]
...[surpreender: verbo = núcleo do predicado "surpreender crian?as..."]
2. Se você me esperar1, vou até lá2, procuro pelo endere?o3 e trago-o aqui4.
...[número de ora??es: 4]
...[número de núcleos verbais: 4]
3. Vou entrar por esta porta1 e quero encontrar tudo2 como eu havia deixado3.
...[número de ora??es: 3]
...[número de núcleos verbais: 3]
A classe gramatical dos verbos é bastante rica em flex?es. Trata-se de uma classe que varia em número,
pessoa, tempo, modo, aspecto e voz. Essas varia??es se agrupam em conjuntos flexionais chamados de
conjuga??o. é importante, portanto, conhecer as outras particularidades do verbo:
· O subjuntivo e as ora??es subordinadas
· O subjuntivo e os verbos modais
· Tempo verbal e o emprego de pronomes
· Verbos com pronome "se"
· Os auxiliares e certos verbos abundantes
· A crase e os verbos
· As locu??es verbais e o uso de preposi??es
· Uso do Particípio
Os verbos também exigem formas especiais de combina??o com os outros elementos da ora??o. Esse
mecanismo de combina??o é compreendido nas chamadas:
· concordancia verbal
· regência verbal
Uso do Particípio
Com os verbos auxiliares "ter" e "haver", que formam os tempos chamados compostos, da voz ativa, o
particípio é invariável, devendo permanecer na forma do masculino singular.
Exemplo:
1. Havíamos pensado em outra solu??o para aquele problema comum. [Adequado]
2. Elas tinham pensado sobre o assunto, mas acabaram sem op??o. [Adequado]
Com os verbos auxiliares "ser" e "estar", que formam os tempos da voz passiva, o particípio é variável, e deve
concordar com o sujeito da ora??o.
Exemplo:
1. Já foram tomadas as providências necessárias para as elei??es. [Adequado]
2. Todas nós estávamos cercadas pelo fogo. [Adequado]
Uso do Particípio dos Verbos Abundantes
Há verbos - chamados "abundantes" - que possuem mais de uma forma do particípio: a forma regular,
terminada em -ado ou -ido, e a forma reduzida, ou irregular, que n?o obedece à regra geral de forma??o do
particípio. Na maioria dos casos, os verbos auxiliares "ter" e "haver" requerem o uso da forma regular; e os
auxiliares "ser" e "estar", o uso da forma irregular.
Exemplo:
1. Meu irm?o tinha pego o dinheiro, mas o perdeu. [Inadequado]
Meu irm?o tinha pegado o dinheiro, mas o perdeu. [Adequado]
2. O aluno foi pegado colando na prova. [Inadequado]
O aluno foi pego colando na prova. [Adequado]
Uso do Gerúndio
Em língua portuguesa, n?o é recomendado o uso do gerúndio para refor?ar a idéia de progressividade no
futuro. Este uso constitui anglicismo (interferência da língua inglesa) e vem sendo condenado pelos gramáticos
contemporaneos como modismo a ser evitado.
Exemplo:
1. Eu vou estar estudando a matéria para a prova. [Inadequado]
Eu vou estudar a matéria para a prova. [Adequado]
2. Amanh? estaremos indo viajar para Salvador. [Inadequado]
Amanh? viajaremos para Salvador. [Adequado]
Advérbio
Advérbio é a palavra que se emprega como:
1. modificador do adjetivo ou do próprio advérbio;
2. determinante do verbo
Os advérbios s?o palavras heterogêneas, ou seja, podem exercer fun??es as mais diversas na ora??o. Por
isso, a cada fun??o exercida, alia-se um valor significativo. Como modificador, o advérbio expressa uma
propriedade dos seres de modo a acrescentar-lhes um significado diferente, "modificado". Isso acontece em
rela??o ao adjetivo, ao próprio advérbio, ou mesmo a uma ora??o inteira.
Exemplos:
1. Ela estava t?o apressada que esqueceu sua bolsa comigo.
...[apressada: adjetivo]
...[t?o: advérbio = modificador do adjetivo]
2. Todos passam muito bem, obrigado!
...[bem: advérbio]
...[muito: advérbio = modificador do advérbio]
3. Felizmente n?o houve feridos no acidente.
...[n?o houve feridos no acidente: ora??o]
...[felizmente: advérbio = modificador da ora??o]
4. Ninguém manda aqui!
...[mandar: verbo]
...[aqui: advérbio de lugar = determinante do verbo]
Os advérbios que se relacionam ao verbo s?o palavras que expressam circunstancias do processo verbal, por
isso considerá-los um determinante. Cada uma dessas circunstancias indicadas pelos advérbios justifica os
vários tipos de advérbios na nossa língua (circunstancia de lugar, modo, tempo, etc.).
Outra característica dos advérbios se refere a sua organiza??o morfológica. Os advérbios s?o palavras
invariáveis. Isto é, essa classe gramatical n?o apresenta varia??o em gênero e número - tal como os nomes -,
nem de pessoa, modo, tempo, aspecto e voz - tal como os verbos. Alguns advérbios, porém, admitem a
varia??o em grau (ex.: cedo = advérbio de tempo em grau normal; cedíssimo = grau superlativo; cedinho =
diminutivo com valor de grau superlativo do advérbio).
é importante, portanto, conhecer essas outras particularidades do advérbio:
· Adjetivo x advérbio
· O grau dos advérbios e os adjetivos particípios
· A forma??o do grau e os adjetivos e advérbios an?malos
Preposi??o
Preposi??o é a palavra que estabelece uma rela??o entre dois ou mais termos da ora??o. Essa rela??o é do
tipo subordinativa, ou seja, entre os elementos ligados pela preposi??o n?o há sentido dissociado, separado,
individualizado; ao contrário, o sentido da express?o é dependente da uni?o de todos os elementos que a
preposi??o vincula.
Exemplos:
1. Os amigos de Jo?o estranharam o seu modo de vestir.
...[amigos de Jo?o / modo de vestir: elementos ligados por preposi??o]
...[de: preposi??o]
2. Ela esperou com entusiasmo aquele breve passeio.
...[esperou com entusiasmo: elementos ligados por preposi??o]
...[com: preposi??o]
Esse tipo de rela??o é considerada uma conex?o, em que os conectivos cumprem a fun??o de ligar elementos.
A preposi??o é um desses conectivos e se presta a ligar palavras entre si num processo de subordina??o
denominado regência.
Diz-se regência devido ao fato de que, na rela??o estabelecida pelas preposi??es, o primeiro elemento –
chamado antecedente - é o termo que rege, que imp?e um regime; o segundo elemento, por sua vez –
chamado conseqüente – é o temo regido, aquele que cumpre o regime estabelecido pelo antecedente.
Exemplos:
1. A hora das refei??es é sagrada.
...[hora das refei??es: elementos ligados por preposi??o]
...[de + as = das: preposi??o]
...[hora: termo antecedente = rege a constru??o "das refei??es"]
...[refei??es: termo conseqüente = é regido pela constru??o "hora da"]
2. Alguém passou por aqui.
...[passou por aqui: elementos ligados por preposi??o]
...[por: preposi??o]
...[passou: termo antecedente = rege a constru??o "por aqui"]
...[aqui: termo conseqüente = é regido pela constru??o "passou por"]
As preposi??es s?o palavras invariáveis, pois n?o sofrem flex?o de gênero, número ou varia??o em grau como
os nomes, nem de pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto em diversas
situa??es as preposi??es se combinam a outras palavras da língua (fen?meno da contra??o) e, assim,
estabelecem uma rela??o de concordancia em gênero e número com essas palavras às quais se liga. Mesmo
assim, n?o se trata de uma varia??o própria da preposi??o, mas sim da palavra com a qual ela se funde (ex.:
de + o = do; por + a = pela; em + um = num, etc.).
é importante conhecer essas outras particularidades da preposi??o:
· Uso da preposicao
· A crase e as preposi??es
· Uso das locu??es prepositivas
· A regência e o uso de preposi??es
Uso da Preposi??o
Algumas particularidades no uso das preposi??es:
1. O sujeito das ora??es reduzidas de infinitivo n?o deve vir contraído com uma preposi??o.
Exemplo:
1. A maneira dele estudar n?o é correta. [Inadequado]
A maneira de ele estudar n?o é correta. [Adequado]
A maneira de nós estudarmos n?o é correta. [Adequado]
2. A preposi??o "a" n?o deve ser utilizada após a preposi??o "perante".
Exemplo:
1. Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante a todos. [Inadequado]
Quando o resultado das provas foi divulgado, ela chorou perante todos. [Adequado]
3. Do mesmo modo, n?o podemos utilizar a preposi??o "a" depois da preposi??o "após".
Exemplos:
1. Todos nos reunimos após à reuni?o. [Inadequado]
Todos nos reunimos após a reuni?o. [Adequado]
2. O retorno dos alunos após ao intervalo é sempre tumultuado. [Inadequado]
O retorno dos alunos após o intervalo é sempre tumultuado. [Adequado]
4. A preposi??o "desde" n?o admite em sua seqüência a preposi??o "de".
Exemplo:
1. Estamos esperando aqui desde das 12 h. [Inadequado]
Estamos esperando aqui desde as 12 h. [Adequado]
5. Em vez de utilizar a preposi??o "após" antes de verbos no particípio, prefira a locu??o "depois de".
Exemplo:
1. O aluno partiu após difundida a notícia. [Inadequado]
O aluno partiu depois de difundida a notícia. [Adequado]
Omiss?o das preposi??es
Antes de alguns advérbios de tempo, modo e lugar, a preposi??o pode ou n?o ser omitida.
Exemplos:
1. Chegar?o domingo. [Adequado]
Chegar?o no domingo. [Adequado]
2. O filho, cabe?a baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]
O filho, de cabe?a baixa, ouvia a reprimenda. [Adequado]
Conjun??o
Conjun??o é a palavra que estabelece uma rela??o:
· entre dois ou mais termos semelhantes da ora??o ou entre ora??es de mesma fun??o gramatical.
· entre duas ora??es.
No primeiro caso, trata-se de uma rela??o de coordena??o, em que os elementos ligados pela conjun??o podem
ser isolados um do outro. Esse isolamento, no entanto, n?o acarreta perda da unidade de sentido que cada um
dos elementos possui. Já no segundo caso a rela??o é de subordina??o, em que cada um dos elementos ligados
pela conjun??o depende da existência do outro.
Exemplos:
1. As crian?as iam e vinham, demonstrando completo entusiasmo pela brincadeira.
...[iam/vinham: termos semelhantes da ora??o = verbo]
...[e: conjun??o]
...[rela??o de coordena??o]
2. As propostas pareciam um absurdo1, mas eu concordava inteiramente com elas2.
...[segmentos 1 e 2: ora??es independentes]
...[mas: conjun??o]
...[rela??o de coordena??o]
3. As preocupa??es só terminariam1 quando Armando chegasse2.
...[segmentos 1 e 2: ora??es dependentes]
...[quando: conjun??o]
...[rela??o de subordina??o]
Esse tipo de rela??o é considerada uma conex?o, em que os conectivos cumprem a fun??o de ligar elementos.
A conjun??o é um desses conectivos e se presta a ligar palavras ou ora??es entre si a fim de concatenar idéias
e formar, com elas, um texto coeso. O encadeamento de idéias num texto (fen?meno da coes?o) se deve em
grande medida ao bom uso das conjun??es, já que elas estabelecem os elos necessários entre palavras
formando a ora??o, ou entre as ora??es formando o período.
Do ponto de vista morfológico, as conjun??es s?o palavras invariáveis, pois n?o sofrem flex?o de gênero,
número ou grau como os nomes, nem de pessoa, número, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos.
é importante conhecer, ainda, outras particularidades da conjun??o:
· A crase e a conjun??o "caso"
· Uso das locu??es conjuncionais
Interjei??o
Interjei??o é a palavra que expressa emo??es, sentimentos ou pensamentos súbitos.
Trata-se de um recurso da linguagem afetiva, em que n?o há uma idéia organizada de maneira lógica, como
s?o as senten?as da língua, mas sim a manifesta??o de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma
situa??o particular, um momento ou um contexto específico.
Exemplos:
1. Ah, como eu queria voltar a ser crian?a!
...[ah: express?o de um estado emotivo = interjei??o]
2. Hum! Esse cuscuz estava maravilhoso!
...[hum: express?o de um pensamento súbito = interjei??o]
As senten?as da língua costumam se organizar de forma lógica: há uma sintaxe que estrutura seus elementos e
os distribui em posi??es adequadas a cada um deles. As interjei??es, por outro lado, s?o uma espécie de
palavra-frase, ou seja, há uma idéia expressa por uma palavra (ou um conjunto de palavras - locu??o
interjetiva) que poderia ser colocada em termos de uma senten?a. Observe:
1. Bravo! Bravo! Bis!
...[bravo e bis: interjei??o]
...[senten?a [sugest?o]: "Foi muito bom! Repitam!"]
2. Ai! Ai! Ai! Machuquei meu pé...
...[ai: interjei??o]
...[senten?a [sugest?o]: "Isso está doendo!" ou "Estou com dor!"]
O significado das interjei??es está vinculado à maneira como elas s?o proferidas. Desse modo, o tom da fala é
que dita o sentido que a express?o vai adquirir em cada contexto de enuncia??o. Exemplos:
1. Psiu!
...[contexto: alguém pronunciando essa express?o na rua]
...[significado da interjei??o [sugest?o]: "Estou te chamando! Ei, espere!"]
2. Psiu!
...[contexto: alguém pronunciando essa express?o em um hospital]
...[significado da interjei??o [sugest?o]: "Por favor, fa?a silêncio!"]
3. Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
...[puxa: interjei??o]
...[tom da fala: euforia]
4. Puxa! Hoje n?o foi meu dia de sorte!
...[puxa: interjei??o]
...[tom da fala: decep??o]
As interjei??es s?o palavras invariáveis, isto é, n?o sofrem varia??o em gênero, número e grau como os
nomes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz como os verbos. No entanto, em uso específico,
algumas interjei??es sofrem varia??o em grau. Deve-se ter claro, neste caso, que n?o se trata de um processo
natural dessa classe de palavra, mas t?o só uma varia??o que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizinho,
bravíssimo, até loguinho.
Identificando particularidades
Sobre adjetivos:
· Adjetivo x Advérbio
· Uso dos Adjetivo diante de Particípio
· A forma??o do grau e os adjetivos e advérbios an?malos
Sobre advérbios
· Adjetivo x Advérbio
· A forma??o do grau e os adjetivos e advérbios an?malos
· Locu??o prepositiva x Locu??o adverbial
Sobre determinantes
· Os determinantes e o núcleo composto
· Determinante antes do núcleo composto
· Determinantes depois do núcleo composto
Sobre preposi??es:
· Locu??o prepositiva x Locu??o adverbial
Sobre pronomes:
· Uso dos Pronomes
· Uso de Onde como Pronome Relativo
Sobre substantivos:
· Substantivo de gênero vascilante
Sobre verbos:
· Modo subjuntivo
· Verbos com pronome "se"
Adjetivo x Advérbio
Embora os adjetivos e advérbios constituam classes gramaticais bastante distintas, freqüentemente se verifica
certa confus?o na constru??o e emprego de algumas palavras que se alternam na fun??o de adjetivo e
advérbio. Trata-se do problema da flex?o dessas classes gramaticais: o adjetivo varia em gênero e número e o
advérbio é invariável.
A seguir indicamos a flex?o e o emprego adequados de algumas palavras da Língua Portuguesa que se
apresentam ora como advérbios ora como adjetivos:
I. Bastantes/bastante
Exemplos:
1. Os aniversariantes encomendaram bastantes salgadinhos para a festa. [Adjetivo]
2. Os salgadinhos estavam bastante frios. [Advérbio]
Uma regra prática para empregar corretamente as palavras bastante/bastantes é tentar substituir esses termos
pela palavra muito. Se a palavra muito flexionar em gênero e número, emprega-se bastantes, se a palavra
muito n?o flexionar, emprega-se a palavra bastante.
II. Longes/longe
Exemplos:
1. Eles planejavam a conquista de terras longes e objetos antigos. [Adjetivo]
2. Eles foram longe em busca de objetos antigos. [Advérbio]
III. Sós/só
Exemplo:
1. Meus irm?os estavam sós naquela cidade desconhecida. [Adjetivo]
2. Eles só deixaram meus irm?os saírem apresentando passaporte. [Advérbio]
Uma regra prática para empregar corretamente as palavras sós/só é tentar substituir esses termos pelas
palavras sozinho e apenas, respectivamente. Onde couber a palavra sozinho, emprega-se só flexionado; onde
couber a palavra apenas, emprega-se só (sem flex?o = advérbio).
IV. Meio/meia
Exemplos:
1. Nós pedimos apenas meia garrafa de vinho. [Adjetivo]
2. Ela parecia meio brava hoje. [Advérbio]
V. Alerta
Exemplo:
1. Os pais estavam alerta para a situa??o do filho doente. [Advérbio]
Observe que a palavra alerta só possui uma forma n?o flexionada. Isso se dá porque a palavra alerta é sempre
advérbio.
Uso dos Adjetivos diante de Particípio
N?o devemos utilizar os adjetivos em suas formas comparativa e superlativa sintética ("melhor", por
exemplo) diante de verbos no particípio. Os gramáticos recomendam que, nestes casos, o uso dos adjetivos nas
formas comparativa e superlativa analítica (“mais bem”, por exemplo).
Exemplo:
1. A professora é melhor informada do que imaginei. [Inadequado]
A professora é mais bem informada do que imaginei. [Adequado]
A forma??o do grau e os adjetivos e advérbios an?malos
Uma das propriedades dos advérbios é a forma??o do grau a partir de um processo de deriva??o que consiste
no acréscimo de sufixos ao radical da palavra (advérbio) ou, ainda, no acréscimo de um advérbio de
intensidade (mais, t?o... como, menos). Em geral, est?o sujeitos a esse tipo de comportamento os advérbios
de modo, expressando, assim, uma intensidade maior ou menor em rela??o a outro(s) ser(es) (grau
comparativo) ou uma intensidade maior ou menor em rela??o à totalidade dos seres (grau superlativo).
Cada um dos graus possui as formas absoluta – quando n?o existe outro elemento em referência - e relativa
– quando se estabelece uma compara??o entre os seres. Por sua vez, cada uma das formas indicativas dos
graus pode ser representada sob as formas sintética – quando o grau é expressado através de sufixos -, e
analítica – quando ao adjetivo/advérbio é acrescentada uma palavra intensificadora.
Em geral, todos os adjetivos e advérbios se apresentam, na forma comparativa relativa, através da estrutura:
· mais + ADJETIVO/ADVéRBIO + (do) que (comparativo de superioridade);
· t?o + ADJETIVO/ADVéRBIO + como (ou quanto) (comparativo de igualdade);
· menos + ADJETIVO/ADVéRBIO + (do) que (comparativo de inferioridade).
Já os adjetivos e advérbios que se apresentam na forma superlativa relativa, o fazem segundo a seguinte
estrutura:
· mais + ADJETIVO/ADVéRBIO + de (superlativo de superioridade);
· menos + ADJETIVO/ADVéRBIO + de (superlativo de inferioridade).
Alguns adjetivos e advérbios, porém, possuem formas especiais quando apresentados nas formas dos graus
comparativo sintético e superlativo sintético. S?o eles: bom/bem, mau/mal, grande e pequeno, para cuja
apresenta??o, assumem as seguintes formas:
ADJETIVO ADVéRBIO COMPARATIVO/SUPERLATIVO SINTéTICO
bom bem melhor
mau mal pior
grande maior
pequeno menor
Essas formas especiais do comparativo e superlativo sintético s?o obrigatórias, especialmente porque é
assumido em uma única palavra a idéia de intensidade do adjetivo e advérbio:
Exemplos:
Adjetivo
1. Ele é mais bom como vendedor do que como dentista. [Inadequado]
Ele é melhor como vendedor do que como dentista. Adequado]
Advérbio
1. é mais bem andar do que correr. [Inadequado]
é melhor andar do que correr. [Adequado]
Em geral, esses advérbios na forma sintética aparecem intensificados pelo acréscimo de outro advérbio de
intensidade (muito, bem, bastante e etc.).
Exemplos:
1. Eu considerei bem melhor viajar à noite do que durante o dia.
2. Foi muito pior viajar durante o dia!
Locu??o prepositiva x Locu??o adverbial
N?o raro, confunde-se locu??o prepositiva e locu??o adverbial, devido à utiliza??o de palavras idênticas na
forma??o da express?o.
Uma locu??o prepositiva exerce a fun??o de preposi??o, ao passo que uma locu??o adverbial exerce a fun??o
de advérbio.
Uma regra prática para determinar essa distin??o em nível formal é procurar pelo último elemento da
locu??o. Se o último termo for uma preposi??o, trata-se de uma locu??o prepositiva; se esse último termo for
um advérbio, estamos diante de uma locu??o adverbial.
Exemplos:
1. Ele disse que entraria em contato dentro de poucos minutos. [locu??o prepositiva]
...[dentro: advérbio]
...[de: preposi??o]
2. O aspecto da casa era outro por dentro. [locu??o adverbial]
...[por: preposi??o]
...[dentro: advérbio]
Os determinantes e o núcleo composto
Os termos determinantes da ora??o (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome,
em geral, um substantivo.
Em cada express?o em que ocorra a uni?o entre o determinante e o substantivo, é obrigatória a concordancia
em gênero e número entre eles. Dessa forma, se a express?o contém mais de um elemento (núcleo
composto) é importante verificar a concordancia.
Há duas maneiras de se realizar a concordancia entre um núcleo composto e os determinantes: concordancia
com o substantivo mais próximo, e concordancia com o gênero e número comum. Para isso é preciso
observar a posi??o ocupada pelo determinante, ou seja,
· determinante antes do núcleo composto
· determinante depois do núcleo composto
Determinante antes do núcleo composto
A posi??o dos determinantes é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem
assumir na ora??o. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a
concordancia entre os dois elementos é obrigatória.
A concordancia se dará de acordo com o gênero e o número do substantivo mais próximo se:
· determinante estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento)
· determinante estiver antes do núcleo composto
Exemplos:
1. Algum atletas e treinadores se retiraram da competi??o. [Inadequado]
Alguns atletas e treinadores se retiraram da competi??o. [Adequado]
2. Fantásticos fogueira e bal?es ser?o premiados na festa. [Inadequado]
Fantástica fogueira e bal?es ser?o premiados na festa. [Adequado]
Dentre os determinantes, o artigo é a única classe gramatical que ocupa sempre posi??o anterior ao
substantivo (ex: a casa ao invés de casa a; um sofá ao invés de sofá um). Entre o artigo e o substantivo podese
incluir outras palavras, em geral um adjetivo. Mesmo distante, a concordancia entre o artigo e o substantivo
deve ser realizada.
é aconselhável, ainda, a repeti??o do determinante para cada um dos elementos do núcleo composto quando
eles forem de gênero ou número diferentes (ex.: um caderno e umas canetas ao invés de uns caderno e
canetas).
Determinante depois do núcleo composto
A posi??o dos determinantes é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles devem
assumir na ora??o. Como os determinantes sempre acompanham um nome, em geral um substantivo, a
concordancia entre os dois elementos é obrigatória.
Se o determinante estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) e vier depois desse núcleo, há
duas maneiras de se realizar a concordancia:
1. Com o substantivo mais próximo:
Exemplos:
1. As esperan?as e o carinho minhas ser?o dedicadas aos pobres. [Inadequado]
As esperan?as e o carinho meu ser?o dedicadas aos pobres. [Adequado]
2. Os p?steres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]
Os p?steres e a revista masculina foram vendidos. [Adequado]
2. Com o gênero e número comum:
Exemplos:
1. As esperan?as e o carinho minhas ser?o dedicadas aos pobres. [Inadequado]
As esperan?as e o carinho meus ser?o dedicadas aos pobres. [Adequado]
2. Os p?steres e a revista masculinas foram vendidos. [Inadequado]
Os p?steres e a revista masculinos foram vendidos. [Adequado]
Observe, portanto, que quando a concordancia se dá pelo gênero e número comum, o número será sempre
plural. O gênero, por sua vez, vai ser determinado pelos substantivos que comp?em o núcleo. O determinante
só será feminino plural se os substantivos do núcleo composto também forem femininos; do contrário, o
gênero do determinante ligado a um núcleo composto será masculino (ex.: fábrica e escritório fechados; luz e
lanterna acesas).
é aconselhável a repeti??o do determinante para cada um dos elementos do núcleo composto quando eles
forem de gênero ou número diferentes (ex.: o velho perdido e as crian?as [também] perdidas ao invés de o
velho e as crian?as perdidos).
Uso dos Pronomes
Os pronomes pessoais do caso reto "eu" e "tu" n?o podem exercer a fun??o de complemento das preposi??es
do português. Neste caso, devem ser usadas as formas pessoais oblíquas t?nicas "mim" e "ti".
Exemplo:
1. Entre eu e ti existe apenas amizade. [Inadequado]
Entre mim e ti existe apenas amizade. [Adequado]
O pronome pessoal "eu" n?o deve ser empregado depois da preposi??o "para", exceto quando seguido de verbo
no infinitivo, ou seja, quando sujeito da ora??o subordinada adverbial final.
Exemplo:
1. Disseram para mim escrever uma carta. [Inadequado]
Disseram para eu escrever uma carta. [Adequado]
O pronome pessoal do caso reto n?o pode funcionar como sujeito da ora??o subordinada substantiva reduzida
de infinitivo. Neste caso, s?o usados os pronomes átonos do caso oblíquo ("me", "te", "o", etc.).
Exemplo:
1. Deixa eu sair. [Inadequado]
Deixa-me sair. [Adequado]
Os pronomes reflexivos e os pronomes recíprocos devem concordar com a pessoa a que se referem.
Exemplos:
1. Ele vestiu-se rapidamente, pois estava atrasado.
2. Eu me feri com uma faca.
3. Carlos e eu nos abra?amos.
4. José e Ant?nio n?o se cumprimentam.
O pronome indefinido "ambos" já contém a idéia de "dois", sendo dispensável o numeral.
Exemplo:
1. Ambos os dois partiram ontem. [Inadequado]
Ambos partiram ontem. [Adequado]
O pronome indefinido "cada" repele a forma "um", por isso, utilize apenas os numerais correspondentes a mais
de uma unidade:
Exemplo:
1. O relógio soava a cada uma hora. [Inadequado]
O relógio soava a cada hora. [Adequado]
O relógio soava a cada duas horas. [Adequado]
O pronome indefinido "cada" n?o pode ser utilizado como determinante de formas do plural, a menos que
venha modificando o numeral.
Exemplo:
1. A cada férias tudo se repetia. [Inadequado]
Em todas as férias, tudo se repetia. [Adequado]
A cada duas férias tudo se repetia. [Adequado]
Uso de Onde como Pronome Relativo
A palavra onde, como pronome relativo, somente pode ser utilizada para substituir um substantivo que
exprima a idéia de lugar. Para a substitui??o de outros substantivos, utilize as formas "em que", "na qual" ou
"no qual" em vez de "onde".
Exemplos:
1. Na rua onde ele mora n?o há muito movimento. [Adequado]
2. Na ora??o onde o fiel pedia perd?o a Deus n?o havia sinceridade. [Inadequado]
Na ora??o em que o fiel pedia perd?o a Deus n?o havia sinceridade. [Adequado]
Substantivo de gênero vascilante
Na língua portuguesa, alguns substantivos s?o palavras variáveis. Eles podem variar em gênero (masculino ou
feminino) e número (singular ou plural).
Alguns substantivos, porém, têm gênero fixo. Nesse caso, eles s?o reconhecidos somente por esse gênero que
está fixado, isto é, n?o há formas especiais para a apresenta??o do gênero oposto. Por conseqüência, os
determinantes que se relacionam com esse substantivo devem respeitar o gênero do substantivo. A fixa??o de
um gênero e n?o outro para esse substantivo é apenas um capricho da língua, mas torna-se problema de
linguagem o emprego inadequado de suas formas.
Exemplos:
1. Vamos pedir uma champanhe para comemorar a vitória? [Inadequado]
Vamos pedir um champanhe para comemorar a vitória? [Adequado]
2. Elas participavam de uma cl? muito fechada. [Inadequado]
Elas participavam de um cl? muito fechado. [Adequado]
A seguir, os substantivos de gênero fixo mais freqüentemente utilizados na nossa língua e os seus gêneros:
MASCULINO FEMININO
o agravante a usucapi?o
o soprano a sentinela
o diabete(s) a omoplata
Modo subjuntivo
Subjuntivo é o modo verbal que expressa uma a??o incerta, inacabada, uma a??o que está para se realizar
e, ainda, um fato imaginado. Nesse sentido, o subjuntivo op?e-se completamente ao indicativo que é o modo
da certeza, do fato real.
Outra característica desse modo verbal advém da sua extrema dependência com outro verbo. Assim, o modo
subjuntivo está sempre presente nos verbos de ora??es subordinadas.
A utiliza??o do modo subjuntivo está ligada ao sentido que se pretende dar à a??o verbal. Em geral,
verificamos a sua presen?a em verbos que exprimem:
· dúvida (ex.: Talvez você possa me esclarecer isso.)
· hipótese/condi??o (ex.: Se todos chegassem mais cedo, faríamos a reuni?o)
· ordem/pedido (ex.: Pediria a todos que se dirigissem à recep??o.)
· desejo (ex.: Espero que confiem na minha palavra.)
é importante que se conhe?am as conjuga??es dos verbos no modo subjuntivo, pois o emprego adequado
dessas formas implica a constru??o correta da concordancia verbal. Além disso, outras particularidades desse
modo verbal podem ser verificadas:
· O subjuntivo e as ora??es subordinadas
· O subjuntivo e os verbos modais
Verbos com pronome "se"
Certos verbos da Língua Portuguesa expressam, na sua forma infinitiva, a idéia de a??o reflexiva. Para indicar
que o objeto da a??o é a mesma pessoa que o sujeito que a pratica, é obrigatória a concordancia em
pessoa entre o pronome reflexivo e a pessoa à qual se refere.
O pronome "se" torna-se, portanto, parte integrante dos verbos reflexivos. S?o esses os verbos indicativos de
sentimentos ou mudan?a de estado, tais como preocupar-se, queixar-se, indignar-se, admirar-se, comportarse,
congelar-se, derreter-se e etc.
Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma forma especial para cada pessoa verbal, com
exce??o da terceira pessoa, que possui uma única forma tanto para o singular quanto para o plural: se, si e
consigo.
Exemplos:
1. Nós se atrevemos a ler seus manuscritos. [Inadequado]
Nós nos atrevemos a ler seus manuscritos. [Adequado]
2. Eu teimava em suicidar-se em tempo breve. [Inadequado]
Eu teimava em suicidar-me em tempo breve. [Adequado]
Análise sintática: defini??o
Análise sintática é uma técnica empregada no estudo da estrutura sintática de uma língua. Ela é útil quando
se pretende:
1. descrever as estruturas sintáticas possíveis ou aceitáveis da língua; ou
2. decompor o texto em unidades sintáticas a fim de compreender a maneira pela qual os elementos
sintáticos s?o organizados na senten?a.
A compreens?o dos vários mecanismos inerentes em uma língua é facilitada pelo procedimento analítico,
através do qual buscam-se nas unidades menores (por exemplo, a senten?a) as raz?es para certos fen?menos
detectados nas unidades maiores (por exemplo, o texto). Dessa forma, a Gramática Normativa (aquela que
prescreve as normas da língua culta) sempre se ocupou em decompor algumas unidades estruturais da língua
para tornar didática a compreens?o de certos fen?menos. No ambito da fonologia, tem-se a análise
fonológica, em que a estrutura sonora das palavras é decomposta em unidades mínimas do som (os fonemas);
em morfologia, tem-se a análise morfológica, da qual se depreendem das palavras as suas unidades mínimas
dotadas de significado (os morfemas).
A análise sintática ocupa um lugar de destaque em muitas gramáticas da língua portuguesa, porque grande
parte das normas do bem dizer e do bem escrever recaem sobre a estrutura sintática, isto é, sobre a
organiza??o das palavras na senten?a. Para compreender o uso dos pronomes relativos, a coloca??o
pronominal, as várias rela??es de concordancia, por exemplo, é importante, antes, promover uma análise
adequada da sintaxe apresentada pela senten?a em quest?o. Nenhuma regra de conduta da língua culta tem
sentido sem uma análise sintática da senten?a que se estuda. Por isso, antes que se aplique qualquer norma
gramatical é preciso compreender de que forma os elementos sintáticos est?o dispostos naquela senten?a
especial. Isso se dá porque os elementos sintáticos também n?o s?o fixos na língua. Por exemplo: uma
palavra pode funcionar como sujeito em uma senten?a e, em outra, funcionar como agente da passiva.
Somente a análise sintática poderá determinar esse comportamento específico das palavras no contexto da
senten?a.
Sendo a análise sintática uma aplica??o estritamente voltada para a senten?a, parte-se dessa unidade maior
para alcan?ar os seus constituintes - os sintagmas – que, por sua vez, s?o rotulados através das categorias
sintáticas. Como se vê, é um exercício de decomposi??o da senten?a. Vejamos um exemplo de análise
sintática:
1. Teu pai quer que você estuda antes de brincar.
...[há três ora??es]
...[1a ora??o: teu pai quer = ora??o principal]
...[na 1a ora??o: sintagma nominal = teu pai; sintagma verbal = quer]
...[sintagma verbal da 1a ora??o: formado por um verbo modal]
...[2a ora??o: que você estuda = ora??o subordinada objetiva direta]
...[na 2a ora??o: sintagma nominal = você; sintagma verbal = estuda]
...[2a ora??o: introduzida pelo pronome relativo que]
...[3a ora??o: antes de brincar = ora??o subordinada adverbial reduzida de infinitivo]
...[sintagma adverbial: locu??o adverbial de tempo: antes de]
...[sintagma verbal: brincar]
Através da análise que desenvolvemos pudemos depreender as várias unidades menores do período, isto é, as
três ora??es (ou senten?as), e, além disso, identificamos as fun??es dos elementos sintáticos presentes em
cada ora??o (tipo de verbo, qualidade do pronome, tipos de sintagmas, tipo de advérbio). A partir desses
resultados é possível verificar um problema de concordancia verbal existente na segunda ora??o. Trata-se da
norma gramatical que nos informa o seguinte: "se houver uma ora??o subordinada objetiva direta introduzida
pelo pronome que e, se essa ora??o complementa um verbo modal, ent?o o verbo dessa ora??o subordinada
deve estar no modo subjuntivo". Pela análise sintática vemos que esse é o caso do nosso período. Assim,
conseguimos compreender a necessidade de altera??o da forma verbal, derivando a senten?a abaixo.
1. Teu pai quer que você estude antes de brincar.
Para promovermos essa análise, enfim, foi exigido que conhecêssemos alguns elementos fundamentais da
sintaxe:
o período
a frase
a ora??o
os termos das ora??es
A análise sintática, assim como as outras referentes à língua, é um exercício muito próximo da matemática,
pois envolve um raciocínio lógico do tipo: "se você encontrar tal elemento, ent?o admita que esse elemento é
um objeto tal". Promover esse tipo de raciocínio no estudo das senten?as é desenvolver uma análise formal,
porque as categorias sintáticas s?o formas que n?o dependem do conteúdo que expressam. Em outros níveis
de análise - a análise semantica, a análise discursiva e análise estilística - esse tipo de raciocínio lógico é
bastante complicado, porque envolve elementos cuja representa??o e estrutura n?o s?o fixas. Em todo caso,
grande parte das corre??es gramaticais se aplica ao nível de adequa??o sintática do texto, por isso a chamada
revis?o gramatical.
Frase
Frase é a menor unidade da comunica??o lingüística. Tem como características básicas:
1. a apresenta??o de um sentido ou significado completo
2. ser acompanhada por uma entona??o
Durante o uso cotidiano da língua, os falantes costumam produzir seus textos articulando enunciados. Esses
enunciados, quando transmitem uma idéia acabada, isto é, um sentido comunicativo completo, se
constituem na chamada frase. N?o há um padr?o definido de frase; contudo, podemos identificá-la em três
tipos distintos de constru??o:
a. quando se comp?e de apenas uma palavra.
Exemplos:
1. Perigo!
2. Coragem!
b. quando se comp?e de mais de uma palavra, dentre as quais n?o se verifica a presen?a de
verbo.
Exemplos:
1. Que tempestade!
2. Quanta ingenuidade!
c. quando se comp?e de mais de uma palavra, dentre as quais, um verbo ou locu??o verbal.
Exemplos:
1. Infelizmente, precisamos seguir viagem! [presen?a de verbo]
2. A concorrência deve determinar a redu??o dos nossos pre?os. [presen?a de locu??o verbal]
A identifica??o de uma frase na situa??o de comunica??o também se deve ao fato de que ela é um produto da
entona??o, ou seja, da melodia produzida na língua oral. Dessa forma, quando um falante constrói uma frase,
ela só se realiza se houver marcas melódicas de início e fim do enunciado. Em geral, na fala essas pausas s?o
expressadas através do silêncio; já no registro escrito as marcas de início s?o as iniciais maiúsculas das
palavras e as marcas finais, os sinais de pontua??o.
Exemplos:
1. Jonas!
2. Que vexame!
3. Acordei hoje com fortes dores de cabe?a.
Observe-se que nos exemplos (1) e (2) os segmentos n?o apresentam verbos. No entanto, dada a entona??o
frasal, podemos extrair dessas constru??es um sentido comunicativo completo. O contexto da comunica??o e a
melodia empregada pelos falantes na produ??o do exemplo (1) s?o fundamentais para distingui-lo de uma
simples palavra sem fun??o comunicativa. Basta imaginarmos para isso um contexto em que alguém está
chamando por uma pessoa cujo nome é "Jonas". Nesse caso, a frase (1) poderia expressar alguma coisa como
"Ei, Jonas, estou lhe chamando."
Ora??o
Ora??o é um segmento lingüístico caracterizado basicamente:
1. pela presen?a obrigatória do verbo (ou locu??o verbal), e
2. pela propriedade de se tornar, ela mesma, um objeto de análise sintática
A maioria dos gramáticos da língua portuguesa costuma atribuir à ora??o uma qualidade discursiva bastante
particular que é a de expressar um conteúdo informativo na forma de uma constru??o dotada de verbo.
Independentemente de essa constru??o expressar um sentido acabado no discurso oral ou escrito, o verbo
torna-se fundamental para caracterizar a ora??o; por isso, a determina??o de que o verbo é o núcleo de uma
ora??o. Vejamos alguns exemplos:
1. Gabriel toca sanfona maravilhosamente.
...[toca: verbo]
...[enunciado em forma de ora??o com sentido acabado]
2. portanto, traz felicidade.
...[traz: verbo]
...[enunciado em forma de ora??o sem sentido acabado]
Nesses dois exemplos observamos ora a express?o de um conteúdo comunicativo completo ora a ausência
desse enunciado significativo. No entanto, em nenhum dos casos podemos notar a falta do verbo.
As ora??es s?o, além disso, constru??es que, por contarem com um esquema discursivo definido, podem ser
analisadas sintaticamente. Isto é, existindo ora??o pressup?e-se também a existência de uma organiza??o
interna entre os seus elementos constituintes – os termos da ora??o – que se reúnem em torno do verbo. A
esse tipo de exercício chamamos análise sintática, da qual a gramática da língua costuma abstrair as diversas
classifica??es das ora??es.
é importante, portanto, conhecer outras particularidades das ora??es:
termos da ora??o
Para os fins de análise ou, mais modernamente, no uso comum dos termos, costuma-se empregar
equivocadamente a palavra senten?a em lugar de ora??o e também de frase. Trata-se de uma tradu??o
imperfeita da no??o inglesa de período: no inglês o termo phrase refere-se em português a sintagma ; o termo
clause, a "ora??o", e sentence, a "período".
Período
Período é a unidade lingüística composta por uma ou mais ora??es. Tem como características básicas:
1. a apresenta??o de um sentido ou significado completo
2. encerrar-se por meio de certos símbolos de pontua??o.
Uma das propriedades da língua é expressar enunciados articulados. Essa articula??o é evidenciada
internamente pela verifica??o de uma qualidade comunicativa das informa??es contidas no período. Isto é, um
período é bem articulado quando revela informa??es de sentido completo, uma idéia acabada. Esse atributo
pode ser exibido em termos de um período constituído por uma única ora??o - período simples – ou
constituído por mais de uma ora??o – período composto.
Exemplos:
1. Sabrina tinha medo do brinquedo.
...[período simples]
2. Sabrina tinha medo do brinquedo, apesar de levá-lo consigo todo o tempo.
...[período composto]
N?o há uma forma definida para a constitui??o de períodos, pois se trata de uma liberdade do falante de
elaborar seu discurso da maneira como quiser ou como julgar ser compreendido na situa??o discursiva. Porém
a língua falada, mais freqüentemente, organiza-se em períodos simples, ao passo que a língua escrita costuma
apresentar maior elabora??o sintática, o que faz notarmos a presen?a maior de períodos compostos. Um dos
aspectos mais notáveis dessa complexidade sintática nos períodos compostos é o uso dos vários recursos de
coes?o. Isso pode ser visualizado no exercício de transforma??o de alguns períodos simples em período
composto fazendo uso dos chamados conectivos (elementos lingüísticos que marcam a coes?o textual).
Exemplo:
1. Eu tenho um gatinho muito pregui?oso. Todo dia ele procura a minha cama para dormir. Minha m?e
n?o gosta do meu gatinho. Ent?o, eu o escondo para a minha m?e n?o ver que ele está dormindo
comigo.
2. Eu tenho um gatinho muito pregui?oso, que todo dia procura a minha cama para dormir. Como a
minha m?e n?o gosta dele, eu o escondo e, assim, ela n?o vê que o gatinho está dormindo comigo.
Notem que no exemplo (1) temos um parágrafo formado por quatro períodos. Já no exemplo (2) o parágrafo
está organizado em apenas dois períodos. Isso é possível articulando as informa??es por meio de alguns
conectivos (que, como, assim) e eliminando os elementos redundantes (o gatinho, minha m?e = ele, ela).
Finalmente, os períodos s?o definidos materialmente no registro escrito por meio de uma marca da
pontua??o, das quais se excluem a vírgula e o ponto-e-vírgula. O recurso da pontua??o é uma forma de
reproduzir na escrita uma longa pausa percebida na língua falada.
Termos da ora??o: tipos
Os termos da ora??o da língua portuguesa s?o classificados em três grandes níveis:
Termos essencias da ora??o:
· sujeito
· predicado
Termos integrantes da ora??o:
· complemento nominal
· complementos verbais:
o objeto direto
o objeto indireto
o predicativo do objeto
o agente da passiva
Termos acessórios da ora??o:
· adjunto adnominal
· adjunto adverbial
· aposto
· vocativo
Sujeito
Sujeito é um dos temos essenciais da ora??o. Tem por características básicas:
estabelecer concordancia com o núcleo do sintagma verbal
apresentar-se como elemento determinante em rela??o ao predicado
constituir-se de um substantivo, ou pronome substantivo ou, ainda, qualquer palavra substantivada
O sujeito só é considerado no ambito da análise sintática, isto é, somente na organiza??o da senten?a é que
uma palavra (ou um conjunto de palavras) pode constituir aquilo que chamamos sujeito. Nesse sentido, é
equivocado dizer que o sujeito é aquele que pratica uma a??o ou é aquele (ou aquilo) do qual se diz alguma
coisa. Ao fazer tal afirma??o estamos considerando o aspecto semantico do sujeito (agente de uma a??o) ou o
seu aspecto estilístico (o tópico da senten?a). Já que o sujeito é depreendido de uma análise sintática, vamos
restringir a defini??o apenas ao seu papel sintático na senten?a: aquele que estabelece concordancia com o
núcleo do predicado. Quando se trata de predicado verbal, o núcleo é sempre um verbo; sendo um predicado
nominal, o núcleo é sempre um nome.
Exemplos:
1. A padaria está fechada hoje.
...[está fechada hoje: predicado nominal]
...[fechada: nome adjetivo = núcleo do predicado]
...[fechada: nome feminino singular]
...[a padaria: sujeito]
...[núcleo do sujeito: nome feminino singular]
2. Nós mentimos sobre nossa idade para você.
...[mentimos sobre nossa idade para você: predicado verbal]
...[mentimos: verbo = núcleo do predicado]
...[mentimos: primeira pessoa do plural]
...[nós: sujeito]
...[sujeito: primeira pessoa do plural]
A rela??o de concordancia é, por excelência, uma rela??o de dependência, na qual dois (ou mais) elementos se
harmonizam. Um desses elementos é chamado determinado (ou principal) e o outro, determinante
(subordinado). No interior de uma senten?a, o sujeito é o termo determinante, ao passo que o predicado é o
termo determinado. Essa posi??o de determinante do sujeito em rela??o ao predicado adquire sentido com o
fato de ser possível, na língua portuguesa, uma senten?a sem sujeito, mas nunca uma senten?a sem
predicado.
Exemplos:
1. As formigas invadiram minha casa.
...[as formigas: sujeito = termo determinante]
...[invadiram minha casa: predicado = termo determinado]
2. Há formigas na minha casa.
...[há formigas na minha casa: predicado = termo determinado]
...[sujeito: inexistente]
O sujeito sempre se manifesta em termos de sintagma nominal , isto é, seu núcleo é sempre um nome.
Quando esse nome se refere a objetos das primeira e segunda pessoas, o sujeito é representado por um
pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele, etc.). Se o sujeito se refere a um objeto da terceira pessoa, sua
representa??o pode ser feita através de um substantivo, de um pronome substantivo ou de qualquer conjunto
de palavras, cujo núcleo funcione, na senten?a, como um substantivo.
Exemplos:
1. Eu acompanho você até o guichê.
...[eu: sujeito = pronome pessoal de primeira pessoa]
2. Vocês disseram alguma coisa?
...[vocês: sujeito = pronome pessoal de segunda pessoa]
3. Marcos tem um f?-clube no seu bairro.
...[Marcos: sujeito = substantivo próprio]
4. Ninguém entra na sala agora.
...[ninguém: sujeito = pronome substantivo]
5. O andar deve ser uma atividade diária.
...[o andar: sujeito = núcleo: verbo substantivado nessa ora??o]
Além dessas formas, o sujeito também pode se constituir de uma ora??o inteira. Nesse caso, a ora??o recebe o
nome de ora??o substantiva subjetiva:
1. é difícil optar por esse ou aquele doce...
...[é difícil: ora??o principal]
...[optar por esse ou aquele doce: ora??o subjetiva = sujeito oracional]
é importante conhecer outras particularidades do sujeito:
sujeito posposto
Predicado
Predicado é um dos termos essenciais da ora??o. Tem por características básicas:
apresentar-se como elemento determinado em rela??o ao sujeito
apontar um atributo ou acrescentar nova informa??o ao sujeito
Assim como o sujeito, o predicado é um segmento extraído da estrutura interna das ora??es ou das frases,
sendo, por isso, fruto de uma análise sintática. Isso implica dizer que a no??o de predicado só é importante
para a caracteriza??o das palavras em termos sintáticos. Nesse sentido, o predicado é sintaticamente o
segmento lingüístico que estabelece concordancia com outro termo essencial da ora??o – o sujeito -, sendo
este o termo determinante (ou subordinado) e o predicado o termo determinado (ou principal). N?o se trata,
portanto, de definir o predicado como "aquilo que se diz do sujeito" como fazem certas gramáticas da língua
portuguesa, mas sim estabelecer a importancia do fen?meno da concordancia entre esses dois termos
essenciais da ora??o.
Exemplos:
1. Carolina conhece os índios da Amaz?nia.
...[sujeito: Carolina = termo determinante]
...[predicado: conhece os índios da Amaz?nia = termo determinado]
...[Carolina: 3a pessoa do singular = conhece: 3a pessoa do singular]
2. Todos nós fazemos parte da quadrilha de S?o Jo?o.
...[sujeito: todos nós = termo determinante]
...[predicado: fazemos parte da quadrilha de S?o Jo?o = termo determinado]
...[Todos nós: 1a pessoa do plural = fazemos parte: 1a pessoa do plural]
Nesses exemplos podemos observar que a concordancia é estabelecida entre algumas poucas palavras dos dois
termos essenciais. Na frase (1), entre "Carolina" e "conhece"; na frase (2), entre "nós" e "fazemos". Isso se dá
porque a concordancia é centrada nas palavras que s?o núcleos, isto é, que s?o responsáveis pela principal
informa??o naquele segmento. No predicado o núcleo pode ser de dois tipos: um nome, quase sempre um
atributo que se refere ao sujeito da ora??o, ou um verbo (ou locu??o verbal). No primeiro caso, temos um
predicado nominal e no segundo um predicado verbal. Quando, num mesmo segmento o nome e o verbo
s?o de igual importancia, ambos constituem o núcleo do predicado e resultam no tipo de predicado verbonominal.
Exemplos:
1. Minha empregada é desastrada.
...[predicado: é desastrada]
...[núcleo do predicado: desastrada = atributo do sujeito]
...[tipo de predicado: nominal]
2. A empreiteira demoliu nosso antigo prédio.
...[predicado: demoliu nosso antigo prédio]
...[núcleo do predicado: demoliu = nova informa??o sobre o sujeito]
...[tipo de predicado: verbal]
3. Os manifestantes desciam a rua desesperados.
...[predicado: desciam a rua desesperados]
...[núcleos do predicado: 1. desciam = nova informa??o sobre o sujeito; 2. desesperados = atributo do
sujeito]
...[tipo de predicado: verbo-nominal]
Nos predicados verbais e verbo-nominais o verbo é responsável também por definir os tipos de elementos que
aparecer?o no segmento. Em alguns casos o verbo sozinho basta para compor o predicado (verbo
intransitivo). Em outros casos é necessário um complemento que, juntamente com o verbo, constituem a
nova informa??o sobre o sujeito. De qualquer forma, esses complementos do verbo n?o interferem na tipologia
do predicado. S?o elementos que constituem os chamados termos integrantes da ora??o.
Complemento Nominal
Dá-se o nome de complemento nominal ao termo que complementa o sentido de um nome ou um advérbio,
conferindo-lhe uma significa??o completa ou, ao menos, mais específica.
Como o complemento nominal vem integrar-se ao nome em busca de uma significa??o extensa para nome ao
qual se liga, ele comp?e os chamados termos integrantes da ora??o.
S?o duas as principais características do complemento nominal:
- sempre seguem um nome, em geral abstrato;
- ligam-se ao nome por meio de preposi??o, sempre obrigatória.
Os complementos nominais podem ser formados por substantivo, pronome, numeral ou ora??o subordinada
completiva nominal.
Exemplos:
1. Meus filhos têm loucura por futebol.
...[substantivo]
2. O sonho dele era saltar de pára-quedas.
...[pronome]
3. A vitória de um é a conquista de todos.
...[numeral]
4. O medo de que lhe furtassem as jóias a mantinha afastada daqui.
...[ora??o subordinada completiva nominal]
Em geral os nomes que exigem complementos nominais possuem formas correspondentes a verbos transitivos,
pois ambos completam o sentido de outro termo. S?o exemplos dessa correla??o:
- obedecer aos pais obediência aos pais
- chegar em casa chegada em casa
- entregar a revista à amiga entrega da revista à amiga
- protestar contra a opress?o protesto contra a opress?o
é importante conhecer outras particularidades do complemento nominal, tais como:
- Complemento nominal X Adjunto adnominal
- A preposi??o e o complemento nominal
- Saiba mais sobre a preposi??o e o complemento nominal
Objeto Direto
Do ponto de vista da sintaxe, objeto direto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo direto,
por isso, é complemento verbal, na grande maioria dos casos, n?o preposicionado. Do ponto de vista da
semantica, o objeto direto é:
- o resultado da a??o verbal, ou
- o ser ao qual se dirige a a??o verbal, ou
- o conteúdo da a??o verbal.
O objeto direto pode ser formado por um substantivo, pronome substantivo, ou mesmo qualquer palavra
substantivada. Além disso, o objeto direto pode ser constituído por uma ora??o inteira que complemente o
verbo transitivo direto da ora??o dita principal. Nesse caso, a ora??o recebe o nome de ora??o subordinada
substantiva objetiva direta.
Exemplos:
1. O amor de Mariana transformava a minha vida.
...[transformava: verbo transitivo direto]
...[a minha vida: objeto direto]
...[núcleo: vida = substantivo]
2. Conserve isto na tua memória: vou partir em breve.
...[conserve: verbo transitivo direto]
...[isso: objeto direto = pronome substantivo]
3. N?o prometa mais do que possa cumprir depois.
...[prometa: verbo transitivo direto]
...[mais do que possa cumprir depois: ora??o subordinada substantiva objetiva direta]
Os objetos diretos s?o constituídos por nomes como núcleos do segmento. A no??o de núcleo torna-se
importante porque, num processo de substitui??o de um nome por um pronome deve-se procurar por um
pronome de igual fun??o gramatical do núcleo. No exemplo (1) acima verificamos um conjunto de palavras
formando o objeto direto (a minha vida), dentre as quais apenas uma é núcleo (vida = substantivo). Podemos
transformar esse núcleo substantivo em objeto direto formado por pronome oblíquo, que é um tipo de pronome
substantivo. Além disso, nesse processo de substitui??o, devemos ter claro que o pronome ocupará o lugar de
todo o objeto direto e n?o só do núcleo do objeto. Vejamos um exemplo dessa representa??o:
O amor de Mariana transformava a minha vida.
O amor de Mariana a transformava.
Os pronomes oblíquos átonos (me, te, o, a, se, etc.) funcionam sintaticamente como objetos diretos. Isso
implica dizer que somente podem figurar nessa fun??o de objeto e n?o na fun??o de sujeito, por exemplo .
Porém algumas vezes os pronomes pessoais retos (eu, tu, ele, etc.) ou pronome oblíquo t?nico (mim, ti, ele,
etc.) s?o chamados a constituir o núcleo dos objetos diretos. Nesse caso, o uso da preposi??o se torna
obrigatório e, por conseqüência, tem-se um objeto direto especial: objeto direto preposicionado.
Exemplos:
1. Ame ele que é teu irm?o. [Inadequado]
Ame-o que é teu irm?o. [Adequado]
2. Você chamou eu ao teu encontro? [Inadequado]
Você me chamou ao teu encontro? [Adequado]
...[me: pronome oblíquo átono = sem preposi??o]
Você chamou a mim ao teu encontro? [Adequado]
...[a mim: pronome oblíquo t?nico = com preposi??o]
Objeto Indireto
Do ponto de vista da sintaxe, objeto indireto é o termo que completa o sentido de um verbo transitivo
indireto e vem sempre acompanhado de preposi??o. Do ponto de vista da semantica, o objeto indireto é o ser
ao qual se destina a a??o verbal.
O objeto indireto pode ser formado por substantivo, ou pronome substantivo, ou numeral, ou ainda, uma
ora??o substantiva objetiva indireta. Em qualquer um desses casos, o tra?o mais importante e característico do
objeto indireto é a presen?a da preposi??o.
Exemplo:
1. A cigana pedia dinheiro a mo?a. [Inadequado]
A cigana pedia dinheiro à mo?a. [Adequado]
...[pedia = verbo transitivo direto e indireto]
...[dinheiro = objeto direto]
...[à mo?a = destinatário da a??o verbal = objeto indireto]
O objeto indireto pode ser representado por um pronome. Como o núcleo do objeto é sempre um nome, é
possível substituí-lo por um pronome. Nesse caso, um pronome oblíquo, já que se trata de uma posi??o de
complemento verbal e n?o de sujeito da ora??o. O único pronome que representa o objeto indireto é o pronome
oblíquo átono lhe(s) – pronome de terceira pessoa. Os pronomes indicativos das demais pessoas verbais s?o
sempre acompanhados de preposi??o.
Exemplos:
1. Ela contava a seu pai como fora o seu dia na escola.
2. Ela lhe contava como fora o seu dia na escola.
3. Todos dariam ao padre a palavra final.
4. Todos dar-lhe-iam a palavra final.
5. Responderam a Fátima com delicadeza.
6. Responderam a mim com delicadeza.
N?o é difícil confundir objeto indireto e adjunto adverbial, pois ambos os termos s?o construídos com
preposi??o. Uma regra prática para se determinar o objeto indireto e até mesmo o identificar na ora??o é
indagar ao verbo se ele necessita de algum complemento preposicionado. Esse complemento será:
1) Adjunto adverbial, se estiver expressando um significado adicional, como lugar, tempo, companhia,
modo e etc.
2) Objeto indireto, se estiver apenas completando o sentido do verbo, sem acrescentar outra idéia à
ora??o.
Exemplos:
1. Ele sabia a li??o de cor. [Adjunto adverbial "de modo"]
2. Ele se encarregou do formulário. [Objeto indireto]
Predicativo do Objeto
é o termo ou express?o que complementa o objeto direto ou o objeto indireto, conferindo-lhe um atributo.
O predicativo do objeto apresenta duas características básicas:
· acompanha o verbo de liga??o implícito;
· pertence ao predicado verbo-nominal.
A forma??o do predicativo do objeto é feita através de um substantivo ou um adjetivo.
Exemplos:
1. O vilarejo finalmente elegeu Otaviano prefeito.
...[objeto: Otaviano]
...[predicativo: substantivo]
2. Os policiais pediam calma absoluta.
...[objeto: calma]
...[predicativo: adjetivo]
3. Todos julgavam-no culpado.
...[objeto: no]
...[predicativo: adjetivo]
Alguns gramáticos admitem o predicativo do objeto em ora??es com verbos transitivos indiretos tais como crer,
estimar, julgar, nomear, eleger. Em geral, porém, a ocorrência do predicativo do objeto em objetos indiretos se
dá somente com o verbo chamar, com sentido de "atribuir um nome a".
Exemplo:
1. Chamavam-lhe falsário, sem notar-lhe suas verdades.
Agente da Passiva
é o termo da ora??o que complementa o sentido de um verbo na voz passiva, indicando-lhe o ser que
praticou a a??o verbal.
A característica fundamental do agente da passiva é, pois, o fato de somente existir se a ora??o estiver na
voz passiva. Há três vozes verbais na nossa língua: a voz ativa, na qual a ênfase recai na a??o verbal
praticada pelo sujeito; a voz passiva, cuja ênfase é a a??o verbal sofrida pelo sujeito; e a voz reflexiva, em
que a a??o verbal é praticada e sofrida pelo sujeito. Nota-se, com isso, que o papel do sujeito em rela??o à
a??o verbal está em evidência.
Na voz ativa o sujeito exerce a fun??o de agente da a??o e o agente da passiva n?o existe. Para completar o
sentido do verbo na voz ativa, este verbo conta com outro elemento – o objeto (direto). Na voz passiva, o
sujeito exerce a fun??o de receptor de uma a??o praticada pelo agente da passiva. Por conseqüência, é este
mesmo agente da passiva que complementa o sentido do verbo neste tipo de ora??o, substituindo o objeto
(direto).
Exemplo:
1. O barulho acordou toda a vizinhan?a. [ora??o na voz ativa]
...[o barulho: sujeito]
...[acordou: verbo transitivo direto = pede um complemento verbal]
...[toda a vizinhan?a: ser para o qual se dirigiu a a??o verbal = objeto direto]
2. Toda a vizinhan?a foi acordada pelo barulho. [ora??o na voz passiva]
...[toda a vizinhan?a: sujeito]
...[foi: verbo auxiliar / acordada: verbo principal no particípio]
...[pelo barulho: ser que praticou a a??o = agente da passiva]
O agente da passiva é um complemento exigido somente por verbos transitivos diretos (aqueles que pedem
um complemento sem preposi??o). Esse tipo de verbo, em geral, indica uma a??o (em oposi??o aos verbos que
exprimem estado ou processo) que, do ponto de vista do significado, é complementada pelo auxílio de outro
termo que é o seu objeto (em oposi??o aos verbos que n?o pedem complemento: os verbos intransitivos).
Como vimos, na voz passiva o complemento do verbo transitivo direto é o agente da passiva; já na voz ativa
esse complemento é o objeto direto. Nas ora??es com verbos intransitivos, ent?o, n?o existe agente da
passiva, porque n?o há como construir senten?as na voz passiva com verbos intransitivos.
Observe:
1. Karina socorreu os feridos.
...[verbo transitivo direto na voz ativa]
2. Os feridos foram socorridos por Karina
...[verbo transitivo direto na voz passiva]
3. Karina gritou.
...[verbo intransitivo na voz ativa]
4. Karina foi gritada. (senten?a inaceitável na língua)
...[verbo intransitivo na voz passiva]
*Os feridos: objeto direto em (1) e sujeito em (2)
Karina: sujeito em (1) e agente da passiva em (2)
A ora??o na voz passiva pode ser formada através do recurso de um verbo auxiliar (ser, estar). Nas
constru??es com verbo auxiliar, costuma-se explicitar o agente da passiva, apesar de ser este um termo de
presen?a facultativa na ora??o. Em ora??es cujo verbo está na terceira pessoa do plural, é muito comum
ocultar-se o agente da passiva. Isso se justifica pelo fato de que, nessas situa??es, o sujeito pode ser
indeterminado na voz ativa. Porém mesmo nesses casos, a ausência do agente é fruto da liberdade do falante.
Exemplos:
1. Os visitantes do zoológico foram atacados pelos bichos.
...[foram: verbo auxiliar / passado do verbo "ser"]
...[pelos bichos: agente da passiva]
2. Nossas reivindica??es s?o simplesmente ignoradas.
...[s?o: verbo auxiliar / presente do verbo "ser"]
...[agente da passiva: ausente]
3. Cercaram a cidade. [voz ativa com sujeito indeterminado]
A cidade está cercada.
...[está: verbo auxiliar / presente do verbo "estar"]
...[agente da passiva: ausente]
A cidade está cercada pelos inimigos.
...[pelos inimigos: agente da passiva]
O agente da passiva é mais comumente introduzido pela preposi??o por (e suas variantes: pelo, pela, pelos,
pelas). é possível, no entanto, encontrar constru??es em que o agente da passiva é introduzido pelas
preposi??es de ou a.
Exemplos:
1. O hino será executado pela orquestra sinf?nica.
...[pela orquestra sinf?nica: agente da passiva]
2. O jantar foi regado a champanhe.
...[a champanhe: agente da passiva]
3. A sala está cheia de gente.
...[de gente: agente da passiva]
Adjunto Adnominal
é a palavra ou express?o que acompanha um ou mais nomes conferindo-lhe um atributo. Trata-se, portanto,
de um termo de valor adjetivo que modificará o nome a que se refere.
Os adjuntos adnominais n?o determinam ou especificam o nome, tal qual os determinantes. Ao invés disso,
eles conferem uma nova informa??o ao nome e por isso s?o chamados de modificadores.
Além disso, os adjuntos adnominais n?o interferem na compreens?o do enunciado. Por esse motivo, eles
pertencem aos chamados termos acessórios da ora??o.
Os adjuntos adnominais podem ser formados por artigo, adjetivo, locu??o adjetiva, pronome adjetivo, numeral
e ora??o adjetiva.
Exemplos:
1. Nosso velho mestre sempre nos voltava à mente.
...[nosso: pronome adjetivo]
...[velho: adjetivo]
2. Todos querem saber a música que cantarei na apresenta??o.
...[a: artigo]
...[que cantarei na apresenta??o: ora??o adjetiva]
é importante conhecer algumas outras particularidades dos adjuntos adnominais, tais como:
Complemento nominal X Adjunto adnominal
A concordancia e os adjuntos adnominais compostos
Os adjuntos adnominais e o núcleo composto
Adjunto Adverbial
é a palavra ou express?o que acompanha um verbo, um adjetivo ou um advérbio modificando a natureza das
informa??es que esses elementos transmitem. Por esse seu caráter, o adjunto adverbial é tido como um
modificador. Pelo fato de n?o ser um elemento essencial ao enunciado, insere-se no rol dos termos acessórios
da ora??o.
A modifica??o que os adjuntos adverbiais conferem aos elementos aos quais se liga na senten?a é de duas
naturezas: a primeira, de modifica??o circunstancial, e a segunda, de intensidade.
Exemplos:
1. Os candidatos foram selecionados aleatoriamente.
...[aleatoriamente: modifica o segmento verbal "foram selecionados"]
...[natureza do adjunto adverbial: modificador]
2. Os pre?os dos remédios aumentaram demais.
...[demais: intensifica o segmento verbal "aumentaram"]
...[natureza do adjunto adverbial: intensificador]
Os adjuntos adverbiais podem ser representados por meio de um advérbio, uma locu??o adverbial ou uma
ora??o inteira denominada ora??o subordinada adverbial.
Exemplos:
1. Os ingressos para o espetáculo de dan?a esgotaram-se hoje.
...[hoje: advérbio = adjunto adverbial]
2. Acompanharemos de perto todos os teus passos!
...[de perto: locu??o adverbial = adjunto adverbial]
3. Eles sabiam que me magoavam com aquela maneira de falar.
...[com aquela maneira de falar: ora??o subordinada adverbial]
Freqüentemente observa-se certa confus?o estabelecida entre o adjunto adverbial expressado por uma locu??o
adverbial e o objeto indireto. Isso se dá porque ambas as constru??es s?o introduzidas por uma preposi??o.
Deve-se ter claro, no entanto, que o objeto indireto é essencial para complementar o sentido de um verbo
transitivo indireto, ao passo que o adjunto adverbial é elemento dispensável para a compreens?o do sentido
tanto de um verbo como de qualquer outro elemento ao qual se liga. Além disso, o objeto indireto é
complemento verbal; já o adjunto adverbial pode ou n?o estar associado a verbos.
Exemplos:
1. Essa minha nota equivale a um emprego.
...[a um emprego: complementa o sentido do verbo transitivo indireto"equivaler"]
...[a um emprego: objeto indireto]
2. Estávamos todos reunidos à mesa.
...[à mesa: modifica a informa??o verbal "estávamos reunidos"]
...[à mesa: adjunto adverbial (de lugar)]
é importante conhecer outras particularidades dos adjuntos adverbiais:
· adjunto adverbial de lugar
Aposto
é o termo da ora??o que se associa a outro termo para especificá-lo ou explicá-lo. O aposto tem caráter
nominal, ou seja, é representado por nomes e n?o por verbos ou advérbios. Seu emprego é tido como
acessório na ora??o porque o enunciado sobrevive sem a informa??o veiculada através do aposto.
Exemplos:
1. Meu nome estava definitivamente fora da lista dos aprovados.
...[ora??o sem aposto]
Meu nome, Espedito, estava definitivamente fora da lista dos aprovados.
...[Espedito: aposto / substantivo próprio = nome]
...[idéia expressada pelo aposto: especifica??o (do sujeito)]
2. Nas festas de Santo Ant?nio as pessoas faziam promessas.
...[ora??o sem aposto]
Nas festas de Santo Ant?nio, santo casamenteiro, as pessoas faziam promessas.
...[santo casamenteiro: aposto / núcleo: substantivo = nome]
...[idéia expressada pelo aposto: explica??o (do adjunto adnominal)]
Na língua portuguesa o aposto costuma vir acompanhado de uma pausa expressada através da vírgula ou do
sinal de dois pontos. No entanto, o uso da pontua??o para marcar a posi??o do aposto na senten?a n?o é
obrigatório. Trata-se de uma elegancia textual, para a qual a utiliza??o, especialmente das vírgulas, torna o
aposto mais destacado.
Exemplos:
1. Aquela rodovia de S?o Paulo a Campinas foi ampliada recentemente.
...[aposto n?o separado por vírgulas]
2. Tua cunhada, solteira e de muitas posses, ainda quer se casar?
...[aposto separado por vírgulas]
3. Ninguém sabia informar sobre a prova: data, horário e local.
...[aposto introduzido pelos dois pontos]
é comum notarmos certa confus?o entre aposto e adjunto adnominal, já que o aposto pode ser introduzido por
meio da preposi??o de. Deve-se ter claro, no entanto, que o aposto tem sempre o substantivo como seu
núcleo, ao passo que o adjunto adnominal pode ser representado por um adjetivo. Uma maneira prática de
identificar um ou outro termo da ora??o é transformar o segmento num adjetivo. Se a opera??o tiver sucesso,
tratar-se-á de um adjunto adnominal.
Exemplos:
1. As paredes de fora est?o sendo pintadas agora.
...[de fora > externo = adjunto adnominal]
As paredes externas est?o sendo pintadas agora.
2. A pra?a da República foi invadida pelos turistas.
...[da República: aposto]
Uma ora??o inteira também pode exercer a fun??o de aposto. Nesse caso ela recebe o nome de ora??o
subordinada substantiva apositiva:
1. Normalmente optamos pelo futebol, o que é típico de brasileiro.
...[aposto associado ao núcleo do objeto indireto "futebol"]
Vocativo
é a palavra ou conjunto de palavras, de caráter nominal, que empregamos para expressar uma invoca??o ou
chamado.
O vocativo é um elemento que, embora colocado pelos gramáticos dentre os termos da ora??o, isola-se dela.
Isto é, o vocativo n?o se integra sintaticamente aos termos essenciais da ora??o (sujeito e predicado) e pode,
sozinho, constituir-se uma frase. Essa propriedade advém do fato de que o vocativo insere, na ora??o, o
interlocutor discursivo, ou seja, aquele a quem o falante se dirige na situa??o comunicativa.
Exemplos:
1. Por Deus, Amélia, vamos encerrar essa discuss?o!
2. Posso me retirar agora, senhor?
3. Meninos!
...[vocativo constituindo uma frase]
A entona??o melódica da língua falada costuma acentuar os vocativos. Essa forma de express?o é reproduzida,
na língua escrita, por meio de sinais de pontua??o. Assim, o vocativo é obrigatoriamente acompanhado de
uma pausa: curta, através do recurso da vírgula; longa, através do recurso da exclama??o ou das reticências.
N?o há posi??o definida para o vocativo na senten?a, porém, quando se apresenta no interior da ora??o, deve
ser colocado entre vírgulas.
Além disso, é bastante comum encontrarmos o vocativo associado a alguma forma de ênfase. Se n?o através
da pontua??o, o recurso mais popular é vê-lo associado a uma interjei??o.
Exemplos:
1. Ah, m?e! Deixe-me ir ao jogo hoje!
2. ó, céus, para quê tanto espetáculo em dias t?o desastrosos?
Há de atentarmos para uma distin??o entre o vocativo e frases constituídas por um único substantivo. Nestas
n?o se verifica qualquer invoca??o ao interlocutor do discurso, mas, antes, se dirigem a alguém expressando
um aviso, um pedido ou um conselho. No vocativo, porém, o interlocutor é chamado a integrar o discurso do
falante.
Exemplos:
1. Perigo!
...[frase constituída por um substantivo]
2. Rebeca!
...[vocativo]
Identificando particularidades
Sobre sujeito:
· Sujeito posposto
Sobre predicativos:
· Predicativo do sujeito
· Predicativo do objeto
Sobre complementos:
· Complemento nominal x Adjunto adnominal
· Objeto Indireto
Sobre adjuntos:
· Adjunto adverbial de lugar
· Saiba mais sobre o adjunto adverbial de lugar
· Complemento nominal x Adjunto adnominal
Sujeito posposto
Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo +
predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posi??es variadas na ora??o. é o que se entende por
ordem inversa, na qual alguns termos s?o encontrados em combina??o contrária ao esperado (ex.: verbo +
sujeito = sujeito posposto).
Exemplos:
1. Vivendo sozinho o anci?o, sua saúde se tornara precária.
2. Sobre esse assunto falo eu!
O fato de se inverter a posi??o dos termos na ora??o é movido por fatores gramaticais (ex.: coloca??o
pronominal) ou por fatores estilísticos. A constru??o de senten?as em que o sujeito é colocado após o verbo
(sujeito posposto) surge em decorrência da ênfase que se pretende dar à idéia expressa pelo termo que
ocupa a primeira posi??o na senten?a. Trata-se da valoriza??o de algum termo em detrimento de outro e,
portanto, de uma altera??o estilística.
O sujeito posposto pode ser encontrado:
· nas ora??es interrogativas;
· em ora??es com verbos na forma passiva pronominal;
· em ora??es com verbos na forma imperativa;
· em ora??es reduzidas;
· em ora??es que expressem o discurso direto;
· em ora??es absolutas com verbos no subjuntivo;
· em ora??es subordinadas adverbiais condicionais sem conjun??o;
· em ora??es com verbos unipessoais;
· em ora??es iniciadas pelos complementos verbais.
é muito importante que se localize o sujeito e o verbo na ora??o. Mesmo em posi??o que n?o é a sua habitual,
o verbo deve sempre concordar com o sujeito.
Predicativo do sujeito
é o termo ou express?o que complementa o sujeito, conferindo-lhe ou um atributo ou uma referência.
O predicativo do sujeito apresenta duas características básicas:
· acompanha o verbo de liga??o;
· pertence ao predicado nominal
A forma??o do predicativo do sujeito pode ser feita através de um substantivo, ou adjetivo, ou pronome, ou
numeral, ou ainda uma ora??o substantiva predicativa.
Exemplos:
1. Paciência e respeito s?o virtudes ignoradas nos dias de hoje.
...[predicativo: substantivo]
2. As crian?as pareciam envergonhadas aos olhos do viajante.
...[predicativo: adjetivo]
3. O meu medo sempre foi que ela me encontrasse aqui.
...[predicativo: ora??o substantiva adjetiva]
A maneira mais prática de se identificar o predicativo do sujeito é excluir o verbo da ora??o e verificar se
continua a existir uma unidade de sentido.
Exemplo:
1. O ver?o foi chuvoso, o outono frio!
...[houve a exclus?o do verbo de liga??o, mantendo a unidade significativa: "o outono foi frio"]
Complemento nominal x Adjunto adnominal
é comum confundirem-se duas categorias sintáticas da língua portuguesa. Isso se verifica em rela??o ao
complemento nominal e adjunto adnominal, já que ambas as categorias seguem um nome e podem ser
acompanhadas de preposi??o.
é importante lembrar, ent?o, as suas principais fun??es:
complemento nominal: complementa o sentido do nome, conferindo-lhe uma significa??o extensa e
específica. Ex.: Sua rapidez nas respostas é admirável.
adjunto adnominal: acrescenta uma informa??o ao nome. Essa informa??o tem valor de adjetivo e, em
princípio, é desnecessária para a compreens?o da express?o. Ex.: Ela se dizia carioca da gema.
Uma regra prática para distinguir essas duas categorias sintáticas é tentar transformar o termo relacionado ao
nome em adjetivo ou ora??o adjetiva. Se for possível o emprego de uma dessas constru??es adjetivas, o termo
selecionado será um adjunto adnominal. Do contrário, será um complemento nominal.
Exemplos:
1. O menino tinha uma fome de le?o.
...[fome leonina = adjetivo]
...[fome que parecia ser de le?o = ora??o adjetiva]
...[de le?o: adjunto adnominal]
2. A leitura de jornais é aconselhável a um bom profissional.
...[de jornais: complemento nominal]
Adjunto adverbial de lugar
é aquele que expressa uma circunstancia de lugar ligada ao verbo.
Sendo um adjunto adverbial, essa circunstancia locativa pode vir expressa por um advérbio, uma locu??o
adverbial ou uma ora??o adverbial. Em qualquer uma das três possibilidades de constru??o da circunstancia
locativa, é obrigatória a presen?a de preposi??o antecedendo o adjunto adverbial de lugar.
Exemplos:
1. Os convidados foram a festa vestidos a caráter. [Inadequado]
Os convidados foram à festa vestidos a caráter. [Adequado]
2. As atividades desportivas s?o realizadas à escola. [Inadequado]
As atividades desportivas s?o realizadas na escola. [Adequado]
Saiba mais sobre o adjunto adverbial de lugar
Os adjuntos adverbiais de lugar expressam no??es diversas relacionadas ao local da a??o verbal. Essas no??es
sempre s?o apresentadas por um tipo de preposi??o, a saber:
I. Lugar aonde: emprego da preposi??o "a" apontando para a idéia de movimento do verbo.
Exemplos:
1. Meus filhos iam na escola pela manh?. [Inadequado]
Meus filhos iam à escola pela manh?. [Adequado]
II. Lugar onde: emprego da preposi??o "em" (ou sua forma contraída) apontando para o lugar da a??o verbal.
Exemplos:
1. Meus filhos estavam à escola pela manh?. [Inadequado]
Meus filhos estavam na escola pela manh?. [Adequado]
III. Lugar donde: emprego da preposi??o "de" (ou sua forma contraída) apontando para o lugar de onde
partiu a a??o verbal.
Exemplos:
1. Meus filhos voltaram na escola pela manh?. [Inadequado]
Meus filhos voltaram da escola pela manh?. [Adequado]
IV. Lugar para onde: emprego da preposi??o "para" apontando para a idéia de movimento do verbo.
Exemplos:
1. Meus filhos voltaram em casa. [Inadequado]
Meus filhos voltaram para casa. [Adequado]
V. Lugar por onde: emprego da preposi??o "por" (ou sua forma contraída) apontando para o lugar por onde
se passa a a??o verbal.
Exemplos:
1. Meus filhos andam para ruas estreitas ao voltarem da escola. [Inadequado]
Meus filhos andam por ruas estreitas ao voltarem da escola. [Adequado]
Uma regra prática para se determinar o emprego correto das formas dos adjuntos adverbiais de lugar é
formular perguntas iniciadas pelos interrogativos "Aonde...?" "Para onde...?" e etc. (ex.: Eu estive dormindo no
sofá. Onde? No sofá./ No sofá = adj. adv. de lugar)
Determinantes
S?o chamados de determinantes os elementos que especificam outro numa express?o lingüística.
Existe um elemento determinante quando se estabelece uma rela??o com outro elemento. Assim, o primeiro é
o elemento determinante e o segundo, o elemento determinado. Isso justifica a inclus?o dessas fun??es em
estruturas de subordina??o, ou seja, nos casos onde se observa que um elemento é dependente de outro. Em
casos de coordena??o, nos quais se verifica uma independência entre os elementos, n?o se fala em elementos
determinante e determinado, mas sim em elementos seqüênciais.
Em um sintagma nominal, por um lado, s?o determinantes os artigos, adjetivos, pronomes adjetivos, numerais.
Em um sintagma superoracional, por outro lado, s?o determinantes as ora??es subordinadas, já que dependem
da ora??o principal.
Nome
S?o chamados de nomes o conjunto de palavras que constitui as classes abertas da língua portuguesa, mas
que se op?e a verbo.
As classes abertas s?o aquelas em que s?o possíveis as altera??es do falante ao longo da história da língua
(neologismos) e as varia??es morfológicas (flex?o de gênero e número). Por oposi??o, as classes fechadas
s?o aquelas cuja forma se consagrou na língua e onde as mudan?as s?o quase inexistentes.
S?o as classes abertas da língua portuguesa:
substantivo adjetivo verbo
S?o as classes fechadas:
artigo pronome numeral
advérbio preposi??o conjun??o
interjei??o
Os elementos considerados nomes, na língua portuguesa, s?o apenas o substantivo e o adjetivo, pois s?o
responsáveis pelas denomina??es dos seres. Os verbos, por sua vez, s?o elementos responsáveis pela
express?o dos processos e dos estados. Dessa distin??o derivam diversos termos da gramática do português:
sintagma nominal x sintagma verbal, complemento nominal x complemento verbal, pronome (raiz: nome),
advérbio (raiz: verbo).
Modificadores
S?o chamados de modificadores os elementos que estabelecem rela??o de modifica??o dentro de um
sintagma.
Na língua portuguesa o modificador por excelência é o advérbio. Os elementos que exercem fun??o de
advérbio s?o, assim, classificados como modificadores.
é importante distinguir a no??o de modificador da no??o de determinante. Nesse sentido, a própria raiz
das duas palavras expressa essa diferen?a. Vejamos um exemplo:
1. As formigas s?o rápidas.
2. As formigas andam rapidamente.
Na senten?a (1) os determinantes "as" e "rápidas" est?o especificando/determinando o nome "formiga": em
primeiro lugar, n?o se trata de qualquer formiga e, em segundo lugar, essas formigas s?o rápidas e n?o lentas.
Já na senten?a (2) o modificador "rapidamente" n?o especifica a a??o de andar, mas a modifica: n?o se trata
de apenas andar, mas sim de "andar rapidamente".
Sintagma
Sintagma é um segmento lingüístico que expressa uma rela??o de dependência.
Nessa rela??o de dependência, diz-se que existe um elemento determinado e outro determinante (ou
subordinado), estabelecendo um elo de subordina??o entre ambos. Cada um desses elementos constitui um
sintagma.
Na concep??o original de sintagma, essa no??o era utilizada para se referir a qualquer segmento lingüístico: a
palavra, a senten?a e o período. Mais recentemente, o temo sintagma é comumente empregado para se
referir às partes da senten?a. Dessa forma, o sintagma se caracteriza conforme o tipo gramatical dos seus
elementos nucleares:
sintagma nominal (SN): quando o núcleo do sintagma é um nome
sintagma adjetival (SAdj): quando o núcleo do sintagma é um adjetivo
sintagma verbal (SV): quando o núcleo do sintagma é um verbo
sintagma preposicional (SP): quando o núcleo do sintagma é uma preposi??o
sintagma adverbial (SAdv): quando o núcleo do sintagma é um advérbio
Numa análise sintática, a identifica??o dos sintagmas e seus tipos é bastante importante. Isso facilita a
compreens?o do papel sintático exercido pelas palavras na senten?a que está em análise. Vejamos um
exemplo:
1. Todos silenciosamente acompanhavam a romaria pela cidade.
...[todos: SN]
...[silenciosamente: SAdv]
...[acompanhavam: SV]
...[a romaria: SN]
...[pela cidade: SP]
Note que um sintagma pode ser formado por uma ou mais palavras. Por isso buscamos pelo elemento núcleo e
classificamos o sintagma segundo a categoria sintática deste núcleo (ex.: pela cidade: núcleo: pela =
preposi??o [por + ela]).
Além disso, numa senten?a pode existir mais de um sintagma do mesmo tipo. Quando isso ocorre é preciso
verificar qual a fun??o sintática que os sintagmas desempenham. No nosso exemplo, o SN aparece duas vezes:
uma desempenhando a fun??o de sujeito (todos) e outra, a fun??o de objeto direto (a romaria).
Núcleo
Dá-se o nome de núcleo à palavra que, em um conjunto, se destaca como a principal.
A no??o de núcleo é bastante importante, sobretudo, para a análise sintática. Sendo um elemento destacado de
um conjunto de palavras, o núcleo é responsável:
- por indicar a categoria gramatical de todo o segmento
- por apontar o elemento que estabelece rela??es de concordancia e regência
Exemplos:
1. Todos os empréstimos foram bloqueados pelo banco.
...[todos os empréstimos: sintagma]
...[núcleo do sintagma: empréstimos = nome]
...[tipo do sintagma: nominal]
2. Apartamentos s?o, em geral, lugares muito apertados.
...[lugares muito apertados: predicativo do sujeito]
...[núcleo do predicativo: lugares]
...[lugares deve concordar com "apartamentos", seu sujeito]
...[apertados deve concordar com "lugares", seu determinante]
3. O lucro das vendas está sendo repassado aos funcionários.
...[está sendo repassado: sintagma verbal]
...[núcleo do sintagma verbal: repassado]
...[repassado deve reger a preposi??o "a" do seu objeto]
Concordancia: defini??o
Os termos que constituem uma ora??o estabelecem entre si diversas rela??es, entre elas as rela??es
sintáticas, quando esses termos se distribuem pela ora??o formando um organismo; e rela??es semanticas,
quando esses termos se organizam na ora??o formando um todo significativo.
Dá-se o nome de concordancia à harmonia que os termos da ora??o apresentam em nível sintático. Assim,
algumas palavras, express?es ou mesmo ora??es, quando estabelecem uma rela??o de dependência entre si,
devem demonstrar com quais elementos est?o ligadas. E isso é evidenciado através das flex?es: de número e
gênero, para os nomes e de número e pessoa, para os verbos.
O fato de a concordancia se expressar por meio de flex?es pode nos levar a pensar numa série de repeti??es
exigidas pela sintaxe (ex.: marcar o plural no substantivo e no adjetivo que o acompanha). Porém, é a
concordancia que permite a n?o repeti??o do sujeito numa certa constru??o verbal (ex.: sujeito oculto). De
qualquer forma, a concordancia é obrigatória nos casos supra-citados.
Em língua portuguesa há dois tipos de concordancia:
- Concordancia nominal
- Concordancia verbal
Embora a concordancia se revele um aspecto da sintaxe, como já dissemos, muitas vezes um tipo de
constru??o é determinado pela influência semantica. é o caso de alguns verbos que, quando apresentam um
significado específico, exigem que a rela??o de concordancia se estabele?a de forma especial (ex.: verbo
importar). Portanto, é importante conhecer as especificidades das rela??es de concordancia.
Concordancia nominal
é chamada de concordancia nominal a rela??o de concordancia que se estabelece entre:
· substantivos e adjetivos
· substantivos e artigos
· substantivos e pronomes
· substantivos e numerais
Os nomes se flexionam em gênero (masculino e feminino) e em número (singular e plural). S?o essas as
características que um termo determinante ou dependente (artigo, adjetivo e etc.) deve manter em harmonia
com as do termo determinado ou principal (substantivo, etc.).
Em língua portuguesa, as rela??es de concordancia s?o obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é
importante saber de que forma os nomes e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a
concordancia adequada.
é importante conhecer as particularidades da concordancia nominal:
· A concordancia e os determinantes
· A concordancia e os determinantes compostos
· A concordancia e os modificadores compostos
· A concordancia e os substantivos genéricos
· A concordancia e as contra??es
· A concordancia e o predicativo do sujeito
· A concordancia e o predicativo do objeto
· A concordancia e o predicativo "só"
· A concordancia do predicativo e as ora??es adjetivas
· A concordancia e os adjuntos adnominais compostos
· A concordancia e o particípio
· A concordancia e o pronome "cujo"
· A concordancia e a palavra "quite"
· A concordancia e a palavra "grama"
A concordancia e os determinantes
Os termos determinantes da ora??o (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham um nome,
em geral, um substantivo. Assim, os determinantes herdar?o as mesmas características de gênero e
número que os substantivos possuírem.
A concordancia entre os determinantes e o substantivo (termo determinado) é obrigatória na nossa língua.
Exemplos:
1. Todos sonhavam com a milagre divino. [Inadequado]
Todos sonhavam com o milagre divino. [Adequado]
2. Havia apenas dois vagas para o cargo. [Inadequado]
Havia apenas duas vagas para o cargo. [Adequado]
3. Quem se importava com aquele situa??o? [Inadequado]
Quem se importava com aquela situa??o? [Adequado]
A concordancia e os determinantes compostos
Os termos determinantes da ora??o (artigos, adjetivos, numerais e pronomes) sempre acompanham o nome,
em geral, um substantivo.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo determinante (determinante composto).
Quando isso acontece, é obrigatória a concordancia em gênero e número entre os determinantes e o
substantivo a que eles se referem.
Exemplos:
1. Um cidade iluminadas e divertido era tudo o que ele precisava. [Inadequado]
Uma cidade iluminada e divertida era tudo o que ele precisava. [Adequado]
Observe que n?o importa a posi??o dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordancia entre eles e o
substantivo, sen?o vejamos:
1. Era generoso e fantásticas o dedica??o que me ofereciam. [Inadequado]
Era generosa e fantástica a dedica??o que me ofereciam. [Adequado]
A concordancia e os modificadores compostos
Os termos modificadores da ora??o (adjetivos, pronomes adjetivos e advérbios) acompanham um nome ou um
verbo. Sempre que o modificador acompanha um nome, em geral um substantivo, ele deve concordar com este
em gênero e número.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um termo modificador (modificador composto).
Quando isso acontece, é obrigatória a concordancia em gênero e número entre todos os modificadores e o
substantivo a que eles se referem.
Exemplos:
1. Os colecionadores velhos e astuto imaginavam-me uma fraude. [Inadequado]
Os colecionadores velhos e astutos imaginavam-me uma fraude. [Adequado]
2. Esses e também aquela bonecas encantavam os olhares paternos. [Inadequado]
Essas e também aquelas bonecas encantavam os olhares paternos. [Adequado]
Os modificadores ligados a verbo s?o os advérbios, cuja principal característica é n?o se flexionarem em
gênero e número. Dessa forma, como os advérbios n?o variam, n?o é requerida a concordancia entre o
modificador do verbo e o próprio verbo.
1. Os bichos esperavam pacientementes a volta do verde perdido. [Inadequado]
Os bichos esperavam pacientemente a volta do verde perdido. [Adequado]
A concordancia e os substantivos genéricos
O sujeito da ora??o é sempre formado por um nome, em geral um substantivo, ou um pronome substantivo.
Quando esse sujeito é formado por um substantivo que expressa a idéia de generalidade, o predicativo do
sujeito deve estar obrigatoriamente no masculino singular.
Exemplos:
1. Cerveja é boa. [Inadequado]
Cerveja é bom.[Adequado]
...[idéia expressada: Cerveja, em geral, é bom.]
1. Férias s?o gostosas quando se tem dinheiro. [Inadequado]
Férias é gostoso quando se tem dinheiro.[Adequado]
...[idéia expressada: Férias, em geral, é gostoso...]
O predicativo do sujeito, porém, será alterado conforme a flex?o do sujeito (singular/plural;
masculino/feminino) se esse sujeito vier determinado de alguma forma; ou seja, se antes do substantivo que
comp?e o sujeito houver algum artigo, pronome ou adjetivo determinando-o.
Exemplos:
1. Aquela cerveja é bom. [Inadequado]
Aquela cerveja é boa.[Adequado]
2. As minhas férias é gostoso quando eu tenho dinheiro. [Inadequado]
As minhas férias s?o gostosas quando eu tenho dinheiro.[Adequado]
A concordancia e as contra??es
Existe em Língua Portuguesa a possibilidade da uni?o de algumas classes gramaticais, formando uma única
palavra (contra??o). Isso se dá:
· entre artigo e preposi??o:
Exemplos:
...o + em = no;
...a + de = da;
...a + a (preposi??o) = à (crase)
· entre pronome e preposi??o:
Exemplos:
...isso + de = disso;
...aquele + em = naquele
As contra??es, além de expressarem as idéias apontadas pelas preposi??es, s?o termos que sempre
acompanham um nome, em geral um substantivo. Sendo assim, é obrigatória a concordancia em gênero e
número entre a contra??o e o substantivo ao qual se refere.
Exemplos:
1. Eles cantaram ao vivo na parque. [Inadequado]
Eles cantaram ao vivo no parque.[Adequado]
2. A pia do cozinha está quebrada. [Inadequado]
A pia da cozinha está quebrada.[Adequado]
A concordancia e o predicativo do sujeito
O sujeito pode ser apresentado ou modificado por um atributo chamado predicativo do sujeito. Por se tratar de
um termo que se refere ao sujeito, o predicativo deve sempre concordar com ele.
Tanto o sujeito quanto o predicativo do sujeito s?o formados por nomes. Dessa forma, os predicativos herdar?o
as mesmas características de gênero e número que os sujeitos possuírem.
O predicativo do sujeito somente aparecerá em senten?as em que o predicado seja formado por um verbo de
liga??o (predicado nominal).
Exemplos:
1. Os recibos de pagamento eram falso. [Inadequado]
Os recibos de pagamento eram falsos. [Adequado]
2. Eles eram apenas duas e já causavam tanta confus?o. [Inadequado]
Eles eram apenas dois e já causavam tanta confus?o. [Adequado]
A concordancia e o predicativo do objeto
Tanto o objeto direto quanto o objeto indireto podem ser modificados por um predicativo. Por se tratar de um
termo que acompanha os objetos, o predicativo deve sempre concordar com eles.
Os objetos direto e indireto s?o formados por nomes. Dessa forma, os predicativos que os acompanham
herdar?o as mesmas características de gênero e número que os objetos possuírem.
O predicativo do objeto somente aparecerá em senten?as em que o predicado é formado por um verbo
transitivo, cujo objeto esteja qualificado por um atributo (predicado verbo-nominal).
Exemplos:
1. O penteado deixou lindo a menina. [Inadequado]
O penteado deixou linda a menina. [Adequado]
2. A m?e sempre o chamava pregui?osa e malcriada. [Inadequado]
A m?e sempre o chamava pregui?oso e malcriado. [Adequado]
A concordancia e o predicativo "só"
Nas ora??es em que a palavra só for um predicativo do sujeito (portanto, um adjetivo), ela deve concordar em
número com o sujeito ao qual se liga.
A concordancia nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes que se
relacionam (substantivo e adjetivo, substantivo e pronomes, etc.). Uma ora??o formada por verbos de liga??o
tem como predicado um predicativo do sujeito. Muitas vezes esse predicativo se comp?e de adjetivos que
predicam o sujeito.
A palavra só ora funciona como advérbio ora como adjetivo. No primeiro caso, é uma palavra invariável (n?o se
flexiona); no segundo, é uma palavra que se flexiona de acordo com o termo determinado. Em posi??o de
predicativo do sujeito, portanto, a palavra só sempre deve concordar com o seu sujeito.
Exemplos:
1. Os convidados est?o só. [Inadequado]
Os convidados est?o sós. [Adequado]
2. Eventualmente Marisa permanecia sós em seu quarto. [Inadequado]
Eventualmente Marisa permanecia só em seu quarto. [Adequado]
Apesar de a concordancia nominal freqüentemente marcar flex?es de número e gênero, no caso da palavra só
ocorre simplesmente a flex?o de número, já que n?o há uma forma específica para o masculino e o feminino
dessa palavra na nossa língua.
A concordancia do predicativo e as ora??es adjetivas
As ora??es subordinadas adjetivas, por qualificarem um termo da ora??o principal, possuem as características
de um adjetivo; ou seja: est?o ligadas a um nome, em geral um substantivo, ao qual conferem um atributo.
Dentre as características das ora??es subordinadas adjetivas destacamos:
· s?o introduzidas pela palavra que;
· podem possuir um predicativo do sujeito.
Independentemente da fun??o que exerce na ora??o (se sujeito, objeto direto, complemento nominal, etc.) é
obrigatória a concordancia em gênero e número entre o predicativo do sujeito da ora??o subordinada
adjetiva e o substantivo a que se refere representado pela palavra que.
Exemplos:
1. Eles, que nem eram t?o próximo, conversaram por toda a noite. [Inadequado]
Eles, que nem eram t?o próximos, conversaram por toda a noite. [Adequado]
...[que se refere à palavra eles]
...[que = sujeito masculino plural]
2. O mercador sabia aquela língua que foi precioso para mim. [Inadequado]
O mercador sabia aquela língua que foi preciosa para mim. [Adequado]
...[que se refere à palavra língua]
...[que = sujeito feminino singular]
A concordancia e os adjuntos adnominais compostos
O adjunto adnominal (artigo, adjetivo, locu??o adjetiva, numeral, pronome adjetivo e ora??o adjetiva) sempre
acompanha o nome, em geral um substantivo.
Um único substantivo pode vir acompanhado de mais de um adjunto adnominal (adjunto adnominal
composto). Quando isso acontece, é obrigatória a concordancia em gênero e número entre os adjuntos
adnominais e o substantivo a que eles se referem.
Exemplo:
1. Era realmente difícil se ocupar daquela crian?a travesso e teimosas. [Inadequado]
Era realmente difícil se ocupar daquela crian?a travessa e teimosa. [Adequado]
Observe que n?o importa a posi??o dos adjuntos adnominais para que ocorra a concordancia entre eles e o
substantivo, sen?o vejamos:
1. Sendo travessas e teimosas aquela crian?a, era difícil ocupar-se dela. [Inadequado]
Sendo travessa e teimosa aquela crian?a, era difícil ocupar-se dela. [Adequado]
A concordancia e o particípio
A concordancia nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes e
determinantes. Já a concordancia verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o
seu sujeito.
Existem algumas express?es que se formam a partir dos verbos SER, ESTAR ou FICAR + verbo no PARTICíPIO.
Nesse tipo de constru??o, ambos os verbos devem concordar com o núcleo do sujeito ao qual est?o ligados.
Exemplos:
1. Tuas sugest?es de investimento será rejeitado. [Inadequado]
Tuas sugest?es de investimento ser?o rejeitadas. [Adequado]
...[sujeito: tuas sugest?es de investimento]
...[núcleo do sujeito: sugest?es]
...[sugest?es: palavra feminina plural]
2. Infelizmente, aqui os juros está embutido nos pre?os. [Inadequado]
Infelizmente, aqui os juros est?o embutidos nos pre?os. [Adequado]
...[sujeito: os juros]
...[núcleo do sujeito: juros]
...[juros: palavra masculina plural]
O particípio é uma forma nominal do verbo, por isso, se comporta como um adjetivo. Desse modo, os verbos
no particípio flexionam-se em gênero e número. Em geral os verbos no particípio apresentam-se acompanhados
de outros verbos (auxiliares), formando uma locu??o verbal. Os verbos auxiliares (ser, estar, haver e ter) e
eventualmente o verbo "ficar", quando parceiros de verbos no particípio, flexionam-se em pessoa, número,
tempo e modo.
Em síntese: nesse tipo de locu??o verbal, os verbos no particípio devem concordar com o sujeito em gênero e
número, já os verbos auxiliares e o verbo "ficar" devem concordar com o sujeito em número e pessoa.
Isso se dá mesmo quando o sujeito aparece depois do verbo ou locu??o verbal (sujeito posposto).
Exemplos:
1. Fica autorizado as visitas diurnas às praias desta regi?o. [Inadequado]
Ficam autorizadas as visitas diurnas às praias desta regi?o. [Adequado]
...[sujeito: as visitas diurnas]
...[núcleo do sujeito: visitas]
...[visitas: palavra feminina plural]
2. Foram corrigidos o valor das moedas locais. [Inadequado]
Foi corrigido o valor das moedas locais [Adequado]
...[sujeito: o valor das moedas locais]
...[núcleo do sujeito: valor]
...[valor: palavra masculina plural]
A concordancia e o pronome "cujo"
Os pronomes relativos s?o aqueles que estabelecem a liga??o entre a ora??o principal e a ora??o subordinada,
ao substituir, na ora??o subordinada, um termo presente na ora??o principal (termo antecedente). O pronome
relativo cujo, que expressa a idéia posse, estabelece essa rela??o ligando dois elementos distintos: o
possuidor (termo antecedente) e a coisa possuída (termo subseqüente).
Ao contrário de outros relativos, o pronome cujo estabelece a concordancia com o termo subseqüente. Além
disso, como o pronome cujo funciona também como determinante (fun??o de especificar um elemento da
ora??o), ele deve concordar em gênero e número com o nome ao qual está ligado (termo subseqüente).
Exemplos:
1. Trouxeram flores cujas cor me surpreendeu. [Inadequado]
Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. [Adequado]
...[flores: termo antecedente = nome feminino plural]
...[cor: termo subseqüente = nome feminino singular]
...[cuja: pronome relativo à "cor", portanto, feminino singular]
2. O filme cujo cenas s?o indecentes foi censurado. [Inadequado]
O filme cujas cenas s?o indecentes foi censurado. [Adequado]
...[filme: termo antecedente = nome masculino singular]
...[cenas: termo subseqüente = nome feminino plural]
...[cujas: pronome relativo a "cenas", portanto, feminino plural]
Para se determinar a rela??o de posse e, desse modo, promover a concordancia nominal adequada, basta
reduzir o período composto em um período simples.
Exemplo:
1. Trouxeram flores cuja cor me surpreendeu. (período composto)
2. A cor das flores me surpreendeu. (período simples)
...cor: coisa possuída
...flores: possuidor
A concordancia e a palavra "quite"
Os adjetivos, quando s?o determinantes, devem concordar com o nome ao qual determinam. A palavra quite,
sendo um adjetivo, torna obrigatória a concordancia em gênero e número entre ela e o nome ao qual está
ligada, mesmo que esse nome n?o esteja expresso na ora??o.
Exemplos:
1. Depois daquela vitória estávamos quite em competi??es estaduais. [Inadequado]
Depois daquela vitória estávamos quites em competi??es estaduais. [Adequado]
2. Enfim eu fui declarado quites com o servi?o militar. [Inadequado]
Enfim eu fui declarado quite com o servi?o militar. [Adequado]
A palavra quite é também a forma irregular do particípio do verbo "quitar". é importante lembrar, contudo, que
essa forma irregular do verbo é empregada junto aos verbos ser e estar; junto ao verbo ter, emprega-se a
forma regular: quitado(a).
Exemplos:
1. Ele está quite comigo. (forma irregular)
2. Ela tinha quitado a dívida atrasada. (forma regular)
Em ambos as constru??es, porém, a concordancia é obrigatória, já que o particípio, nesses casos, funciona
como adjetivo.
A concordancia e a palavra "grama"
Em língua portuguesa, alguns substantivos se flexionam em gênero e número. O gênero pode ser masculino
ou feminino e, geralmente, o gênero se torna visível devido à termina??o das palavras ou aos determinantes
(artigo, pronome, numeral e adjetivo) que se vinculam a essas palavras. Isto é, substantivos terminados em "-
o" ou que puderem ser acompanhadas por determinantes masculinos s?o consideradas substantivos
masculinos. Aqueles substantivos que terminarem em "-a" ou puderem ser acompanhados por determinantes
femininos, s?o considerados substantivos femininos.
Exemplos:
1. aluno (substantivo terminado em "-o" = substantivo masculino)
2. escola (substantivo terminado em "-a" = substantivo feminino)
3. boi (substantivo acompanhado por determinante masculino = substantivo masculino)
4. a rede (substantivo acompanhado por determinante feminino = substantivo feminino)
No entanto, essa forma de reconhecer o gênero dos substantivos nem sempre é produtiva. Alguns fatores
implicam vincular um ou outro gênero aos substantivos. é o caso, por exemplo, dos substantivos comuns-dedois
gêneros, em que a uma única forma do substantivo vinculam-se os dois gêneros (exs.: o/a artista, o/a
estudante).
Dentre os casos particulares do gênero dos substantivos, destaca-se aquele em que o gênero do substantivo
varia segundo sua significa??o. A palavra grama é um substantivo que se encaixa nesse caso.
Quando grama tiver sentido de gramínea cultivada em áreas como jardim, tratar-se-á de um substantivo
feminino. Quando grama tiver sentido de unidade de medida de peso, tratar-se-á de um substantivo
masculino.
é importante guardarmos essa distin??o de gênero ligada ao substantivo grama, pois dela decorre a
concordancia nominal. Ou seja, os determinantes que se destinam ao substantivo grama devem estar no
feminino, se a palavra grama designar planta; em se tratando de unidade de medida, os determinantes de
grama devem estar no masculino.
Exemplos:
1. Admirávamos at?nitos o grama que implantaram naquele jardim.[Inadequado]
Admirávamos at?nitos a grama que implantaram naquele jardim. [Adequado]
2. Por favor, dê-me trezentas gramas de azeitona! [Inadequado]
Por favor, dê-me trezentos gramas de azeitona! [Adequado]
Como o substantivo grama com sentido de medida de peso é masculino, todos os substantivos compostos
que também expressem medida formados a partir dele também ser?o masculinos: miligrama, quilograma. A
concordancia entre os determinantes e os compostos segue as mesmas orienta??es do substantivo grama.
Exemplo:
1. Quantas miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Inadequado]
Quantos miligramas de bicarbonato existem nesse produto? [Adequado]
A concordancia e a express?o "o mais ... possível"
Dentre as formas de varia??o em grau que os adjetivos e os advérbios podem sofrer está o superlativo. O grau
superlativo marca um aumento extremo de quantidade ou de intensidade dos adjetivos ou dos advérbios. Uma
das formas de constru??o desse grau superlativo é através da express?o:
...o/a + mais + ______ + possível
...o/a + menos + ______ + possível
Nesses casos o aumento é relativo à intensidade e é dado por toda a express?o ao invés de conter o grau
marcado na palavra-alvo (ex.: claro = grau normal; claríssimo = grau superlativo; marca de varia??o em grau:
"-íssimo").
Quando essa express?o indicar aumento de intensidade de um adjetivo, alguns gramáticos costumam apontar
para as seguintes possibilidades de concordancia:
1. os artigos (o/a) que iniciam a express?o, assim como a palavra possível, devem concordar em gênero
e número com a palavra que está sendo intensificada; ou
2. a express?o o mais/menos ... possível deve se manter fixa no masculino singular
independentemente do número e do gênero da palavra intensificada.
Exemplos:
1. Somente discutíamos os trabalhos o mais claras possíveis. [Inadequado]
Somente discutíamos os trabalhos os mais claros possíveis. [Adequado]
Somente discutíamos os trabalhos o mais claro possível. [Adequado]
2. Entreguem estas encomendas as mais rápido possíveis.[Inadequado]
Entreguem estas encomendas o mais rápido possível. [Adequado]
Notem que quando a palavra intensificada é um advérbio n?o há flex?o em gênero ou em número. Como ela é
uma palavra invariável, a express?o que indica grau superlativo permanece sempre no masculino singular
(para os artigos) e singular (para a palavra "possível").
Os primeiros passos para o emprego correto da express?o de intensidade, nesse caso, s?o: 1) identificar a
palavra intensificada como um adjetivo ou advérbio, e 2) promover a concordancia correta entre o adjetivo e o
substantivo, quando a palavra intensificada for um adjetivo.
Exemplos:
1. Gostaríamos de uma resposta o mais objetivo possível. [Inadequado]
Gostaríamos de uma resposta a mais objetiva possível [Adequado]
...[objetiva: adjetivo = concorda em gênero com "resposta"]
...[a: artigo feminino = concorda com o adjetivo intensificado]
...[possível: palavra no singular = concorda com o artigo da express?o]
2. Vamos sair daqui os mais cedo possível. [Inadequado]
Vamos sair daqui o mais cedo possível. [Adequado]
...[cedo: advérbio = palavra invariável = n?o há concordancia]
...[o ... possível: express?o fixa]
A concordancia e o aposto
O aposto é um termo que se liga a outros termos da ora??o com o objetivo de especificar esse elemento ao
qual se refere. Trata-se de um termo de caráter nominal que se relaciona a substantivos ou pronomes
substantivos para atribuir-lhes uma explica??o ou um esclarecimento.
Como o aposto e o substantivo (ou outro termo com valor de substantivo) s?o elementos relacionados numa
ora??o, a concordancia em gênero e número é obrigatória entre eles.
Exemplos:
1. Os investidores, barulhento e insegura, retiravam-se do mercado. [Inadequado]
Os investidores, barulhentos e inseguros, retiravam-se do mercado. [Adequado]
...[barulhentos e inseguros: aposto = refere-se ao substantivo "investidores"]
...[investidores: substantivo masculino plural]
2. Ela, mais sábio e oportunistas, também inventaria uma desculpa eficaz. [Inadequado]
Ela, mais sábia e oportunista, também inventaria uma desculpa eficaz. [Adequado]
...[mais sábia e oportunista: aposto = refere-se ao pronome substantivo "ela"]
...[ela: pronome feminino singular]
Nos exemplos acima o aposto se apresenta na forma como mais freqüentemente é utilizado: entre vírgulas,
imediatamente após o termo ao qual se refere. Há casos, porém, em que o aposto se une ao termo substantivo
sem o recurso da pausa expresso pela vírgula:
"O tempo inverno quase n?o é lembrado no nordeste brasileiro."
Nesse exemplo, em que o aposto – "inverno" – é também um substantivo, n?o se exige dele a concordancia em
gênero e número com o substantivo ao qual se liga – "tempo". A obrigatoriedade da concordancia nominal é
apontada apenas quando o aposto se configura como um adjetivo, como nos exemplos (1) e (2).
Naqueles casos (1) e (2), além disso, observa-se a presen?a do conectivo "e" interligando os adjetivos que
comp?em o aposto. é importante lembrar, no entanto, que ainda que a vírgula seja dispensada da constru??o,
a concordancia nominal entre o aposto e o substantivo de referência deve ser estabelecida.
Exemplos:
1. As antigo renovada expectativas poderiam se confirmar hoje. [Inadequado]
As antigas renovadas expectativas poderiam se confirmar hoje. [Adequado]
...[as antigas renovadas: adjunto adnominal de "expectativas"]
...[renovadas: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal]
...[antigas: aposto = refere-se ao substantivo "expectativas"]
...[expectativas: substantivo feminino plural]
2. O velha gentis mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Inadequado]
O velho gentil mensageiro abandonava suas caminhadas diárias. [Adequado]
...[o velho gentil: adjunto adnominal de "mensageiro"]
...[gentil: adjetivo = núcleo do adjunto adnominal ]
...[velho: aposto = refere-se ao substantivo "mensageiro"]
...[mensageiro: substantivo feminino plural]
A concordancia nas locu??es e express?es adjetivas
As locu??es ou express?es adjetivas, diferentemente dos adjetivos, n?o concordam em gênero e número com
os substantivos por elas modificados. Quando indicadoras dos elementos ("cigarro", "meia", "fósforo", etc.) de
que é constituído o conjunto ("ma?o", "par", "caixa", etc.), acompanham a forma do plural.
Exemplos:
1. Compramos somente um ma?o de cigarro. [Inadequado]
Compramos somente um ma?o de cigarros. [Adequado]
2. N?o acredito que você perdeu seu par de meia. [Inadequado]
N?o acredito que você perdeu seu par de meias. [Adequado]
3. Minha m?e faz economia até com uma caixa de fósforo. [Inadequado]
Minha m?e faz economia até com uma caixa de fósforos. [Adequado]
4. Fomos a várias bancas de jornais até encontrarmos a revista. [Inadequado]
Fomos a várias bancas de jornal até encontrarmos a revista. [Adequado]
5. Durante a liquida??o compramos muitas toalhas de mesas. [Inadequado]
Durante a liquida??o compramos muitas toalhas de mesa. [Adequado]
6. Costumo guardar todas as páginas de jornais. [Inadequado]
Costumo guardar todas as páginas de jornal. [Adequado]
A concordancia e o predicativo do objeto de alguns verbos
Alguns verbos da língua portuguesa exigem complementos. S?o os chamados verbos transitivos, cujos
complementos podem vir acompanhados de preposi??o (objeto indireto) ou ser diretamente relacionados ao
verbo (objeto direto).
Esses complementos verbais podem sofrer modifica??es de duas naturezas: uma que é própria ao objeto
(adjunto adnominal) e outra que é imposta pelo verbo (predicativo do objeto). Isso quer dizer que, associados
a um mesmo verbo, podem ocorrer dois termos da ora??o: um objeto e um predicativo.
O predicativo do objeto geralmente se vincula aos verbos transitivos diretos, atribuindo uma propriedade ao
seu complemento verbal. No entanto, em uma mesma ora??o podem co-ocorrer um adjunto adnominal e um
predicativo do objeto, confundindo a aplica??o da concordancia adequada entre esses elementos sintáticos.
Trata-se de duas etapas de concordancia nominal distintas: uma que relaciona o adjunto adnominal ao objeto e
a segunda que associa o predicativo ao seu objeto. Vejamos senten?as com os dois termos sintáticos
separados:
1. A lua transforma a noite dos namorados.
...[transforma: verbo transitivo direto]
...[a noite: objeto direto]
...[dos namorados: adjunto adnominal = atributo de "noite" livremente apontado]
2. A lua torna a noite iluminada.
...[torna: verbo transitivo direto]
...[a noite: objeto direto]
...[iluminada: predicativo do objeto = atributo de "noite" imposto pelo verbo]
O predicativo do objeto sempre concorda em gênero e número com o termo (o objeto) ao qual se liga,
mesmo que junto ao seu objeto haja um adjunto adnominal associado. Exemplo:
1. "A lua torna a noite iluminada dos namorados."
...[iluminada: predicativo do objeto direto "noite"]
A posi??o do predicativo do objeto n?o é fixa na ora??o. Ele pode:
1. anteceder o objeto "... torna iluminada a noite dos namorados."
2. proceder imediatamente ao objeto "... torna a noite iluminada dos namorados."
3. vir ao final do adjunto adnominal "... torna a noite dos namorados iluminada."
A confus?o na concordancia que se observa freqüentemente acontece quando o predicativo está na posi??o
(3) apontada acima, pois o raciocínio mais c?modo faria concordar o predicativo com a última palavra que o
antecede. é importante lembrar, porém, que mesmo distante o predicativo deve manter a concordancia com o
objeto que é a sua referência na ora??o.
Exemplos:
1. A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneira. [Inadequado]
A academia consagrou os trabalhos de biologia pioneiros. [Adequado]
...[os trabalhos: objeto direto = masculino plural]
...[de biologia: adjunto adnominal]
...[pioneiros: predicativo do objeto = masculino plural]
2. A paz manteria a bandeira do Brasil vivo. [Inadequado]
A paz manteria a bandeira do Brasil viva. [Adequado]
...[a bandeira: objeto direto = feminino singular]
...[do Brasil: adjunto adnominal]
...[viva: predicativo do objeto = feminino singular]
Note que em certas situa??es apenas a concordancia é que deixará claro o termo que está sendo modificado,
pois um adjetivo como no exemplo (2) pode se aplicar tanto ao objeto (no exemplo,"bandeira") como ao núcleo
do adjunto adnominal (no exemplo, "Brasil"). é facultativo ao ouvinte/leitor, portanto, compreender a ora??o da
forma como ele preferir se a concordancia n?o esclarece os termos que est?o relacionados na ora??o.
Concordancia verbal
A rela??o de concordancia, quando se dá entre o sujeito e o verbo principal de uma ora??o, é chamada de
concordancia verbal.
Os verbos flexionam-se em pessoa (primeira, segunda e terceira), em número (singular e plural), em tempo
(presente, passado e futuro) e em modo (indicativo, subjuntivo e imperativo). Em geral, as características de
número e pessoa s?o as que um termo determinante ou dependente (verbo) deve manter em harmonia com
as do termo determinado ou principal (substantivo e etc.).
Em língua portuguesa, as rela??es de concordancia s?o obrigatórias nos casos supra-citados. Por isso, é
importante saber de que forma os verbos e sintagmas nominais se relacionam para, assim, promover a
concordancia adequada. Dê uma olhada nas particularidades da concordancia verbal:
· A concordancia e o sujeito simples
· A concordancia e as desinências
· A concordancia e o termo determinado
· A concordancia e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito
· A concordancia e o pronome interrogativo como sujeito
· A concordancia e o pronome reto com predicativo do sujeito
· A concordancia e as ora??es adjetivas
· A concordancia e o pronome relativo em ora??es adjetivas
· A concordancia e os pronomes reflexivos
· A concordancia e o pronome "que"
· A concordancia e o pronome "quem"
· A concordancia e os pronomes "o que"
· A concordancia e express?es como "é necessário"
· A concordancia e express?es como "é preciso"
· A concordancia e os verbos indicativos de horas
· A concordancia e express?es de quantidade
· A concordancia e os verbos modais
· A concordancia e o verbo "parecer"
· A concordancia e o verbo "importar"
A concordancia e o sujeito simples
Dentre os casos de concordancia verbal, o que trata do sujeito e o verbo é o mais básico e geral da língua
portuguesa.
Sintaticamente, o sujeito é o termo que se mantém em harmonia com o verbo. Esse sujeito ora pode estar
expresso na ora??o através de um nome (substantivo, pronome e etc.) ou uma ora??o subordinada
substantiva, ora pode estar implícito na ora??o, ou ainda, pode ser inexistente na ora??o. Mesmo que o sujeito
seja um elemento n?o declarado na ora??o, a concordancia de número e pessoa entre ele e o verbo é
obrigatória (salvo a exce??o da concordancia ideológica).
Exemplos:
1. Nós quer falar assim! [Inadequado]
Nós queremos falar assim! [Adequado]
2. As compras chegou ontem. [Inadequado]
As compras chegaram ontem. [Adequado]
Quando o sujeito n?o está expresso na ora??o é preciso recuperá-lo no contexto e, ent?o, promover a
concordancia .
Exemplo:
1. Elas disseram que vai ao jantar.
...Elas disseram que v?o ao jantar
...[sujeito de "v?o" = "que" retomando o nome "elas"]
...Elas disseram que ele vai ao jantar.
...[sujeito de "v?o" = "ele"]
Há casos em que um sujeito simples representa n?o um único elemento, mas toda uma coletividade. Mesmo
transmitindo essa idéia de pluralidade, a concordancia deve respeitar o número e a pessoa representada pela
palavra-sujeito.
Exemplos:
1. A gente n?o fizemos a li??o. [Inadequado]
A gente n?o fez a li??o. [Adequado]
2. As gentes do Brasil espelha as várias ra?as. [Inadequado]
As gentes do Brasil espelham as várias ra?as. [Adequado]
A concordancia e as desinências
As desinências (-s, -mos, -va e etc.) s?o elementos essenciais para se determinar a flex?o das palavras em
Língua Portuguesa. Por esse motivo s?o, inclusive, denominadas morfemas flexionais.
Por indicarem, na morfologia, a flex?o nominal (gênero, número) e a flex?o verbal (pessoa, número, tempo,
modo, aspecto e voz ), é obrigatória a presen?a das desinências nas palavras. Esse fator é fundamental à
constru??o adequada da concordancia nominal e da concordancia verbal
Freqüentemente se observa a ausência da desinência -s indicativa da segunda pessoa do singular. Esse
comportamento, verificado particularmente na língua falada, acarreta problemas de concordancia verbal, já que
a forma vazia (sem o -s . Ex.: ama) é a forma representativa da terceira pessoa do singular.
Exemplos:
1. Tu fala por experiência própria! [Inadequado]
Tu falas por experiência própria! [Adequado]
A concordancia e o termo determinado
A concordancia verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito
da ora??o.
Nas ora??es formadas por um predicado nominal (verbo de liga??o + predicativo do sujeito) o verbo deve
concordar n?o com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordancia ocorre,
dentre outros casos, se:
· sujeito for um nome no plural;
· predicativo do sujeito estiver determinado, isto é, se ele for formado por um nome + determinante
(artigo, numeral e etc.).
Exemplos:
1. Carros roubados s?o uma coisa normal nesta rua. [Inadequado]
Carros roubados é uma coisa normal nesta rua. [Adequado]
2. Falsas promessas foram a minha desgra?a! [Inadequado]
Falsas promessas foi a minha desgra?a! [Adequado]
A concordancia e os pronomes indefinido e demonstrativo como sujeito
A concordancia verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito
da ora??o.
Nas ora??es formadas por um predicado nominal (verbo de liga??o + predicativo do sujeito) o verbo deve
concordar n?o com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordancia ocorre,
dentre outros casos, se o sujeito da ora??o for:
· um pronome indefinido (todo, tudo, nada e etc.);
· um pronome demonstrativo neutro (isto, isso e aquilo).
Exemplos:
1. Nada é obstáculos para um bom vendedor. [Inadequado]
Nada s?o obstáculos para um bom vendedor. [Adequado]
2. Tudo é flores! [Inadequado]
Tudo s?o flores! [Adequado]
3. Para mim isso é histórias mal contadas. [Inadequado]
Para mim isso s?o histórias mal contadas. [Adequado]
4. Aquilo é manobras sociais. [Inadequado]
Aquilo s?o manobras sociais. [Adequado]
A concordancia e o pronome interrogativo como sujeito
A concordancia verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito
da ora??o.
Nas ora??es formadas por um predicado nominal (verbo de liga??o + predicativo do sujeito) o verbo deve
concordar n?o com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordancia ocorre,
dentre outros casos, se o sujeito for um pronome interrogativo (qual, quem, que, quando e etc.).
Exemplos:
1. Quem é eles? [Inadequado]
Quem s?o eles? [Adequado]
2. Quando será as provas? [Inadequado]
Quando ser?o as provas? [Adequado]
A concordancia e o pronome reto como predicativo do sujeito
A concordancia verbal, obrigatória em Língua Portuguesa, ocorre preferencialmente entre o verbo e o sujeito
da ora??o.
Nas ora??es formadas por um predicado nominal (verbo de liga??o + predicativo do sujeito) o verbo deve
concordar n?o com o sujeito, mas sim com o predicativo do sujeito. Essa possibilidade de concordancia ocorre,
dentre outros casos, se o predicativo do sujeito for um pronome reto (eu, tu, ele e etc.).
Exemplos:
1. O encarregado da obra é eu. [Inadequado]
O encarregado da obra sou eu. [Adequado]
2. Neste caso continua nós... [Inadequado]
Neste caso continuamos nós... [Adequado]
A concordancia e as ora??es adjetivas
As ora??es subordinadas adjetivas s?o aquelas que têm valor de adjetivo, ou seja, que qualificam ou
determinam um nome que pertence à ora??o principal. Como elas est?o ligadas a um termo da ora??o principal
através de um pronome relativo, é obrigatório que entre o verbo da ora??o subordinada e o pronome haja
concordancia de pessoa e número.
Em geral as ora??es adjetivas s?o introduzidas por um pronome relativo (que, qual e etc.) que, substituindo o
nome ao qual o verbo da ora??o subordinada está ligado, comanda a concordancia verbal.
Exemplos:
1. Os homens que mata os animais selvagens devem ser denunciados. [Inadequado]
Os homens que matam os animais selvagens devem ser denunciados. [Adequado]
...[Os homens devem ser denunciados: ora??o principal]
...[que matam os animais selvagens: ora??o subordinada adjetiva]
...[que: pronome relativo a "os homens"]
2. As quest?es que era mais importante foram esquecidas. [Inadequado]
As quest?es que eram mais importantes foram esquecidas. [Adequado]
...[As quest?es foram esquecidas: ora??o principal]
...[que eram mais importantes: ora??o subordinada adjetiva]
...[que: pronome relativo a "as quest?es"]
Observe que no exemplo (2) n?o só o verbo, mas também o adjetivo da ora??o subordinada (eram,
importantes) devem se manter em harmonia com o nome ao qual est?o ligados.
Uma regra prática para identificar a ora??o subordinada adjetiva e, assim, promover a concordancia verbal
adequada, é substituir toda a ora??o subordinada pelo adjetivo a ela correspondente.
1. Os homens matadores de animais selvagens devem ser denunciados.
2. As quest?es mais importantes foram esquecidas.
A concordancia e o pronome relativo em ora??es adjetivas
As ora??es subordinadas adjetivas, por qualificarem um termo da ora??o principal, possuem as características
de um adjetivo; ou seja: est?o ligadas a um nome , em geral um substantivo, ao qual conferem um atributo.
Dentre as características das ora??es subordinadas adjetivas destacamos o fato de serem introduzidas pelo
pronome relativo que.
Nas ora??es adjetivas o que faz referência a algum termo da ora??o principal (sujeito, objeto, complemento
nominal). Desse modo, o que carrega consigo todas as marcas de flex?o (número, gênero, pessoa) do termo ao
qual se refere. Assim, é obrigatória a concordancia em número e pessoa entre o verbo da ora??o
subordinada adjetiva e o substantivo a que se refere representado pela palavra que.
Exemplos:
1. Os trabalhadores que fez greve ser?o convocados para a reuni?o. [Inadequado]
Os trabalhadores que fizeram greve ser?o convocados para a reuni?o. [Adequado]
2. Os lustres da sala que foram inaugurados destacava-se em delicadeza. [Inadequado]
Os lustres da sala que foi inaugurada destacavam-se em delicadeza. [Adequado]
A concordancia e os pronomes reflexivos
Os pronomes reflexivos (me, te, se, nos e etc.) possuem uma forma especial para cada pessoa verbal.
Para indicar que o objeto da a??o é a mesma pessoa que o sujeito que a pratica, é obrigatória a
concordancia em pessoa entre o pronome reflexivo e a pessoa a qual se refere.
é importante lembrar, ainda, que a terceira pessoa possui uma única forma tanto para o singular quanto para
o plural: se, si e consigo.
Exemplos:
1. Eu se machuquei. [Inadequado]
Eu me machuquei. [Adequado]
2. Ela foi embora e levou minha juventude contigo. [Inadequado]
Ela foi embora e levou minha juventude consigo. [Adequado]
Observe que a concordancia própria aos pronomes reflexivos respeitam apenas a pessoa verbal e n?o o
gênero da pessoa a qual se refere, sen?o vejamos os exemplos de senten?as corretas:
Ela está fora de si. / Ele está fora de si.
Além disso, é comum acrescentar algumas express?es refor?ativas junto aos pronomes reflexivos. Dessa
forma, destaca-se a idéia de igualdade entre as pessoas que est?o sujeitas à a??o.
Exemplos:
1. Eu me machuquei.
Eu mesma me machuquei.
2. Eles se julgavam.
Eles julgavam-se a si mesmos.
A concordancia e o pronome "que"
Os pronomes relativos s?o aqueles que estabelecem a liga??o entre a ora??o principal e a ora??o subordinada,
ao substituir, na ora??o subordinada, um termo presente na ora??o principal (termo antecedente). Dentre os
pronomes relativos, o que é o mais comum, sendo empregado em constru??es diversas. Diferentemente de
outros relativos (qual, cujo, por exemplo), o que n?o se flexiona em gênero e número. Por isso, muitas vezes
é difícil saber a qual elemento o que se refere. Porém, como se trata de um relativo, o pronome que sempre
retoma um nome anteriormente apontado e dele herda as características de flex?o.
Em geral, o que introduz uma ora??o subordinada. A concordancia de número e pessoa entre o verbo da
ora??o subordinada e o elemento ao qual o que está ligado é obrigatória. é o que ocorre quando o termo
antecedente for um pronome pessoal do caso reto (eu, tu, ele e etc.)
Exemplos:
1. N?o fui eu que lhe vendeu fiado. [Inadequado]
N?o fui eu que lhe vendi fiado. [Adequado]
2. S?o eles que promete e n?o cumpre. [Inadequado]
S?o eles que prometem e n?o cumprem. [Adequado]
é importante lembrar que, em análise sintática, o pronome reto que antecede o que é sujeito da ora??o
principal. Já o sujeito da ora??o subordinada é o próprio que, por isso a necessidade de manter em harmonia
os elementos da ora??o subordinada.
1. Fomos nós que antecipamos o resultado da pesquisa eleitoral.
...[fomos nós: ora??o principal]
...[que antecipamos o resultado da pesquisa eleitoral: ora??o subordinada]
...[nós: sujeito da ora??o principal]
...[que: sujeito da ora??o subordinada = pronome relativo a "nós"]
A concordancia e o pronome "quem"
O pronome relativo substitui um nome que pertence à ora??o principal. Para evitar a repeti??o desse nome,
utiliza-se um pronome que se torna "relativo" àquele nome o qual substitui.
Exemplo:
1. Esses s?o os anéis que eu dei a você?
...[ora??o principal: esses s?o os anéis]
...[ora??o dependente: que eu dei a você]
...[anéis: predicativo do sujeito da ora??o principal]
...[que: pronome relativo a anéis / objeto direto da ora??o dependente]
O pronome relativo quem, quando introduz uma ora??o dependente, se torna sujeito dessa ora??o. Logo é
obrigatória a concordancia em pessoa e número entre o verbo e o sujeito ao qual está ligado. Uma das
possibilidades de concordancia entre o quem e o verbo da ora??o dependente é manter este verbo na terceira
pessoa do singular.
Exemplos:
1. Fui eu quem paguei a conta. [Inadequado]
Fui eu quem pagou a conta. [Adequado]
2. S?o eles quem nos obrigaram a marchar. [Inadequado]
S?o eles quem nos obrigou a marchar. [Adequado]
A concordancia e os pronomes "o que"
Há, em língua portuguesa, um tipo de constru??o que reúne dois pronomes - demonstrativo e relativo -
formando as express?es "o(s) que" e "a(s) que". Quando o termo que dessa express?o introduzir uma ora??o
subordinada, o verbo dessa ora??o deve concordar em número e pessoa com o termo o(s)/a(s) que o
antecede.
Exemplos:
1. N?o ouvi os que falava. [Inadequado]
N?o ouvi os que falavam. [Adequado]
2. S?o dois os que contribui para o time da empresa. [Inadequado]
S?o dois os que contribuem para o time da empresa.[Adequado]
O pronome demonstrativo pode ser representado pelas palavras o(s), a(s), geralmente empregadas como
artigos. Trata-se de uma forma especial de pronome neutro que pode ser substituída por "aquele(s)",
"aquela(s)". Já o pronome relativo que retoma um elemento anterior (termo antecedente). A análise sintática
da express?o o que, portanto, deve ser compreendida da seguinte forma:
1. Cartas? Só lia as que chegavam em meu escritório.
...[Só lia as: ora??o principal]
...[que chegavam em meu escritório: ora??o subordinada]
...[as: objeto direto da ora??o principal = substitui "cartas"]
...[que: sujeito da ora??o subordinada = substitui "as"]
A concordancia e express?es como "é necessário"
A concordancia nominal, obrigatória em Língua Portuguesa, procura colocar em harmonia dois ou mais nomes.
Já a concordancia verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o sujeito ao qual
se liga.
Existem algumas express?es que se formam a partir do verbo SER + ADJETIVO (ou verbo no particípio
funcionando como adjetivo). S?o exemplos desse tipo de estrutura:
é necessário... é adequado...
é claro... é obrigatório..
é proibido... é permitido...
é importante...
Quando ocorre esse tipo de constru??o, o sujeito da ora??o aparece em posi??o final, exigindo as seguintes
características para a ora??o:
· a concordancia em gênero e número entre o predicativo do sujeito (necessário, adequado, claro,
obrigatório e etc.) e o sujeito ao qual se liga (concordancia nominal);
· a concordancia em número e pessoa entre o verbo e o sujeito (concordancia verbal).
Exemplos:
1. é necessário a autoriza??o para a visita. [Inadequado]
é necessária a autoriza??o para a visita. [Adequado]
2. é necessário as assinaturas nos documentos originais. [Inadequado]
S?o necessárias as assinaturas nos documentos originais. [Adequado]
Observe que o sujeito dessas ora??es acima est?o determinados, ou seja, s?o formados por um nome e um
determinante (no caso, um artigo).
Nas ora??es em que essas express?es antecederem um sujeito n?o determinado, n?o há varia??o da
express?o. Isto é: as express?es devem sempre apresentar:
· verbo ser na terceira pessoa do singular;
· predicativo do sujeito no masculino singular.
Exemplos:
1. é proibida entrada de pessoas estranhas. [Inadequado]
é proibido entrada de pessoas estranhas. [Adequado]
2. S?o permitidas fotos neste local. [Inadequado]
é permitido fotos neste local. [Adequado]
A concordancia e express?es como "é preciso"
A concordancia nominal, obrigatória em Língua Portuguesa, procura colocar em harmonia dois ou mais nomes.
Já a concordancia verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o sujeito ao qual
se liga.
Algumas express?es s?o formadas a partir do verbo SER + ADJETIVO (ou verbo no particípio funcionando como
adjetivo) e apresentam o sujeito em posi??o final da ora??o.
Em geral esse tipo de constru??o estabelece a necessidade de concordancia nominal e verbal entre o sujeito e o
predicativo do sujeito e entre o sujeito e o verbo. No entanto, as express?es é preciso... e é bom... n?o sofrem
qualquer varia??o conforme o sujeito que se apresente. Ou seja:
· verbo deve estar sempre na terceira pessoa do singular
· predicativo do sujeito deve estar sempre no masculino
Exemplos:
1. é precisa uma vendedora aqui. [Inadequado]
é preciso uma vendedora aqui. [Adequado]
2. é boa uma vendedora aqui. [Inadequado]
é bom uma vendedora aqui. [Adequado]
Esse tipo de constru??o ocorre porque se omitiu o verbo ter da ora??o. Assim, para se descobrir se há ou n?o
varia??o de concordancia na express?o, basta preencher o vazio deixado pelo verbo ter.
Exemplos:
1. é preciso (ter) uma vendedora aqui.
2. é bom (ter) uma vendedora aqui.
A concordancia e os verbos indicativos de horas
A concordancia nominal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia nomes e
determinantes. Já a concordancia verbal, também obrigatória na língua, busca a harmonia entre o verbo e o
seu sujeito.
As palavras ou express?es que indicam horas apresentam particularidades na sua constru??o. Geralmente esse
tipo de constru??o é formado:
· por verbos como "SOAR", "BATER" ou "DAR"
· por uma omiss?o, quase sempre da palavra "relógio"
Nas ora??es em que a palavra "relógio" ou similares ("sino", por exemplo) estiver omitida, o verbo "soar",
"bater" e "dar" deve concordar com o número das horas indicado na ora??o.
Exemplos:
1. Todos concordavam: soava duas horas da tarde. [Inadequado]
Todos concordavam: soavam duas horas da tarde. [Adequado]
2. No meu relógio já deu quatro horas de atraso. [Inadequado]
No meu relógio já deram quatro horas de atraso. [Adequado]
O sujeito dessas ora??es é a palavra "horas", embora a idéia do marcador de tempo (relógio, sineta, sino e
etc.) esteja embutida na express?o. Por isso, no exemplo (2) n?o se deve confundir a palavra "relógio" que,
nesse caso é um adjunto adverbial de lugar, com o sujeito do verbo "dar". Observe agora que, quando o
marcador de tempo vem expresso na ora??o, os verbos tratados aqui devem concordar com a palavra que
exprime esse marcador e n?o mais com a palavra "horas".
Exemplos:
1. Muito tempo depois meu relógio deram oito horas da manh?. [Inadequado]
Muito tempo depois meu relógio deu oito horas da manh?. [Adequado]
2. Os sinos da igreja bateu uma hora certinha! [Inadequado]
Os sinos da igreja bateram uma hora certinha! [Adequado]
A concordancia e express?es de quantidade
A concordancia verbal, obrigatória em língua portuguesa, procura colocar em harmonia sujeito e verbo.
Assim, sempre que o sujeito estiver no plural, por exemplo, o verbo também deve se apresentar no plural.
Porém certas constru??es da língua portuguesa rompem esse princípio de concordancia verbal. é o caso de
express?es que indicam quantidade.
A idéia de quantidade pode querer expressar cada uma das unidades ou a totalidade dos seres contados.
Quando express?es de quantidade indicarem uma totalidade, o verbo deve se apresentar no singular,
concordando com o conjunto dos seres.
Exemplos:
1. Creiam-me: três filhos s?o mais do que eu poderia imaginar! [Inadequado]
Creiam-me: três filhos é mais do que eu poderia imaginar! [Adequado]
2. Duas semanas seriam muito pouco para o Ricardo se recuperar. [Inadequado]
Duas semanas seria pouco para o Ricardo se recuperar. [Adequado]
Essa particularidade de concordancia também pode ser determinada pelo tipo de verbo que ela possui.
O verbo "ser", comumente empregado na fun??o de verbo de liga??o, pode funcionar como verbo intransitivo.
Nesse caso, esse verbo intransitivo pode se relacionar com um advérbio a ele posposto. Como os advérbios e
locu??es adverbiais s?o invariáveis (nunca se flexionam em número, gênero ou pessoa), o verbo deve se
manter na terceira pessoa do singular, independentemente do número e da pessoa do sujeito da ora??o.
Vejamos um exemplo:
1. Desculpe-me, mas três colheres de a?úcar s?o muito. [Inadequado]
Desculpe-me, mas três colheres de a?úcar é muito. [Adequado]
...[sujeito: três colheres de a?úcar = terceira pessoa do plural]
...[verbo intransitivo: é = terceira pessoa do singular]
...[muito = advérbio de intensidade]
é importante atentarmos para a forma??o desse predicado verbal. A concordancia verbal só é fixa no singular
quando o verbo "ser" for intransitivo associado a um advérbio. Nas ora??es em que esse predicado for um
predicativo do sujeito acompanhado por um advérbio, a concordancia verbal deve respeitar o número e a
pessoa do seu sujeito. Conseqüentemente, o adjetivo que forma o predicativo do sujeito também deve ser
flexionado de acordo com o sujeito. Vejamos o exemplo:
1. Sem dúvida, estas casas é bem maior! [Inadequado]
Sem dúvida, estas casas s?o bem maiores! [Adequado]
...[estas casas: sujeito = terceira pessoa do plural]
...[bem maiores: predicativo do sujeito]
...[bem: advérbio = palavra invariável]
...[maiores: adjetivo plural]
A concordancia e os verbos modais
Os verbos modais exprimem vontade, necessidade, proibi??o, enfim, idéias que atenuam ou enfatizam uma
a??o verbal. Como modais, esses verbos est?o sempre associados a outros verbos formando uma locu??o
verbal (verbo modal + verbo principal, nesse caso).
Numa locu??o verbal formada por verbos modais (querer, precisar, poder, dever e etc.) a concordancia verbal
ocorre obrigatoriamente entre o verbo modal e o sujeito ao qual está ligado. Nesse caso, somente o verbo
modal deve concordar em número e pessoa com o seu sujeito.
Exemplo:
1. Nós n?o devemos assinarmos o documento antes de o ler. [Inadequado]
Nós n?o devemos assinar o documento antes de o ler. [Adequado]
...[nós: sujeito = primeira pessoa do plural]
...[devemos assinar: locu??o verbal]
...[devemos: verbo modal]
...[assinar: verbo principal]
2. Na verdade, eles querem apoiarem a nossa candidatura. [Inadequado]
Na verdade, eles querem apoiar a nossa candidatura. [Adequado]
...[eles: sujeito = terceira pessoa do plural]
...[querem apoiar: locu??o verbal]
...[querer: verbo modal]
...[apoiar: verbo principal]
Em geral, os problemas de concordancia relacionados aos verbos modais numa locu??o verbal ocorrem quando
o sujeito ou o objeto da ora??o se interp?e entre os dois verbos da locu??o. Mesmo que esse sujeito se
apresente entre o verbo modal e o verbo principal, é importante lembrar que somente o verbo modal se
flexiona em número e pessoa concordando com o sujeito. O verbo principal, por sua vez, permanece sempre na
forma infinitiva.
Exemplos:
1. Podem as pessoas reclamarem, mas eu vou cantar agora. [Inadequado]
Podem as pessoas reclamar, mas eu vou cantar agora. [Adequado]
...[as pessoas: sujeito = terceira pessoa do plural]
...[podem reclamar: locu??o verbal]
...[podem: verbo modal]
...[reclamar: verbo principal]
2. Precisamos nos orientarmos sobre os cursos oferecidos neste ano. [Inadequado]
Precisamos nos orientar sobre os cursos oferecidos neste ano. [Adequado]
...["nós": sujeito = primeira pessoa do plural]
...[nos: objeto direto]
...[precisamos orientar: locu??o verbal]
...[precisamos: verbo modal]
...[orientar: verbo principal]
Em termos de concordancia verbal, os verbos modais se comportam da mesma maneira que os verbos
auxiliares. Ou seja, ambos carregam consigo a responsabilidade da flex?o de acordo com o sujeito da ora??o,
enquanto os verbos principais se mantêm fixos na forma do infinitivo impessoal.
A concordancia e o verbo "parecer"
Dentre as locu??es verbais (verbo auxiliar + verbo principal na forma nominal), aquela formada pelo verbo
PARECER + INFINITIVO recebe tratamento especial quanto à concordancia.
Numa locu??o verbal o verbo auxiliar marca a flex?o verbal (pessoa, número, tempo e etc.), deixando para o
verbo principal a idéia significativa da a??o verbal. Exemplos: está fazendo; foi feito; precisamos fazer (verbos
auxiliares: estar, ser e precisar; verbo principal: fazer). Nesse caso, a concordancia verbal é centralizada no
verbo auxiliar e somente nele.
Nas ora??es em que aparece a locu??o introduzida pelo verbo parecer a concordancia pode ser realizada de
duas maneiras:
- apenas o verbo auxiliar (parecer) se flexiona. O verbo principal permanece no infinitivo impessoal;
- o verbo auxiliar (parecer) mantém-se na terceira pessoa do singular. O verbo principal, como infinitivo
pessoal, se flexiona em pessoa, número, tempo e modo.
Exemplos:
Os astronautas parece duvidar do que viram. [Inadequado]
1. Os astronautas parecem duvidar do que viram. [Adequado]
...[parecem duvidar: locu??o verbal]
...[parecem: verbo auxiliar flexionado]
...[duvidar: verbo principal no infinitivo impessoal]
2. Os astronautas parece duvidarem do que viram. [Adequado]
...[parece duvidarem: dois verbos distintos]
...[parece: verbo na terceira pessoa do singular]
...[duvidarem: verbo principal no infinitivo pessoal, portanto, flexionado]
A segunda alternativa de concordancia se explica pela fun??o que o verbo parecer exerce na ora??o. Trata-se
de uma palavra que, sozinha, representa uma ora??o (ora??o principal) a qual uma outra é subordinada. Temos
clara essa situa??o de ora??o do verbo parecer se:
· invertermos a ordem dos termos da ora??o subordinada e colocarmos a ora??o parece em início de
período;
· acrescentarmos a palavra "que" junto ao verbo parecer.
Exemplos:
1. Os astronautas parece duvidarem do que viram.
...[parecem duvidar: locu??o verbal]
2. Parece duvidarem os astronautas do que viram.
...[parece: ora??o principal]
...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.ora??o subordinada; 2.sujeito da ora??o "parece"]
3. Parece que os astronautas duvidaram do que viram.
...[parece: ora??o principal]
...[duvidarem os astronautas do que viram:- 1.ora??o subordinada; 2. sujeito da ora??o "parece"]
A concordancia e o verbo "importar"
Dentre as significa??es que o verbo importar possui, existe aquela que expressa revelar interesse, ter
importancia. Nesse caso, quando o verbo importar vier acompanhado de uma ora??o subordinada subjetiva,
esse verbo deve se manter na 3a pessoa do singular.
A ora??o subordinada subjetiva exerce a fun??o de sujeito, ou seja, apresenta o sujeito em forma de ora??o.
Em geral esse tipo de ora??o é introduzido pelo pronome relativo (que, quem, por exemplo) que deve estar em
concordancia com o termo ao qual está ligado.
Exemplos:
1. N?o me importo que eles fujam. [Inadequado]
N?o me importa que eles fujam. [Adequado]
2. Quem vai ler estas cartas n?o importam. [Inadequado]
Quem vai ler estas cartas n?o importa. [Adequado]
Veja agora como a concordancia verbal é alterada quando o sujeito do verbo importar n?o é uma ora??o
subjetiva, mas um sujeito simples.
1. As fugas n?o importam a mim.
2. A pessoa que vai ler estas cartas n?o importa.
Coloca??o pronominal: defini??o
Dá-se o nome de coloca??o pronominal ao emprego adequado dos pronomes oblíquos átonos.
O emprego desses pronomes é sempre observado em rela??o ao verbo. Dessa forma, os pronomes oblíquos
átonos podem estar nas seguintes posi??es:
- ênclise
- Próclise
- Mesóclise
Em geral, a posi??o mais adequada desses pronomes é a enclítica. Porém, as formas do particípio n?o
admitem ênclise, ou seja, n?o é possível termos um pronome oblíquo átono após um particípio. Use, neste
caso, a próclise.
Exemplo:
1. Ele tinha dado-me um presente. [Inadequado]
Ele tinha me dado um presente. [Adequado]
Próclise
é o emprego dos pronomes oblíquos átonos antes do verbo.
O uso da próclise torna-se obrigatório:
· junto a palavras negativas
· junto a palavras interrogativas
· em ora??es subordinativas
· junto a advérbios ou express?es adverbiais
· em determinados tempos verbais
· junto a pronomes indefinidos
Em cada um desses casos acima relacionados observar-se-á palavras atrativas funcionando com condi??es para
o correto emprego dos pronomes.
Advérbios e o uso da próclise
é obrigatório o emprego da próclise em ora??es que contenham advérbios ou locu??es adverbiais antecedendo
o verbo. Isso só se dá se n?o houver qualquer palavra entre o verbo e o advérbio.
S?o exemplos de advérbios: aqui, lá, sempre, amanh?, assim, infelizmente, n?o, talvez, etc. S?o exemplos de
locu??es adverbiais: de vez em quando, com certeza, à direita, etc.
Exemplos:
1. Na verdade, sempre pediram-me o mesmo trabalho. [Inadequado]
Na verdade, sempre me pediram o mesmo trabalho. [Adequado]
2. De vez em quando torturavam-nos aquelas lembran?as! [Inadequado]
De vez em quando nos torturavam aquelas lembran?as! [Adequado]
Palavras negativas e o uso da próclise
é obrigatório o emprego da próclise em ora??es que contenham palavras negativas (n?o, nada, jamais, nem,
nunca, ninguém, nenhum, etc). Isso só se dá se n?o houver qualquer palavra entre o verbo e a palavra
negativa.
Exemplos:
1. Ninguém obrigava-o ao trabalho. [Inadequado]
Ninguém o obrigava ao trabalho. [Adequado]
2. Jamais considerei-me singular. [Inadequado]
Jamais me considerei singular. [Adequado]
Palavras interrogativas e o uso da próclise
é obrigatório o emprego da próclise em ora??es que contenham pronomes interrogativos ou advérbios
interrogativos em posi??o inicial da senten?a.
Em geral, esse tipo de senten?a é formada por uma locu??o verbal. Exs.: posso garantir, foi descoberto,
posso ser, quero agradecer.
Exemplos:
COM PRONOME INTERROGATIVO
1. Quem perturbava-nos tanto? [Inadequado]
Quem nos perturbava tanto? [Adequado]
2. Em que posso lhe ser útil? [Inadequado]
Em que lhe posso ser útil? [Adequado]
COM ADVéRBIO INTERROGATIVO
1. Como poderíamos agradecer-lhe? [Inadequado]
Como poderíamos lhe agradecer?[Adequado]
2. Por que ignoras-no dessa maneira? [Inadequado]]
Por que o ignoras dessa maneira? [Adequado]
Pronomes indefinidos e o uso da próclise
Se o sujeito da ora??o for um pronome indefinido ou a palavra "ambos", é obrigatório o uso da próclise. Isso
só se dá se o sujeito vier antes do verbo.
Exemplos:
1. Ambos tratavam-me com cortesia. [Inadequado]
Ambos me tratavam com cortesia. [Adequado]
2. Tudo causava-nos cansa?o. [Inadequado]
Tudo nos causava cansa?o. [Adequado]
3. Era fato: alguém atraía-lhe a aten??o. [Inadequado]
Era fato: alguém lhe atraía a aten??o. [Adequado]
Ora??es subordinadas e o uso da próclise
é obrigatório o emprego da próclise em ora??es subordinadas, apresentando ou n?o conjun??es subordinativas.
Em geral, essas ora??es s?o intercaladas, ou seja, aparecem no interior de outra ora??o. Ex.: A menina que
você amava tanto era minha filha.
Exemplos:
COM CONJUN??O SUBORDINATIVA
1. O edifício para onde mudei-me foi reformado. [Inadequado]
O edifício para onde me mudei foi reformado. [Adequado]
2. Gostaríamos que avissasem-nos sobre a reuni?o. [Inadequado]
Gostaríamos que nos avisassem sobre a reuni?o. [Adequado]
3. O envelope foi lacrado conforme informaram-lhe. [Inadequado]
O envelope foi lacrado conforme lhe informaram. [Adequado]
SEM CONJUN??O SUBORDINATIVA
1. Ela preferia mandasse-lhe flores ao jantar. [Inadequado]
2. Ela preferia lhe mandasse flores ao jantar. [Adequado]
ênclise
- O pronome e as ora??es reduzidas de infinitivo
- O pronome e o objeto direto
- O pronome e o verbo no infinitivo
- O pronome em início de senten?as
- O pronome e as ora??es reduzidas de infinitivo
O pronome e as ora??es reduzidas de infinitivo
Em geral o pronome reto (eu, tu, ele e etc.) ocupa a posi??o de sujeito da ora??o. Essa regra, porém, n?o se
aplica às ora??es reduzidas de infinitivo, onde o pronome oblíquo átono exerce a fun??o de sujeito.
As ora??es reduzidas n?o possuem qualquer conectivo (pronome relativo ou conjun??o) ligando-as à ora??o
principal. Por esse motivo preserva-se a possibilidade do emprego do pronome reto apenas na ora??o
principal. Conseqüentemente, o pronome oblíquo átono acumula para si duas fun??es na ora??o reduzida:
fun??o de sujeito e fun??o de objeto.
Exemplos:
1. Eu mandei as crian?as sair.
Eu mandei elas sair. [Inadequado]
Eu as mandei sair. [Adequado]
...[eu = sujeito da ora??o principal: "Eu mandei"]
...[as = sujeito de "sair" na ora??o reduzida; objeto direto de "mandei" na ora??o principal]
2. Enfim deixaram Carina e José entrar.
Enfim deixaram eles entrar. [Inadequado]
Enfim deixaram-nos entrar. [Adequado]
...[sujeito indeterminado na ora??o principal "Enfim deixaram"]
...[nos = sujeito de "entrar na ora??o reduzida; objeto direto de "deixaram" na ora??o principal]
O pronome e o objeto direto
O objeto direto é formado por um nome, em geral um substantivo. Esse nome pode vir substituído por um
pronome. Quando isso ocorre, o pronome empregado deve ser o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.).
O pronome reto (eu, tu, ele e etc) ocupa sempre a posi??o de sujeito da ora??o. Cabe, portanto, ao pronome
oblíquo exercer a fun??o de objeto da ora??o, complementando o verbo transitivo.
Exemplos:
1. Ela queria o prêmio para si.
Ela queria ele para si. [Inadequado]
Ela o queria para si. [Adequado]
...[ela = pronome reto = sujeito da ora??o]
...[o = pronome oblíquo = objeto direto da ora??o]
2. Chamaram Maria de santa.
Chamaram ela de santa. [Inadequado]
Chamaram-na de santa. [Adequado]
...[sujeito indeterminado do verbo "chamar"]
...[na = pronome oblíquo = objeto direto da ora??o]
O pronome e o verbo no infinitivo
Nas ora??es formadas por verbos no infinitivo, o sujeito é sempre um nome, em geral um substantivo, que
pode ser substituído por um pronome. Se essa ora??o com verbo no infinitivo n?o for uma ora??o reduzida do
infinitivo, o pronome empregado deve ser obrigatoriamente um pronome reto (eu, tu, ele e etc.).
O pronome reto ocupa sempre a posi??o de sujeito da ora??o. Já o pronome oblíquo (me, te, o, se e etc.)
exerce a fun??o de objeto da ora??o, complementando o verbo transitivo.
Freqüentemente ocorre uma assimila??o do emprego do pronome reto com o emprego do pronome oblíquo em
ora??es com infinitivo. Vejamos os exemplos de duas senten?as corretas:
1. Nunca pediram para eu fazer esse tipo de comida.
2. Nunca pediram esse tipo de comida para mim.
Observe que no exemplo (1) temos duas ora??es, com dois verbos e, conseqüentemente, dois sujeitos. Já no
exemplo (2) temos apenas uma ora??o e um sujeito. O sujeito do verbo "fazer" no exemplo (1) deve ser um
pronome reto. O complemento do verbo "pediram" no exemplo (2) deve ser um pronome oblíquo.
Exemplo:
1. Talvez eles mandem o formulário para mim preencher. [Inadequado]
Talvez eles mandem o formulário para eu preencher. [Adequado]
Uma regra prática para empregar corretamente o pronome reto nesse caso é observar se a ora??o termina com
verbo (para eu fazer). Caso isso n?o ocorra, o pronome empregado deve ser oblíquo (fazer para mim)
O pronome em início de senten?as
O pronome reto (eu, tu, ele e etc.) ocupa sempre a posi??o de sujeito da ora??o. Já o pronome oblíquo (me,
te, o, se e etc.) exerce a fun??o de objeto da ora??o, complementando o verbo transitivo. Como é papel do
sujeito iniciar uma senten?a, o pronome oblíquo n?o deve ocupar essa posi??o inicial.
Embora seja correto o emprego do pronome oblíquo antes do verbo (próclise), se o verbo estiver iniciando
senten?a é aconselhável o emprego do pronome depois do verbo (ênclise).
Exemplos:
1. Te censuraram em público. [Inadequado]
Censuraram-te em público. [Adequado]
2. Me passa o sal, por favor!. [Inadequado]
Passa-me o sal, por favor!. [Adequado]
Crase: defini??o
Dá-se o nome de crase (à) à contra??o entre a preposi??o "a" e o artigo definido feminino singular "a".
Os artigos apresentam a propriedade de se contraírem a determinadas preposi??es (ex.: de + o = do; em +
uma = numa). Na contra??o entre a preposi??o "a" e o artigo definido "a" a representa??o da forma "aa" é
substituída pelo emprego do acento grave sobre um único "a". A esse fen?meno chamamos craseamento.
S?o condi??es básicas para a existência da crase:
- que o termo que exige complemento (termo regente) também exija a preposi??o "a";
- que a palavra seguinte à preposi??o "a" seja feminina;
- que a palavra seguinte à preposi??o "a" possa ser acompanhada de determinantes, especialmente o artigo
definido feminino ("a").
Algumas particularidades sobre o uso da crase s?o tratadas de forma especial:
· A crase e os pronomes relativos
· A crase e os nomes no plural
· A crase e as palavras repetidas
· A crase e as locu??es prepositivas
· A crase e as locu??es adverbiais
· A crase e as locu??es conjuncionais
· A crase e o objeto indireto
· A crase e os numerais
· A crase e as preposi??es
· A crase e os artigos
· A crase e os verbos
· A crase e os pronomes de tratamento
· A crase e os pronomes demonstrativos
· A crase e os pronomes indefinidos
· A crase e os pronomes pessoais
· A crase e a palavra terra
· A crase e a palavra casa
· A crase e a conjun??o "caso"
· A crase e os nomes próprios
· A crase e as palavras masculinas
· A crase e as palavras no plural
A crase e os pronomes relativos
A crase n?o deve ser empregada junto aos pronomes relativos QUE, QUEM e CUJO(A).
Nas ora??es em que aparece um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado dos pronomes relativos acima
apontados, n?o se verifica a contra??o da preposi??o e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase
n?o é admitido.
Exemplos:
1. Havia qualquer problema com a tomada à que ligaram o aparelho. [Inadequado]
Havia qualquer problema com a tomada a que ligaram o aparelho. [Adequado
...[termo regente: ligar a]
...[termo regido: (a) tomada]
2. Era geniosa a funcionária à quem se reportava. [Inadequado]
Era geniosa a funcionária a quem se reportava. [Adequado]
...[termo regente: reportar-se a]
...[termo regido: (a) funcionária]
3. A mulher, à cuja filia??o se unira, esgotava-se em lágrimas. [Inadequado]
A mulher, a cuja filia??o se unira, esgotava-se em lágrimas. [Adequado]
...[termo regente: unir-se a]
...[termo regido: (a) filia??o]
A crase e os nomes no plural
A crase n?o deve ser empregada junto a nomes apresentados na forma plural.
Nas ora??es em que aparecem um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado de nomes no plural, n?o se
verifica a contra??o da preposi??o e o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase n?o é admitido.
Exemplos:
1. Sempre que lembrava, dava contribui??es à piadas grosseiras. [Inadequado]
Sempre que lembrava, dava contribui??es a piadas grosseiras. [Adequado]
...[termo regente: dar (contribui??es) a]
...[termo regido: piadas]
2. Quem ganhasse concorria à revistas em quadrinhos. [Inadequado]
Quem ganhasse concorria a revistas em quadrinhos. [Adequado]
...[termo regente: concorrer a]
...[termo regido: revistas]
Observe que esses nomes no plural n?o s?o determinados, porque a idéia indicada é de uma express?o
genérica. Ao contrário, se os nomes no plural regidos pela preposi??o "a" s?o determinados (ou seja:
especificados), o acento grave indicativo da crase deve ser empregado.
Exemplo:
1. A freqüência dos alunos as aulas é facultativa. [Inadequado]
A freqüência dos alunos às aulas é facultativa. [Adequado]
...[termo regente: freqüência a]
...[termo regido: as aulas]
A crase e palavras repetidas
A crase n?o deve ser empregada entre palavras repetidas.
Nas ora??es em que aparecem palavras repetidas ligadas pelo "a", n?o se verifica a contra??o da preposi??o e
o artigo, portanto o acento grave indicativo da crase n?o é admitido. Isso se dá porque esse "a" presente entre
as palavras repetidas é uma preposi??o somente, e n?o uma fus?o de preposi??o e artigo (crase).
Exemplos:
1. O manual explica passo à passo os procedimentos com a ferramenta. [Inadequado]
O manual explica passo a passo os procedimentos com a ferramenta. [Adequado]
2. Finalmente encontrávamos frente à frente na vota??o. [Inadequado]
Finalmente encontrávamos frente a frente na vota??o. [Adequado]
S?o exemplos de express?es ligadas pela preposi??o "a":
· ...passo a passo...
· ...frente a frente...
· ...gota a gota...
· ...ponto a ponto...
· ...de mais a mais...
A crase e as locu??es prepositivas
A crase deve ser empregada junto a algumas locu??es prepositivas.
As locu??es prepositivas seguidas de palavra feminina e que puderem vir acompanhadas por determinantes
(artigo, por exemplo), exigem o acento grave indicativo da crase.
Exemplos:
1. Requeremos o material junto a coordenadoria . [Inadequado]
Requeremos o material junto à coordenadoria. [Adequado]
2. N?o procurei por você devido a total falta de tempo. [Inadequado]
N?o procurei por você devido à total falta de tempo. [Adequado]
S?o exemplos de locu??es prepositivas formadas pela preposi??o "a":
· junto a
· devido a
· em frente a
· gra?as a
Existem locu??es prepositivas cuja preposi??o "a" aparece no início da locu??o e, em geral, terminam pela
preposi??o "de". O emprego da crase junto a essas locu??es é igualmente obrigatório, mesmo se a locu??o
n?o vier expressa na ora??o.
Exemplos:
1. Os gabinetes da empresa, diziam, estavam a beira do caos. [Inadequado]
Os gabinetes da empresa, diziam, estavam à beira do caos. [Adequado]
2. E eu continuei a espera de uma vaga... [Inadequado]
E eu continuei à espera de uma vaga... [Adequado]
3. Ele proclama a Carlos Gardel! [Inadequado]
Ele proclama à Carlos Gardel! [Adequado]
...[locu??o prepositiva implícita: à maneira de Carlos Gardel]
S?o exemplos de locu??es prepositivas formadas pela preposi??o "a":
· à beira de
· à espera de
· à maneira de
· à moda de
· à procura de
· à base de
A crase e as locu??es adverbiais
A crase deve ser empregada junto a locu??es adverbiais.
Nas ora??es em que aparece um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado de locu??es adverbiais, o
acento grave indicativo da crase é obrigatório. Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à locu??o for
feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo).
Exemplos:
1. O segredo é sempre virar a direita... [Inadequado]
O segredo é sempre virar à direita... [Adequado]
2. A tarde ela trabalha no hospital, mas a noite ela está em casa. [Inadequado]
à tarde ela trabalha no hospital, mas à noite ela está em casa. [Adequado]
Observe que as palavras femininas que podem ser determinadas participam da locu??o adverbial; ou seja, s?o
as palavras "(a) direita", "(a) tarde" e "(a) noite".
S?o outros exemplos de locu??es adverbiais formadas pela preposi??o "a":
· à distancia
· à toa
· à vontade
· às pressas
· às claras
· à m?o
· às vezes
A crase e as locu??es conjuncionais
A crase deve ser empregada junto a algumas locu??es conjuncionais.
Nas ora??es em que aparecem um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado de locu??es conjuncionais, o
acento grave indicativo da crase é obrigatório. Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à locu??o for
feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo).
Na Língua Portuguesa somente duas locu??es conjuncionais se enquadram nesse emprego da crase. S?o elas: à
medida que e à propor??o que.
Exemplos:
1. A dose do remédio diminuirá a medida que o problema seja reduzido . [Inadequado]
A dose do remédio diminuirá à medida que o problema seja reduzido. [Adequado]
2. O medo aumentava a propor??o que a noite caía. [Inadequado]
O medo aumentava à propor??o que a noite caía. [Adequado]
Observe que as palavras femininas que podem ser determinadas participam da locu??o conjuncional; ou seja,
s?o as palavras "(a) medida" e "(a) propor??o".
A crase e o objeto indireto
A crase deve ser empregada junto a alguns objetos indiretos.
Nas ora??es em que aparecem o termo regido pela preposi??o "a" introduzindo um objeto indireto, o acento
grave indicativo da crase é obrigatório. Isso, porém, só se dá se a palavra seguinte à preposi??o "a" for
feminina e puder vir acompanhada por determinantes (artigo, por exemplo).
O objeto indireto exerce a fun??o sintática de complemento preposicionado de um verbo transitivo indireto. A
preposi??o "a", portanto, pode introduzir o objeto indireto. Porém, é importante lembrar que a crase só deve
ser empregada se essa preposi??o introduzir uma palavra feminina (determinada ou n?o).
Exemplos:
1. O poeta dedicava aquela obra a esposa e aos filhos. [Inadequado]
O poeta dedicava aquela obra à esposa e aos filhos. [Adequado]
...[dedicar (a): verbo transitivo direto e indireto]
...[à esposa (e aos filhos): objeto indireto / (a) esposa = palavra feminina]
2. Os foli?es dariam f?lego a festa do carnaval. [Inadequado]
Os foli?es dariam f?lego à festa do carnaval. [Adequado]
...[dar (a): verbo transitivo direto e indireto]
...[à festa: objeto indireto / (a) festa = palavra feminina]
A crase e os numerais
A crase n?o deve ser empregada junto a numerais cardinais ou ordinais, exceto em casos especiais.
Nas ora??es em que aparece um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado de numerais, o acento grave
indicativo da crase é dispensado.
Exemplos:
1. Isso tudo foi explicado à três crian?as desatentas. [Inadequado]
Isso tudo foi explicado a três crian?as desatentas. [Adequado]
..[termo regente: explicar a]
..[três: numeral cardinal]
..[crian?as: palavra feminina plural]
2. Os informes chegavam à dois lugares distintos. [Inadequado]
Os informes chegavam a dois lugares distintos. [Adequado]
...[termo regente: chegavam a]
...[dois: numeral cardinal]
...[lugares: palavra masculina plural]
é importante assinalar, ainda, que o emprego da crase é dispensado quando a express?o composta pelo
numeral for indicativa de datas.
Exemplos:
1. De 03/04 à 20/05 estar?o abertas as inscri??es para o curso de extens?o. [Inadequado]
De 03/04 a 20/05 estar?o abertas as inscri??es para o curso de extens?o. [Adequado]
Caso especial:
Indica??o de horas: se a express?o composta pelo numeral indicar horas o emprego da crase torna-se
obrigatório.
Exemplos:
1. O v?o partirá as 13h00. [Inadequado]
O v?o partirá às 13h00. [Adequado]
A crase e as preposi??es
A crase n?o deve ser empregada junto a algumas preposi??es.
Dois casos, no entanto, devem ser observados quanto ao emprego da crase. Trata-se das preposi??es "a" e
"até" empregadas antes de palavra feminina. Essas únicas exce??es se devem ao fato de ambas indicarem,
além de outras, a no??o de movimento. Por isso, com rela??o à preposi??o "a" torna-se obrigatório o
emprego da crase, já que haverá a fus?o entre a preposi??o "a" e o artigo "a" (ou a simples possibilidade de
emprego desse artigo). Já a preposi??o "até" admitirá a crase somente se a idéia expressa apontar para
movimento.
Exemplos:
1. A entrada será permitida mediante à entrega da passagem. [Inadequado]
A entrada será permitida mediante a entrega da passagem. [Adequado]
2. Desde à assembléia os operários clamavam por greve. [Inadequado]
Desde a assembléia os operários clamavam por greve. [Adequado]
3. Os médicos eram chamados a sala de cirurgia. [Inadequado]
Os médicos eram chamados à sala de cirurgia. [Adequado]
...[termo regente: chamar a / "a" = preposi??o indicativa de movimento]
...[termo regido: (a) sala / "a" = artigo]
...[sala: palavra feminina]
4. Os escravos eram levados vagarosamente até a senzala.
Os escravos eram levados vagarosamente até à senzala.
...[termo regente: levar a / "a" = preposi??o indicativa de movimento]
...[termo regido: (a) senzala / "a" = artigo]
...[senzala: palavra feminina]
Observe que n?o foi apontado no exemplo (4) o uso inadequado e adequado das ocorrências de crase. Isso se
dá porque atualmente no Brasil o emprego da crase diante da preposi??o "até" é facultativo.
A crase e os artigos
A crase n?o deve ser empregada junto a artigos, exceto junto ao artigo "a".
Os artigos (o, a, um, uma e suas flex?es) s?o palavras que determinam um nome; por isso serem chamados de
determinantes. Eles podem ser apresentados na forma de contra??o, sendo a crase uma dessas formas. Isto é,
a crase é a contra??o, numa única palavra, entre o artigo definido feminino "a" e a preposi??o "a".
Antecedendo um artigo indefinido (um, uma, uns, umas) a crase n?o é admitida, uma vez que a palavra
seguinte à preposi??o, mesmo que feminina, já está acompanhada de um determinante.
Exemplos:
1. A homenagem está sendo entregue a a pesquisadora neste momento. [Inadequado]
A homenagem está sendo entregue à pesquisadora neste momento. [Adequado]
2. Você pode se dirigir à uma sala ao teu lado esquerdo. [Inadequado]
Você pode se dirigir a uma sala ao teu lado esquerdo. [Adequado]
Quando o termo "uma" é associada à palavra hora, ele funciona como um numeral e, nesse caso, deve-se
empregar a crase.
Exemplos:
1. Os ingressos esgotaram-se a uma hora do espetáculo. [Inadequado]
Os ingresso esgotaram-se à uma hora do espetáculo. [Adequado]
A crase e os verbos
A crase n?o deve ser empregada junto a verbos.
O fen?meno da crase existe quando há uma fus?o (ou contra??o) entre a preposi??o "a" e o artigo definido
feminino "a". Logo, se a palavra seguinte à preposi??o "a" for um verbo, o acento grave indicativo da crase n?o
é admitido.
Os verbos s?o palavras que n?o admitem determinantes (artigo, por exemplo). Como a condi??o básica da
existência da crase é a referência (mesmo que implícita) do artigo definido feminino, diante de verbos a crase
se torna absurda.
Exemplos:
1. Aquilo dava à entender que realmente havia conflitos em família. [Inadequado]
Aquilo dava a entender que realmente havia conflitos em família. [Adequado]
2. O prefeito se prop?s à estudar melhor o assunto. [Inadequado]
O prefeito se prop?s a estudar melhor o assunto. [Adequado]
A crase e os pronomes de tratamento
A crase n?o deve ser empregada junto a pronomes de tratamento, exceto em alguns casos, como
"senhora(s)".
Nas ora??es em que aparece um termo regido pela preposi??o "a" acompanhado de pronomes de tratamento, o
acento grave indicativo da crase n?o é admitido.
Exemplos:
1. Eu só empresto meu livro à você se for realmente necessário. [Inadequado]
Eu só empresto meu livro a você se for realmente necessário. [Adequado]
...[termo regente: emprestar (o livro) a]
...[termo regido: você]
2. Essas homenagens s?o afetuosamente dedicadas à Vossa Excelência. [Inadequado]
Essas homenagens s?o afetuosamente dedicadas a Vossa Excelência. [Adequado]
...[termo regente: dedicar a]
...[termo regido: Vossa Excelência]
Os pronomes de tratamento em geral n?o admitem determinantes (artigo, por exemplo). Dessa forma, n?o é
apresentada na ora??o a contra??o entre artigo e preposi??o, mas t?o somente a preposi??o. Porém, alguns
pronomes de tratamento, admitindo o determinante, exigem o acento grave indicativo da crase quando o
termo regente pede a preposi??o "a". S?o esses pronomes: senhora(s), senhorita(s), dona(s), madame(s)
Exemplos:
1. A correspondência é endere?ada a madame. [Inadequado]
A correspondência é endere?ada à madame. [Adequado]
...[termo regente: endere?ar a]
...[termo regido: (a) madame]
2. Alguém explicou a senhora o funcionamento do programa? [Inadequado]
Alguém explicou à senhora o funcionamento do programa? [Adequado]
...[termo regente: explicar (o funcionamento...) a]
...[termo regido: (a) senhora]
A crase e os pronomes demonstrativos
A crase n?o deve ser empregada junto a alguns pronomes demonstrativos.
Os pronomes demonstrativos n?o admitem determinantes (artigo, por exemplo). Dessa forma, n?o é
apresentada na ora??o a contra??o entre artigo e preposi??o, mas t?o somente a preposi??o.
Exemplos:
1. Os estudos apontados levaram-nos à estas conclus?es. [Inadequado]
Os estudos apontados levaram-nos a estas conclus?es. [Adequado]
2. Era exatamente à isso que a gente se referia. [Inadequado]
Era exatamente a isso que a gente se referia. [Adequado]
Outros demonstrativos (aquele – e suas flex?es –, mesmo, tal e, próprio) admitem a crase quando o termo
regido pela preposi??o "a" é uma palavra feminina determinada por esses pronomes.
Exemplos:
1. Voltei, ent?o, aquela estalagem dos sonhos de abril! [Inadequado]
Voltei, ent?o, àquela estalagem dos sonhos de abril! [Adequado]
...[termo regente: voltar a ]
...[termo regido: (a) estalagem]
...[estalagem: palavra feminina]
2. As glórias dos garimpeiros vinculavam-se a tal mobiliza??o do governo. [Inadequado]
As glórias dos garimpeiros vinculavam-se à tal mobiliza??o do governo. [Adequado]
...[termo regente: vincular-se a ]
...[termo regido: (a) mobiliza??o]
...[mobiliza??o: palavra feminina]
A crase e os pronomes indefinidos
A crase n?o deve ser empregada junto a alguns pronomes indefinidos.
Os pronomes indefinidos s?o aqueles que apresentam, de um modo vago, os seres em terceira pessoa. (ex.:
alguém falou; qualquer lugar; certas quest?es...). Tais quais os artigos, os pronomes indefinidos funcionam
como determinantes, ou seja, apresentam, mesmo que indeterminadamente, um nome. Desta forma, eles n?o
admitem um artigo antecedendo a palavra a qual acompanham (ex.: a alguém falou; um alguém falou).
Nas ora??es em que aparece o termo regido pela preposi??o "a" introduzindo um termo determinado por
pronome indefinido, o acento grave indicativo da crase é dispensado.
Exemplos:
1. Preocupado com as crian?as, dirigia-se agora à toda escola que conhecia. [Inadequado]
Preocupado com as crian?as, dirigia-se agora a toda escola que conhecia. [Adequado]
...[termo regente: dirigir-se a]
...[toda: pronome indefinido]
2. Sempre perguntava à outra enfermeira sobre qual o leito que lhe pertencia... [Inadequado]
Sempre perguntava a outra enfermeira sobre qual o leito que lhe pertencia. [Adequado]
...[termo regente: perguntar a]
...[outra: pronome indefinido]
A crase e os pronomes pessoais
A crase n?o deve ser empregada junto a pronomes pessoais.
Os pronomes pessoais s?o aqueles que apontam para as pessoas do discurso ou a elas se referem. Eles podem
ser pessoais do caso reto (eu, tu, ele e etc.) ou pessoais do caso oblíquo (me, te, o, lhe, mim, ti e etc.). Como
a crase é formada por uma preposi??o ("a") que indica movimento e n?o pessoas do discurso, o emprego do
acento grave junto aos pronomes pessoais é dispensado.
Os pronomes oblíquos exercem a fun??o sintática de objeto indireto; ou seja, est?o ligados a uma preposi??o e
formam com ela o complemento de um verbo transitivo indireto. Mesmo assim, sempre que a preposi??o "a"
acompanhar um pronome pessoal oblíquo ou reto, n?o deve vir craseado.
Exemplos:
1. Todos diziam à ela que os votos confirmariam a sua candidatura. [Inadequado]
Todos diziam a ela que os votos confirmariam a sua candidatura. [Adequado]
...[dizer (a): verbo transitivo direto E indireto]
...[a ela: objeto indireto]
2. As flores, pesadas de orvalho, foram oferecidas à mim somente! [Inadequado]
As flores, pesadas de orvalho, foram oferecidas a mim somente! [Adequado]
...[oferecer (a): verbo transitivo direto E indireto]
...[a mim: objeto indireto]
A crase e a palavra "terra"
A crase n?o deve ser empregada junto à palavra "terra".
Diversas constru??es com a palavra "terra" demonstram duas significa??es distintas para o mesmo termo. Em
(1) "Apesar dos esfor?os, tudo caiu por terra", temos a palavra "terra" indicando o sentido de terra firme,
ch?o. Já em (2) "Anos luz separam a lua da Terra", a palavra "terra" aponta para o sentido de planeta do
sistema solar.
Quando "terra" encerrar o sentido de (1), n?o é possível empregar o artigo definido feminino ("... tudo caiu por
a (pela) terra"). Dessa forma, o emprego da crase n?o é admitido.
Ao contrário, quando "terra" indicar o sentido apontado em (2), o emprego do artigo definido feminino é
permitido ("... separam a lua de a (da) terra"). Nesse caso, o emprego da crase é obrigatório.
Note, porém, que a crase só é utilizada se houver um termo regente da preposi??o "a". Assim, se a palavra
"terra" anteceder a preposi??o "a" e carregar consigo o sentido de (2), a crase deve ser empregada.
Exemplos:
1. Vários meteoritos desceram a terra depois de tantos anos de silêncio. [Inadequado]
Vários meteoritos desceram à terra depois de tantos anos de silêncio. [Adequado]
...[termo regente: descer a / "a" preposi??o]
...[terra: sentido de planeta do sistema solar]
2. Lan?aram à terra os gr?os t?o esperados da safra deste inverno. [Inadequado]
Lan?aram a terra os gr?os t?o esperados da safra deste inverno. [Adequado]
...[termo regente: lan?ar a / "a" preposi??o]
...[terra: sentido de solo, ch?o]
Na língua escrita costuma-se anotar a palavra "terra", com sentido de planeta terrestre, com a inicial
maiúscula. Assim, temos:
1. Os astronautas voltam à Terra com novas conquistas científicas.
A crase e a palavra "casa"
A palavra casa admite diversas acep??es e, por causa disso, estabelecem-se regras específicas para o uso da
crase.
Quando casa for empregada no sentido de lar, residência, n?o se usa a crase.
Exemplos:
1. Voltarei à casa quando a tiverem reformado. [Inadequado]
Voltarei a casa quando a tiverem reformado. [Adequado]
Note que nos exemplos acima a palavra casa funciona como dire??o do movimento expresso pelos verbos "ir" e
"voltar". Como os dois verbos exigem a preposi??o "a" (quem vai, vai a algum lugar, quem volta, volta a algum
lugar), e como casa é uma palavra feminina, era de esperar que acontecesse a contra??o da preposi??o "a"
(pedida pelo verbo) com o artigo "a" (exigido por "casa"), o que levaria à ocorrência da crase. No entanto, n?o
é o que se observa. A palavra casa, na acep??o de "lar", é entendida como um substantivo que n?o admite
artigo, porque se pressup?e que já esteja definida. Por esse mesmo motivo, quando casa é sin?nimo de "lar",
n?o se diz "Eu volto para a casa" ou "Eu cheguei na casa", mas "Eu volto para casa" e "Eu cheguei em casa".
Vejamos um exemplo em que casa assume o sentido de constru??o, edifício, prédio, admitindo o emprego da
crase.
1. Por favor, queiram se dirigir à casa ao lado!
é importante apontar, ainda, para a associa??o da palavra casa aos adjuntos adnominais. Quando a palavra
casa for especificada de algum modo (adjunto adnominal), o emprego da crase é obrigatório, mesmo com o
sentido de lar ou residência.
Exemplo:
1. A proposta é que voltemos à casa de Tiago.
...[casa: lar, residência]
...[de Tiago: adjunto adnominal]
A crase e a conjun??o "caso"
O fen?meno da crase existe quando há uma fus?o (ou contra??o) entre a preposi??o "a" e o artigo definido
feminino "a".
A crase n?o deve ser aplicada ao "a" que segue qualquer conjun??o. Apesar disso, freqüentemente se observa
o emprego da crase depois da conjun??o caso. Provavelmente, isso se dá por analogia a outros termos da
língua, como as express?es "devido à"..., "relativo à" que admitem a crase.
Exemplos:
1. Muitos ingressos ir?o faltar, caso à estréia seja adiada. [Inadequado]
Muitos ingressos ir?o faltar, caso a estréia seja adiada. [Adequado]
2. Caso às promessas sejam falsas, outras revoltas acontecer?o. [Inadequado]
Caso as promessas sejam falsas, outras revoltas acontecer?o. [Adequado]
é interessante notar, porém, que em casos de invers?o dos termos de uma ora??o que contenha a conjun??o
caso, pode-se verificar o "a" craseado após a conjun??o. Mesmo nesse caso, n?o se trata de a conjun??o caso
reger a preposi??o "a", mas sim de invers?o dos termos, em que um objeto indireto, por exemplo, é antecipado
na ora??o.
Exemplo:
1. Caso as ordens eu n?o me refira, lembrem-me, por favor. [Inadequado]
Caso às ordens eu n?o me refira, lembrem-me, por favor. [Adequado]
...[ordem linear: "Caso eu n?o me refira às ordens"]
...[às ordens: objeto indireto de "referir-se"]
A conjun??o caso pode ser substituída pela conjun??o "se", pois ambas têm valor condicional. Por essa
opera??o de substitui??o é possível ter clara a fun??o da palavra caso e, conseqüentemente, confirmar o
emprego inadequado da crase junto a essa palavra.
A crase e os nomes próprios
A crase n?o deve ser empregada junto a nomes próprios.
Os nomes próprios indicam um nome específico, em geral destinado a um ser em particular em oposi??o a um
ser genérico – nome comum (ex: cidade: ser genérico = nome comum; Campo Grande: ser específico = nome
próprio).
Os nomes próprios s?o empregados para designar, entre outros, pessoas (ex.: Maria), lugares (ex.: Brasil),
institui??es (Senado) e até nomes de santos (ex.: S?o José).
Quando houver um termo regente da preposi??o "a" antecedendo um nome próprio do tipo apontado acima o
acento grave indicativo do fen?meno da crase n?o é admitido, exceto se houver alguma rela??o de proximidade
como o mesmo.
O fato de n?o admitir o artigo como determinante é devido ao tipo de rela??o que se mantém com esses seres
apontados através dos nomes próprios. O artigo definido estabelece uma rela??o de proximidade (ou
intimidade) entre as pessoas do discurso. Dessa forma, entre um "tu" e "Maria", por exemplo, n?o há rela??o
de intimidade se essa "Maria" for desconhecida daquele "tu", logo n?o empregamos o artigo definido ("a Maria
veio aqui"), mas t?o somente "Maria veio aqui".
Note, ainda, que a crase só deve ser empregada antes de palavras femininas. Desse modo, s?o os nomes
próprios femininos que devem ser atentados quanto ao emprego do artigo feminino junto à preposi??o "a".
Exemplo:
1. Ele se referia à S?o Paulo quando falava daquela arquitetura. [Inadequado]
Ele se referia a S?o Paulo quando falava daquela arquitetura. [Adequado]
...[termo regente: referir a / "a" preposi??o]
...[S?o Paulo: nome próprio]
Uma regra prática para se determinar o emprego correto da crase nesse caso é substituir o verbo utilizado na
ora??o pelo verbo "voltar". Se o resultado da substitui??o for "voltar da" e n?o "voltar de", emprega-se a
crase.
Exemplos:
1. Ele se referia a Espanha quando falava daquela arquitetura. [Inadequado]
Ele se referia à Espanha quando falava daquela arquitetura. [Adequado]
...[voltar da Espanha e n?o de Espanha: emprego da crase]
2. As decis?es eram destinadas à Presidência e n?o ao Congresso. [Inadequado]
As decis?es eram destinadas a Presidência e n?o ao Congresso. [Adequado]
...[termo regente: destinar a / "a" preposi??o]
...[Presidência: nome próprio feminino]
3. A carmelita rogava à Santa Bárbara um olhar mais sereno aos pobres. [Inadequado]
A carmelita rogava a Santa Bárbara um olhar mais sereno aos pobres. [Adequado]
...[termo regente: rogar a / "a" preposi??o]
...[Santa Bárbara: nome próprio feminino]
A crase e as palavras masculinas
A crase n?o deve ser empregada junto a palavras masculinas.
O fen?meno da crase existe quando há uma fus?o (ou contra??o) entre a preposi??o "a" e o artigo definido
feminino "a". Logo, se a palavra seguinte à preposi??o "a" for masculina, o acento grave indicativo da crase n?o
é admitido.
Exemplos:
1. Os alunos seriam instruídos para escreverem à lápis. [Inadequado]
Os alunos seriam instruídos para escreverem a lápis. [Adequado]
2. As bolas lan?adas à gol foram rebatidas. [Inadequado]
As bolas lan?adas a gol foram rebatidas. [Adequado]
Note que no exemplo (1) estamos diante de uma locu??o adverbial, o que faz com que apenas o acento grave
referente à crase seja dispensado. Já em (2) é obrigatória a representa??o da contra??o a + o (ao: a =
preposi??o; o = artigo definido masculino).
Uma das regras práticas para se determinar o emprego adequado da crase em Língua Portuguesa é substituir
a palavra feminina seguinte à preposi??o "a" por uma palavra masculina. Se o resultado for a ocorrência da
contra??o "ao" o emprego da crase é confirmado.
Exemplo:
1. Todos os problemas se restringem à obten??o de verbos.
Todos os problemas se restringem ao tipo de recurso disponível.
...[(a) obten??o: palavra feminina]
...[o tipo: palavra masculina]
é importante lembrar ainda que a crase deve ser empregada antes de palavra feminina mesmo se essa
palavra for antecedida de numeral.
Exemplo:
1. Por enquanto a atleta se dedicava a primeira etapa do percurso. [Inadequado]
Por enquanto a atleta se dedicava à primeira etapa do percurso. [Adequado]
...[termo regente: dedicar a]
...[primeira: numeral ordinal]
...[etapa: palavra feminina singular]
A crase e as palavras no plural
A crase no singular n?o deve ser empregada junto a palavras no plural.
O fen?meno da crase existe quando há uma fus?o (ou contra??o) entre a preposi??o "a" e o artigo definido
feminino "a". Logo, se a palavra seguinte à preposi??o "a" for feminina, mas plural, o acento grave indicativo
da crase é dispensado.
Outra op??o de corretude da constru??o com a crase é apresentar a contra??o entre a preposi??o "a" e o artigo
definido feminino plural "as" diante de palavras femininas no plural, resultando na forma "às".
Exemplos:
1. As mudan?as propostas s?o pertinentes às caderneta de poupan?a. [Inadequado]
As mudan?as propostas s?o pertinentes a caderneta de poupan?a. [Adequado]
2. Na verdade, as histórias de bruxas pertenciam a fantasias infantis. [Inadequado]
Na verdade, as histórias de bruxas pertenciam às fantasias infantis. [Adequado]
Regência
· Regência Nominal
· Regência Verbal
Regência Nominal
Os substantivos, adjetivos e advérbios geralmente exigem que seus complementos venham precedidos por uma
determinada preposi??o específica, prevista nos dicionários de regência. A utiliza??o de outra preposi??o, n?o
prevista, constitui erro de regência, e deve ser evitada.
à esquerda apresentamos alguns casos inadequados de regência nominal; à direita seguem as constru??es
recomendadas:
"TV a cores" "TV em cores"
"bacharel de direito" "bacharel em direito"
"igual eu" "igual a mim"
"alienado com" "alienado de"
"curioso com" "curioso de/por"
Regência verbal
· A regência e o verbo "assistir"
· A regência e o verbo "preferir"
· A regência e o verbo "visar"
· A regência e o verbo "aspirar"
· A regência e os verbos pronominais
· A regência e as ora??es subordinadas
· A regência e o uso de preposi??es
· A regência e o verbo "proceder"
A regência e o verbo "assistir"
O verbo "assistir" varia de significa??o conforme as rela??es que estabelece com as preposi??es. Trata-se
da regência verbal, responsável, nesse caso, pela altera??o de significado da express?o.
O verbo "assistir", dentre outras acep??es, pode se apresentar como:
· verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de presenciar, ver, observar; rege a preposi??o "a"
e n?o admite a substitui??o do termo regido pelo pronome oblíquo "lhe", mas sim "o(s)" e "a(s)";
· verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de caber (direito a alguém), pertencer; rege a
preposi??o "a" e admite a substitui??o do termo regido pelo pronome oblíquo "lhe(s)";
· verbo transitivo direto: aponta para o sentido de socorrer, prestar assistência e n?o rege qualquer
preposi??o.
A é determinante na constru??o correta de cada uma das express?es acima. Assim, quando o verbo "assistir"
for empregado para indicar os sentidos apontados em (1) e (2), é obrigatória a presen?a da preposi??o
regida.
Exemplos:
1. Os mais velhos insistiam em querer assistir o jogo em pé. [Inadequado]
Os mais velhos insistiam em querer assistir ao jogo em pé. [Adequado]
Os mais velhos insistiam em querer assisti-lo em pé. [Adequado]
...[termo regente: assistir a = ver, observar]
2. Assiste o médico o direito de solicitar as informa??es sobre seu cliente. [Inadequado]
Assiste ao médico o direito de solicitar as informa??es sobre seu cliente. [Adequado]
Assiste-lhe o direito de solicitar as informa??es sobre seu cliente. [Adequado]
...[termo regente: assistir a = caber, pertencer]
3. Tua equipe assistiu aos processos de forma brilhante e participativa. [Inadequado]
Tua equipe assistiu os processos de forma brilhante e participativa. [Adequado]
Tua equipe os assistiu de forma brilhante e participativa. [Adequado]
...[termo regente: assistir = prestar assistência, socorrer]
A regência e o verbo "preferir"
O verbo "preferir" é um verbo transitivo direto e indireto, portanto rege a preposi??o "a".
A regência verbal é determinante na constru??o correta de express?es formadas com o verbo "preferir".
Embora na língua coloquial empregue-se o termo "do que" em lugar da preposi??o "a", quando há rela??o de
compara??o, a regência adequada da língua culta ainda exige a presen?a do "a" preposicional.
Exemplos:
1. Meus alunos preferem o brinquedo do que o livro. [Inadequado]
Meus alunos preferem o brinquedo ao livro. [Adequado]
...[objeto direto: o brinquedo]
...[objeto indireto: ao livro]
2. O pequeno infante preferiu marchar do que esperar pelos ataques. [Inadequado]
O pequeno infante preferiu marchar a esperar pelos ataques. [Adequado]
...[objeto direto: marchar]
...[objeto indireto: a esperar]
A raz?o do emprego inadequado do termo "do que" nesse tipo de constru??o se deve ao processo de
assimila??o de express?es comparativas do tipo:
1. Prefiro mais ler do que escrever!
A palavra "mais", nesse caso, caiu em desuso, porém o segundo termo da compara??o ("do que") ainda
permanece, gerando a confus?o quanto à regência: o verbo preferir rege t?o só a preposi??o "a" e n?o o termo
"do que".
A regência e o verbo "visar"
O verbo "visar" varia de significa??o conforme as rela??es que estabelece com as preposi??es. Trata-se da
regência verbal, responsável, nesse caso, pela altera??o de significado da express?o.
O verbo "visar", dentre outras acep??es, pode se apresentar como:
· verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de pretender, ter por objetivo, ter em vista; rege a
preposi??o "a" e n?o admite a substitui??o do termo regido pelo pronome oblíquo "lhe", mas sim
"o(s)" e "a(s)";
· verbo transitivo direto: aponta para o sentido de mirar, apontar (arma de fogo) e n?o rege
qualquer preposi??o.
A regência verbal é determinante na constru??o correta de cada uma das express?es acima. Assim, quando o
verbo "visar" for empregado para indicar o sentido apontado em (1), é obrigatória a presen?a da preposi??o
regida.
Exemplos:
1. Os estudantes visam uma melhor coloca??o profissional. [Inadequado]
Os estudantes visam a uma melhor coloca??o profissional. [Adequado]
Os estudantes visam-na. [Adequado]
...[termo regente: visar a = ter por objetivo]
2. Os combatentes visavam aos territórios ocupados recentemente. [Inadequado]
Os combatentes visavam os territórios ocupados recentemente. [Adequado]
Os combatentes visavam-nos. [Adequado]
...[termo regente: visar = mirar]
A regência e o verbo "aspirar"
O verbo "aspirar" varia de significa??o conforme as rela??es que estabelece com as preposi??es. Trata-se da
regência verbal, responsável, nesse caso, pela altera??o de significado da express?o.
O verbo "aspirar", dentre outras acep??es, pode se apresentar como:
· verbo transitivo indireto: aponta para o sentido de almejar, desejar; rege a preposi??o "a" e n?o
admite a substitui??o do termo regido pelo pronome oblíquo "lhe", mas sim "o(s)" e "a(s)";
· verbo transitivo direto: aponta para o sentido de respirar, cheirar, inalar e n?o rege qualquer
preposi??o.
A regência verbal é determinante na constru??o correta de cada uma das express?es acima. Assim, quando o
verbo "aspirar" for empregado para indicar o sentido apontado em (1) é obrigatória a presen?a da preposi??o
regida.
Exemplos:
1. Os quase mil candidatos aspiravam a única vaga disponível. [Inadequado]
Os quase mil candidatos aspiravam à única vaga disponível. [Adequado]
Os quase mil candidatos aspiravam-na. [Adequado]
...[termo regente: aspirar a = desejar]
2. E eu era obrigado a aspirar ao mau cheiro dos canaviais... [Inadequado]
E eu era obrigado a aspirar o mau cheiro dos canaviais... [Adequado]
E eu era obrigado a aspirá-lo. [Adequado]
...[termo regente: aspirar = inalar]
A regência e os verbos pronominais
Os verbos pronominais s?o termos que, em geral, regem complementos preposicionados.
S?o considerados verbos pronominais aqueles que se apresentam sempre com um pronome oblíquo átono
como parte integrante do verbo (ex.: queixar-se, suicidar-se). Alguns verbos pronominais, porém, podem
requerer um complemento preposicionado. é o caso, por exemplo, do verbo "queixar-se" (queixar-se de) e n?o
do verbo "suicidar-se".
Quando os verbos pronominais exigirem complemento, esse deve sempre vir acompanhado de preposi??o.
Exemplos:
1. Naquele momento os fiéis arrependeram-se os seus pecados. [Inadequado]
Naquele momento os fiéis arrependeram-se dos seus pecados. [Adequado]
...[dos: de + os = dos / de = preposi??o]
...[dos seus pecados: objeto indireto]
2. Os biólogos do zoológico local dedicam-se as experiências genéticas. [Inadequado]
Os biólogos do zoológico local dedicam-se às experiências genéticas. [Adequado]
...[às: a (preposi??o) + as (artigo) = às]
...[às experiências genéticas: objeto indireto]
Note que, no exemplo (2), o verbo "dedicar-se" n?o é essencialmente pronominal, mas sim acidentalmente
pronominal. Isto é, esse verbo pode se apresentar sem o pronome oblíquo e, nesse caso, deixa de ser
pronominal (ex.: Ele dedicou sua vida ao pobres). Casos como esse, porém, demonstram que, em princípio,
qualquer verbo pode se tornar pronominal e, portanto, possuir um complemento preposicionado.
A regência e as ora??es subordinadas
Um período composto é aquele que apresenta uma ora??o principal e uma ou mais ora??es dependentes desta
principal. As ora??es subordinadas s?o dependentes e, em geral, ligam-se à ora??o principal por meio de
conectivos (pronomes, conjun??es e etc.).
As ora??es subordinadas adjetivas e as ora??es subordinadas adverbiais, quando introduzidas por um pronome
relativo (que, qual, quem e etc.), devem conservar a regência dos seus verbos.
Exemplo:
1. A vaga para o emprego o qual/que eu lhe falei continua aberta. [Inadequado]
A vaga para o emprego do qual/de que eu lhe falei continua aberta. [Adequado]
...[A vaga para o emprego continua aberta: ora??o principal]
...[do qual eu lhe falei: ora??o subordinada]
...[falei de emprego a você = de que/do qual OU falei sobre o emprego a você = sobre o qual]
Notem que a preposi??o regida pelo verbo da ora??o subordinada vem antes do pronome relativo. Deve-se
compreender, no entanto, que essa regência verbal é relativa ao verbo da ora??o subordinada (falei de/ falei
sobre) e n?o ao verbo da ora??o principal (continua). Vejamos outro exemplo:
1. A pessoa que me casei é muito especial. [Inadequado]
A pessoa com quem me casei é muito especial. [Adequado]
...[A pessoa é muito especial: ora??o principal]
...[com quem me casei: ora??o subordinada]
...[casei-me com a pessoa = com quem]
A regência e o uso de preposi??es
Na constru??o de uma unidade significativa, algumas palavras exigem o acompanhamento de outros elementos
da língua. Essa rela??o de dependência com vistas à forma??o de um significado é chamada regência.
A regência pode ser direta, quando a rela??o de dependência é imediata, ou indireta, quando ela é
intermediada por outros elementos da língua, como as preposi??es. A regência do substantivo sobre o adjetivo
(como em "a menina bonita"), ou do verbo transitivo direto sobre seu complemento (ex.: "Maria ama Pedro")
se dá de forma direta, enquanto a regência do substantivo sobre outro substantivo (como em "a filha de
Maria") ou de um verbo transitivo indireto sobre seu complemento (ex.: "Maria gosta de Pedro") se faz
necessariamente por meio de uma preposi??o.
Nos casos de regência indireta, é preciso observar que nem todas as preposi??es podem desempenhar o papel
de ligar o regente ao regido. Além disso, o uso de uma ou outra preposi??o pode provocar altera??es de
significado bastante consideráveis (ex.: "ir para casa", "ir de casa", "ir na casa", etc.). Por isso, é preciso
estar atento para o conjunto de preposi??es exigidas pelo regente, e para as implica??es do seu uso.
A seguir alguns verbos da língua portuguesa que envolvem problemas freqüentes quanto à regência:
CONSTRU??O INADEQUADA CONSTRU??O ADEQUADA
estar de (greve) estar em (greve)
namorar com namorar
arrasar com arrasar
repetir de (ano) repetir o (ano)
Exemplos:
1. Suzana continuava a dizer que namorava com Mário. [Inadequado]
Suzana continuava a dizer que namorava Mário. [Adequado]
2. Meus pais n?o suportariam se eu repetisse de ano! [Inadequado]
Meus pais n?o suportariam se eu repetisse o ano! [Adequado]
A regência e o verbo "proceder"
O verbo "proceder" é um verbo transitivo indireto, e rege a preposi??o "a".
Freqüentemente se observa na linguagem coloquial o emprego do verbo proceder sem a preposi??o. Essa é
uma licen?a da língua falada que, por assimilar o sentido do verbo proceder ao sentido de outros verbos
sin?nimos como realizar, efetuar, etc., transfere para proceder a transitividade direta, ou seja, o n?o uso de
preposi??o. No entanto, isso n?o deve ser aplicado na linguagem culta, que exige a presen?a da preposi??o "a"
(ou a sua contra??o) junto ao verbo.
Exemplos:
1. Os apuradores procederam a contagem dos votos das escolas de samba. [Inadequado]
Os apuradores procederam à contagem dos votos das escolas de samba. [Adequado]
...[objeto indireto: à contagem]
...[à: contra??o = a (artigo) + a (preposi??o) = crase]
2. O interrogatório que se procedeu foi decisivo. [Inadequado]
O interrogatório a que se procedeu foi decisivo. [Adequado]
...[a que se procedeu: ora??o subordinada adjetiva]
No exemplo (2) temos a preposi??o regida pelo verbo proceder iniciando uma ora??o adjetiva, ou seja, uma
ora??o que se relaciona a um termo da ora??o principal, indicando-lhe uma nova informa??o. Para ficar clara a
regência do verbo, vamos inverter a ordem das ora??es:
1. "Procedeu-se ao interrogatório que foi decisivo."
...[ao interrogatório: objeto indireto]
...[ao: contra??o = a (preposi??o) + o (artigo)]
O verbo proceder também pode ser empregado na sua concep??o de verbo intransitivo. Nesse caso ele tem
sentido de comportar-se, agir. Como um verbo intransitivo, n?o há complemento ligado ao verbo, portanto, n?o
há também o uso de preposi??o.
Exemplos:
1. De que maneira os turistas procederam?
2. Espantei-me com aquela mulher que procedeu com firmeza diante da acusa??o.
...[procedeu: verbo intransitivo = n?o exige complemento]
...[com firmeza: adjunto adverbial de modo]
...[diante da acusa??o: adjunto adverbial de tempo]
As fun??es do "se"
"se" (índice de indetermina??o do sujeito) e a concordancia
"se" (partícula apassivadora) e a concordancia
"se" (partícula apassivadora) e o sujeito oracional
O "se" em início de senten?a
"se" (índice de indetermina??o do sujeito) e a concordancia
A palavra "se", quando empregada junto a verbos intransitivos ou transitivos indiretos, n?o exerce qualquer
fun??o sintática na ora??o. A sua forma está sendo empregada t?o somente para marcar um sujeito
indeterminado.
Exemplos:
1. Morre-se de fome.
...[morrer: verbo intransitivo]
...[se: índice de indetermina??o do sujeito = alguém morre]
2. Acreditava-se nas palavras do messias.
...[acreditar: verbo transitivo indireto]
...[se: índice de indetermina??o do sujeito = alguém acreditava]
Nas ora??es em que aparece o índice de indetermina??o do sujeito a concordancia verbal é fixa: verbo na
terceira pessoa do singular. Dessa forma, tem-se marcado o fato de n?o se poder identificar um sujeito
exato.
1. Precisam-se de balconistas. [Inadequado]
Precisa-se de balconistas. [Adequado]
2. Gritavam-se de dor! [Inadequado]
Gritava-se de dor! [Adequado]
"se" (partícula apassivadora) e a concordancia
A palavra "se", quando empregada junto a verbo transitivo direto ou verbo transitivo direto e indireto, n?o
exerce qualquer fun??o sintática na ora??o. A sua forma está sendo empregada t?o somente para marcar uma
voz verbal.
As vozes verbais s?o: voz ativa, voz passiva e voz reflexiva. A voz passiva, por sua vez, pode se apresentar ou
na forma analítica (com verbo ser) ou na forma sintética (com a partícula apassivadora "se").
Exemplos:
1. Eles afiam alicates aqui. [voz ativa]
...[sujeito da ora??o: eles]
2. Alicates s?o afiados aqui. [voz passiva analítica]
...[sujeito da ora??o: alicates]
3. Afiam-se alicates aqui. [voz passiva sintética]
...[sujeito da ora??o: alicates]
Nas ora??es em que aparece a partícula apassivadora do verbo, o sujeito da ora??o está em posi??o posterior
ao verbo. Mesmo assim, é obrigatória a concordancia verbal (número e pessoa) entre o sujeito da ora??o e o
verbo ao qual se liga.
Exemplos:
1. Embora seja inútil, pede-se as informa??es aos fabricantes. [Inadequado]
Embora seja inútil, pedem-se as informa??es aos fabricantes. [Adequado]
2. Calculam-se o peso nessa máquina! [Inadequado]
Calcula-se o peso nessa máquina! [Adequado]
3. Vende-se casas! [Inadequado]
Vendem-se casas! [Adequado]
Uma regra prática para se identificar a palavra se como partícula apassivadora do verbo e, ent?o, promover a
concordancia verbal adequada, é transformar a ora??o na voz passiva sintética em ora??o na voz passiva
analítica.
Exemplos:
1. Embora seja inútil, pede-se as informa??es aos fabricantes. [voz passiva sintética]
2. Embora seja inútil, as informa??es s?o pedidas aos fabricantes. [voz passiva analítica]
"se" (partícula apassivadora) e o sujeito oracional
As ora??es subordinadas subjetivas exercem a fun??o de sujeito do período. Trata-se de um sujeito formado
por uma ora??o, portanto, sujeito oracional. As ora??es subjetivas podem ser introduzidas por algum
conectivo (em geral uma conjun??o, como "que", "se" e etc.) ou por um verbo no infinitivo.
Exemplos:
1. é importante que saibamos o valor da moeda comercial.
...[sujeito oracional: que saibamos o valor da moeda comercial]
...[conectivo: que]
2. Sabe-se que o valor da moeda comercial caiu.
...[sujeito oracional: que o valor da moeda comercial caiu]
...[conectivo: que]
As ora??es com sujeito oracional (ora??o subjetiva) podem se apresentar na voz passiva sintética. Ou seja,
junto ao verbo emprega-se a palavra "se" (partícula apassivadora do verbo), como apontamos no exemplo (2).
Quando as ora??es subjetivas na voz passiva sintética s?o introduzidas por algum conectivo ou um verbo no
infinitivo, o verbo da ora??o principal deve ser empregado sempre na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
1. Costumam-se informar com antecedência os resultados. [Inadequado]
Costuma-se informar com antecedência os resultados. [Adequado]
2. Cogitaram-se se os animais tentaram o ataque em sua própria defesa. [Inadequado]
Cogitou-se se os animais tentaram o ataque em sua própria defesa. [Adequado]
3. Consideram-se que esses s?o os valores definitivos. [Inadequado]
Considera-se que esses s?o os valores definitivos. [Adequado]
O "se" em início de senten?a
A palavra "se" desempenha diversas fun??es na língua portuguesa: partícula apassivadora, índice de
indetermina??o do sujeito, pronome, conjun??o, palavra integrante, termo expletivo, etc.
Dentre essas várias fun??es do "se", a de conjun??o é a única que permite o seu emprego em início de
senten?a. Enquanto conjun??o, o "se" indica a idéia de condi??o, possibilidade; por isso, é uma conjun??o
condicional. é possível, portanto, iniciar uma senten?a com uma ora??o condicional, ou seja, impondo-se uma
condi??o para que um fato ocorra.
Por conseqüência dessas observa??es acima, é inaceitável o emprego da palavra "se" como pronome, por
exemplo, em início de senten?a. O pronome "se" é um pronome pessoal reflexivo ou recíproco. Dentre os
pronomes pessoais, os únicos permitidos para figurarem em início de senten?a s?o os pronomes pessoais do
caso reto (eu, tu, ele e etc.). Os demais pronomes pessoais (os oblíquos: me, te, o, a e etc. e os reflexivos e
recíprocos: nos, se e etc.), ocupam posi??o interna na senten?a.
Exemplos:
1. Se ofendiam e se amavam compulsivamente. [Inadequado]
Ofendiam-se e amavam-se compulsivamente. [Adequado]
2. Se aproximaram um do outro fingindo ignorarem-se. [Inadequado]
Aproximaram-se um do outro fingindo ignorarem-se. [Adequado]
Como partícula apassivadora, o "se" mantém-se junto ao verbo, da mesma forma que o pronome. Sua liga??o
com o verbo é demonstrada pelo uso do hífen, que n?o permite que o "se" fique solto na senten?a. é
inadequado, portanto, o emprego do "se" - partícula apassivadora - em início de senten?a.
Exemplos:
1. Se ouvem passos no corredor, aterrorizando a madrugada. [Inadequado]
Ouvem-se passos no corredor, aterrorizando a madrugada. [Adequado]
2. Se calcula imposto de renda aqui. [Inadequado]
Calcula-se imposto de renda aqui. [Adequado]
é interessante exemplificar, ainda, o emprego inadequado do "se" quando este exerce a fun??o de partícula
integrante de verbos. Nessa situa??o, o "se" é representado porque faz parte dos chamados verbos
pronominais (ex.: suicidar-se, arrepender-se). Nesse caso, o "se" também é inaceitável em início de senten?a,
devendo se apresentar posterior ao verbo quando este verbo estiver em posi??o inicial.
Exemplos:
1. Se informe sobre as inscri??es na secretaria da escola. [Inadequado]
Informe-se sobre as inscri??es na secretaria da escola. [Adequado]
2. Se comprometeu com a organiza??o do baile, mas cometera um erro. [Inadequado]
Comprometeu-se com a organiza??o do baile, mas cometera um erro. [Adequado]
A seguir, algumas senten?as em que o "se" funciona como uma conjun??o condicional e, por isso, pode se
apresentar no início de senten?as:
Exemplos:
1. Se todos concordarem, faremos um novo sorteio.
2. Se você chegasse mais cedo, poderia assistir nosso show de mágica.
3. Se ele contar nosso segredo, jamais o perdoaremos.
Acentua??o gráfica
Os acentos gráficos e os sinais diacríticos s?o utilizados para indicar, na escrita, a pronúncia correta de uma
palavra. Em português, devem vir sobrepostos às vogais.
Para a coloca??o dos acentos gráficos, temos várias regras. Vejamos:
1. Palavras Oxítonas
2. Palavras Paroxítonas
3. Palavras Proparoxítonas
4. Ditongos Abertos
5. Hiatos
6. Monossílabos
7. Acento Diferencial
8. Grupos gu e qu
9. Acento Grave
Palavras Oxítonas
S?o as palavras nas quais a sílaba t?nica é a última.
Devemos acentuar graficamente as palavras oxítonas terminadas em: a(s), e(s), o(s), em, ens.
Exemplos: tup?, café, prop?s, alguém, parabéns.
Incluem-se nesta regra também as formas verbais seguidas dos pronomes lo(s) e la(s)
Exemplo: entregá-lo, fá-lo-á, p?-lo.
N?o s?o acentuadas graficamente as palavras oxítonas terminadas em i(s) e u(s): parti-lo (e n?o partí-lo),
saci (e n?o sací), Bauru (e n?o Baurú).
Palavras Paroxítonas
S?o as palavras nas quais a sílaba t?nica é a penúltima.
Devemos acentuar graficamente as palavras paroxítonas terminadas em: l, i(s), n, us, um, uns, r, x, ?(s),
?o(s), ps e ditongo oral seguido ou n?o de s.
Exemplo: fácil, júri, pólen, b?nus, álbum, flúor, ím?, órf?o, fórceps, intoleráveis.
N?o s?o acentuadas graficamente as palavras paroxítonas terminadas em ns: hífen, mas hifens; pólen, mas
polens.
Palavras Proparoxítonas
S?o as palavras nas quais a sílaba t?nica é a antepenúltima.
Todas as palavras proparoxítonas s?o acentuadas.
Exemplo: óculos, psicológica.
Ditongos Abertos
Acentuam-se os ditongos t?nicos abertos éi, éu e ói, seguidos ou n?o de s
Exemplo: papéis, céu, esferóides
Hiatos
Acentuam-se o i e o u, quando segunda vogal t?nica dos hiatos, se formarem sílabas sozinhos ou
acompanhados de s, e n?o vierem seguidos de nh na sílaba seguinte.
Exemplo: juízes, baú, egoísta, balaústre
Coloca-se acento circunflexo na primeira vogal t?nica dos hiatos ?o e êe.
Exemplo: v?o, lêem
Monossílabos
Acentuam-se graficamente os monossílabos t?nicos terminados em a(s), e(s), o(s).
Exemplo: pá, pé, pó
Acento Diferencial
Em algumas palavras utiliza-se o acento gráfico para diferenciar formas homógrafas:
Exemplos:
1. pára (verbo) – para (preposi??o)
2. pêlo (cabelo) – pelo (por +o) – pélo (verbo pelar)
3. têm (verbo no plural) – tem (verbo no singular)
4. p?de (verbo pretérito – som fechado) – pode (verbo presente – som aberto)
5. p?r (verbo) – por (preposi??o)
6. vêm (verbo no plural) – vem (verbo no singular)
Grupos gu e qu
Acentua-se, com acento agudo, o u t?nico dos grupos gu e qu, sempre que seguido de e ou i.
Exemplo: argúi, averigúe.
Emprega-se o trema no u átono pronunciado dos grupos gu e qu, sempre que seguido de e ou i.
Exemplo: agüentar, argüi??o, eloqüente, tranqüilo.
Acento Grave
Utiliza-se o acento grave, indicativo da crase, para assinalar a contra??o da preposi??o a com o artigo a e com
os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo.
Exemplo: à, às, àquele(s), àquela(s), àquilo.
Uso de Siglas e Abreviaturas
As abreviaturas s?o formas convencionais que respeitam regras rígidas de forma??o, n?o podendo ser
confundidas com a abrevia??o, que é somente a redu??o de uma palavra.
Exemplos:
· s. (substantivo) - abreviatura
· foto (fotografia) - abrevia??o
é importante, portanto, conhecer outras particularidades das siglas e abreviaturas:
· Uso de Abreviaturas
· Uso de Siglas
Uso de Abreviaturas
Nos textos escritos, em especial formais, evite ao máximo o uso de abreviaturas. Prefira escrever as palavras
por extenso.
Lembre-se de que os acentos existentes nas palavras originais s?o mantidos nas abreviaturas.
Nem todos os substantivos masculinos aceitam o "o" sobrescrito em seu processo de abreviatura.
O "o" sobrescrito deve ser utilizado:
apenas para a redu??o dos numerais ordinais ("1o")
opcionalmente, em alguns substantivos masculinos terminados em "o", como: "engo" (engenheiro) ou "Colo"
(colégio).
Substantivos masculinos terminados em consoante (professor, por exemplo) devem ser reduzidos sem
referência ao gênero ("prof.").
O "a" sobrescrito, por sua vez, deve ser obrigatoriamente utilizado sempre que indicar gênero feminino, como
em: "2a" ou "prof.a" (professora).
Uso de Abreviaturas de Logradouros, Títulos Honoríficos e Nomes Próprios:
Recomenda-se que as abreviaturas de títulos honoríficos, profiss?es, cargos e logradouros como:
"Dr.", "Dra.", "Sr.", "Sra.", "D.", "prof.", "eng.", "gen.", "cap.", "R.", "Av.", "P?.", "Lgo." e "Trav."
sejam utilizadas, somente se necessário, diante dos substantivos próprios por elas modificados. Em outros
casos, é indicada a escrita da palavra por extenso.
Exemplos:
1. A Dra. nos recomendou um bom remédio. [Inadequado]
A Dra. Henriqueta nos deu uma ótima notícia. [Adequado]
2. O gen. viajou ontem. [Inadequado]
A P?. Coronel Sales foi destruida. [Adequado]
Uso de Abreviaturas de Tempo:
A maior parte das gramáticas do português recomenda que a abreviatura de horários seja feita por referência
explícita à unidade de tempo ("h" e "min").
A forma HH:MM, consagrada pelo uso, é considerada anglicismo, por isso deve ser evitada.
A indica??o das horas deve ser feita por meio da abreviatura invariável "h" (15 h), e a unidade dos minutos
pode ser omitida (14h48) ou expressa pelas abreviaturas, também invariáveis, "m" (14h48m) ou "min"
(14h48min).
A unidade das horas, sempre que n?o houver referência aos minutos, deve vir separada do algarismo que a
precede por um espa?o em branco. Caso contrário, as unidades devem vir imediatamente após os algarismos.
Exemplo:
1. S?o 2h, estou atrasada. [Inadequado]
S?o 2 h, vamos! [Adequado]
2. Faltam 5hs34m para o início da prova. [Inadequado]
Faltam 5h34min para o fim da viagem. [Adequado]
Uso de Abreviatura de Unidade de Medida:
As abreviaturas das unidades de volume s?o:
"l" (litro), "ml" (mililitro), "cl" (centilitro) e "dl" (decilitro).
As abreviaturas das unidades de massa s?o:
"g" (grama), "mg" (miligrama), "kg" (quilograma) e "dg" (decigrama).
Exemplo:
1. Comprou 3kgs de carne no mercado ontem. [Inadequado]
Comprou 3 kg de carne no mercado ontem. [Adequado]
2. Um gal?o americano tem 3,785 ls. [Inadequado]
Um gal?o americano tem 3,785 l. [Adequado]
Estas abreviaturas também s?o invariáveis, devem ser escritas com letras minúsculas e devem vir separadas
do algarismo que as precede por um espa?o em branco.
Uso de Abreviatura de Distancia:
As abreviaturas das unidades de distancia s?o invariáveis e, s?o escritas da seguinte forma:
"m" (metro), "cm" (centímetro), "mm" (milímetro) e "km" (quil?metro).
Exemplo:
1. O carro rodou 243kms em apenas uma hora. [Inadequado]
O carro rodou 243 km em apenas uma hora. [Adequado]
Uso de Abreviatura de nomes de santos:
A abreviatura recomendada para Santo e Santa é "S.", e n?o "Sto." ou "Sta.".
Exemplos:
1. Sou muito devota de Sta. Luzia. [Inadequado]
Sou muito devota de S. Luzia. [Adequado]
2. Sto. Ant?nio é considerado casamenteiro. [Inadequado]
S. Ant?nio é considerado casamenteiro. [Adequado]
Uso de Siglas
As siglas s?o redu??es de locu??es compostas por substantivos próprios. S?o consideradas um tipo especial de
abreviatura.
As siglas podem ser formadas:
· pelas letras iniciais maiúsculas das palavras que formam o nome como:
FGTS = Fundo de Garantia de Tempo de Servi?o.
ONU = Organiza??o das Na??es Unidas
· pelas sílabas iniciais de cada uma das palavras que formam o nome, como:
EMBRATEL = EMpresa BRAsileira de TELecomunica??es.
Quando possuírem mais de quatro letras e forem pronunciáveis, as siglas devem trazer apenas a inicial em
letra maiúscula; nos demais casos, todas as letras devem ser grafadas com caracteres maiúsculos:
Exemplos:
1. Unicamp = Universidade de Campinas
2. Senac = Servi?o Nacional de Aprendizagem Comercial
3. CNBB = Conselho Nacional dos Bispos do Brasil
As abreviaturas ("Av.", por exemplo), mas n?o as siglas (“FMI”, por exemplo), devem ser seguidas de ponto
final. Unidades de medida ("km", "MHz",etc.), elementos químicos ("K" (potássio),etc.) e pontos cardeais e
colaterais ("E" (Leste), "NE" (Nordeste), etc.) também dispensam o uso do ponto final.
Exemplo:
1. Eu moro na Av S?o Carlos [Inadequado]
Eu moro na Av. S?o Carlos. [Adequado]
Vírgula
Dá-se o nome de vírgula ao sinal que, na língua escrita, representa uma pausa bastante breve. Além disso, a
vírgula funciona como um organizador textual, ou seja, um elemento que auxilia na coes?o do texto.
Na língua falada há diversas formas de imprimir ritmos e melodias, dentre as quais se destaca a entona??o.
Ela é responsável ora pela ênfase que se emprega a determinado segmento da fala ora pela pausa entre um e
outro desses segmentos. Já a língua escrita vale-se de alguns sinais para reproduzir, no papel, esses efeitos
próprios da língua falada.
Há pausas longas e breves na língua (ponto final e vírgula, por exemplo). Essas pausas s?o empregadas para
separar um e outro elementos da ora??o e até mesmo uma e outra ora??o no período. Assim separados, temse
o efeito de um elemento novo sendo introduzido na ora??o (caso do vocativo e aposto) ou o efeito de
destaque de um termo dentro da ora??o (por exemplo, o deslocamento dos adjuntos adverbias para o início
da ora??o).
O emprego adequado da vírgula é importante para a compreens?o do enunciado, bem como para identificar os
elementos isolados ou n?o no período. é aconselhável, portanto, conhecer algumas particularidades sobre a
vírgula:
· Palavras e express?es entre vírgulas
· A vírgula e as conjun??es
· A vírgula e as palavras partitivas
· A vírgula, o sujeito e o verbo
· A vírgula, o determinante e a palavra determinada
Palavras e express?es entre vírgulas
Dentre os empregos da vírgula destacam-se os casos em que certas palavras ou express?es indicam, por si só,
uma idéia completa e distinta dos outros termos da ora??o da qual participam. Para isolar essas palavras ou
express?es utilizamos o recurso da vírgula, obrigatória nesse caso.
Uma das fun??es da vírgula é marcar, na língua escrita, a separa??o de termos da ora??o, imprimindo uma
pausa no período. A vírgula, ent?o, é aplicada uma única vez antes ou depois de alguma palavra ou express?o.
Algumas palavras ou locu??es, por expressarem sozinhas um sentido que independe dos outros elementos da
ora??o, devem ser apresentadas entre vírgulas. Em geral, essas palavras ou locu??es encerram em si mesmas
uma pausa. As duas vírgulas, ent?o, refor?am n?o só a pausa, mas também o destaque de uma unidade
significativa dentro da ora??o.
Essas palavras ou locu??es expressam diversos sentidos, podendo ser compreendidas da seguinte maneira:
1. explicativas: quando retomam o que foi dito anteriormente, apresentando-o de outra maneira.
isto é ou seja a saber por exemplo
por outra por assim dizer na verdade
Exemplos:
1. Quem quer faz quem n?o quer manda ou seja eu mesma vou conferir o estoque. (Inadequado)
Quem quer faz quem n?o quer manda, ou seja, eu mesma vou conferir o estoque. (Adequado)
2. continuativas: quando provocam a continua??o do enunciado, acrescentando-lhe nova
informa??o.
além disso aliás
demais ent?o
Exemplos:
1. O dinheiro dos empréstimos come?ava a aparecer aliás tarde demais. (Inadequado)
O dinheiro dos empréstimos come?ava a aparecer, aliás, tarde demais. (Adequado)
3. corretivas: quando se prestam a alterar o que havia sido dito anteriormente.
ou melhor ou antes
digo minto
Exemplos:
1. Os chocolates est?o chegando digo o dia da Páscoa está próximo. (Inadequado)
Os chocolates est?o chegando, digo, o dia da Páscoa está próximo. (Adequado)
4. conclusivas: quando apresentam a finaliza??o [conclus?o] de uma idéia.
ent?o a meu ver com efeito
outrossim portanto enfim
Exemplos:
1. Essa quest?o a meu ver está encerrada. (Inadequado)
Essa quest?o, a meu ver, está encerrada. (Adequado)
A vírgula e as conjun??es
Dentre os empregos da vírgula destacam-se os casos em que ela é utilizada para separar ora??es de um
período.
Poucos s?o os tipos de ora??es que, dentro de um período, unem-se a outras sem uma pausa. A vírgula, além
de indicar essa pausa breve, presta-se a marcar, na língua escrita, a separa??o de segmentos de um período.
Alguns tipos de ora??es s?o introduzidos por conjun??es que exigem a vírgula. Nesse caso, a vírgula é
colocada antes da conjun??o. Assim, a vírgula indica a separa??o, e a conjun??o, a uni?o de dois segmentos
do período (as ora??es).
A seguir, as conjun??es que devem ser antecedidas pela vírgula:
1. adversativas
mas porém todavia
contudo no entanto entretanto ... etc
Exemplo:
1. A conversa estava agradável mas já demorava demais. [Inadequado]
A conversa estava agradável, mas já demorava demais. [Adequado]
2. conclusivas
logo portanto
pois por conseguinte ... etc
Exemplo:
1. Eu estudei matemática logo posso lhe ajudar a entender os números. [Inadequado]
Eu estudei matemática, logo posso lhe ajudar a entender os números. [Adequado]
Com exce??o da conjun??o "mas", as demais conjun??es, tanto adversativas como conclusivas, podem
aparecer no interior da ora??o da qual participam. Nesse caso, as conjun??es devem vir entre vírgulas.
Exemplo:
1. Queremos ver o mar. N?o será, porém nesta viagem. [Inadequado]
Queremos ver o mar. N?o será, porém, nesta viagem. [Adequado].
Há, ainda, duas particularidades relativas às conjun??es "mas" e "pois":
· mas: essa conjun??o sempre encabe?a a ora??o da qual participa (ora??o coordenada sindética
adversativa). Dessa forma, ela exclui a possibilidade de se apresentar entre vírgulas.
· pois: essa conjun??o pode ser causal ou conclusiva. Quando ela tiver valor conclusivo sempre
aparecerá entre vírgulas, já que nunca encabe?a a ora??o da qual participa .
Exemplos:
1. N?o veremos os animais e as árvores do parque, pois foram sacrificados.
...[conjun??o causal]
2. Os animais e as árvores do parque foram, pois, sacrificados.
...[conjun??o conclusiva]
A vírgula e as palavras denotativas de realce
Uma das fun??es da vírgula é isolar determinados termos da ora??o, imprimindo uma pausa no período. A
vírgula, ent?o, é aplicada duplamente: antes e depois do termo que quer se destacar.
Algumas palavras da língua portuguesa s?o utilizadas para designar algumas idéias. N?o se trata propriamente
de um advérbio, embora em diversas situa??es cumpram o papel desempenhado por ele: um modificador.
Assim chamadas de palavras denotativas, elas podem expressar ênfase: palavras denotativas de realce.
As palavras denotativas de realce, já que isolam um termo dentro da ora??o, devem se apresentar entre
vírgulas.
Exemplos:
1. As crian?as principalmente devem ser vacinadas com urgência. [Inadequado]
As crian?as, principalmente, devem ser vacinadas com urgência. [Adequado]
2. Os peixes e mariscos especialmente compunham seu cardápio tradicional. [Inadequado]
Os peixes e mariscos, especialmente, compunham seu cardápio tradicional. [Adequado]
Algumas palavras denotativas, além de indicarem realce, também apontam para a idéia de parti??o. Elas
indicam que, dentro de um conjunto de seres, alguns foram selecionados e é sobre esses que, em geral, recai a
ênfase do enunciado. A vírgula, da mesma forma, deve ser empregada duplamente junto a essas palavras.
Exemplo:
1. Aquelas festas eram sobretudo o reencontro anual da família. [Inadequado]
Aquelas festas eram, sobretudo, o reencontro anual da família. [Adequado]
S?o outros exemplos de palavras denotativas de realce:
· maiormente
· mormente
A vírgula, o sujeito e o verbo
A vírgula representa uma breve pausa na língua escrita. Além disso, ela também é comumente utilizada para
separar termos da ora??o ou ora??es de um período.
Há, porém, elementos da ora??o que estabelecem uma liga??o direta entre si. é o caso do sujeito e o verbo.
Entre esses dois elementos, a vírgula n?o deve ser empregada.
Exemplos:
1. Os pandeiros, repicavam ao sabor do carnaval. [Inadequado]
Os pandeiros repicavam ao sabor do carnaval. [Adequado].
O fato de n?o se aplicar a vírgula entre o sujeito e o verbo n?o implica a impossibilidade de esses dois
elementos manterem-se distantes. Vários elementos podem interpor-se entre o sujeito e o verbo, inclusive uma
ora??o inteira (ora??o adjetiva, por exemplo).
Quando algum elemento novo for introduzido entre o sujeito e o verbo (aposto, vocativo, ora??o adjetiva e
etc.), esse elemento deve vir entre vírgulas. Dessa forma, isola-se o elemento extra que se interp?s entre o
sujeito e o verbo.
Exemplo:
1. A paciência, muito rara em Otávio, foi decisiva naquele momento.
...[a paciência foi decisiva naquele momento: ora??o principal]
...[muito rara em Otávio: ora??o subordinada adjetiva explicativa]
A vírgula, o determinante e a palavra determinada
A vírgula representa uma breve pausa na língua escrita. Além disso, ela também é comumente utilizada para
separar termos da ora??o ou ora??es de um período.
Há, porém, elementos da ora??o que estabelecem uma liga??o direta entre si. é o caso do determinante e a
palavra determinada. Entre esses dois elementos, a vírgula n?o deve ser empregada.
Exemplos:
1. A caneta, vermelha estourou dentro da bolsa. [Inadequado]
A caneta vermelha estourou dentro da bolsa. [Adequado]
2. Nossa, rua está sendo asfaltada! [Inadequado]
Nossa rua está sendo asfaltada! [Adequado]
Essa orienta??o também é válida para todos os termos da ora??o que funcionem como determinantes
(complemento nominal, por exemplo). A vírgula, nesse caso, n?o deve ser empregada entre o nome e o
determinante ou mesmo entre a preposi??o e a palavra que ela rege.
Exemplos:
1. Vera nunca ocultou seu apego, às crian?as abandonadas. [Inadequado]
Vera nunca ocultou seu apego às crian?as abandonadas. [Adequado]
2. A partida de, futebol de campo será interrompida. [Inadequado]
A partida de futebol de campo será interrompida. [Adequado]
O emprego inadequado da vírgula nesses casos pode gerar uma ambigüidade. Por isso, a importancia de nos
mantermos atentos para os elementos que est?o ligados diretamente na ora??o.
Exemplo:
1. Um lavrador tinha um bezerro, e a m?e do lavrador era também o pai do bezerro.
2. Um lavrador tinha um bezerro e a m?e, do lavrador era também o pai do bezerro.
Observe que no exemplo (1) houve a separa??o de termos da ora??o ligados diretamente entre si. A aplica??o
inadequada da vírgula nessa ora??o provoca uma ambigüidade na palavra "m?e", entendida como m?e do
lavrador.
Já no exemplo (2) a senten?a passa a ter sentido quando a aplica??o da vírgula é aplicada adequadamente. A
posi??o que a vírgula ocupa permite compreender a palavra "m?e" sendo relativa a "bezerro" e n?o a
"lavrador".
Hífen
Dá-se o nome de hífen ao sinal (-) utilizado na escrita em diversas situa??es: ora para marcar separa??o de
elementos, ora para marcar uni?o de palavras que, por quest?es fonéticas e morfológicas, devem se manter
isoladas graficamente.
A presen?a do hífen somente é notada na escrita, ou seja, o fato de haver a sinaliza??o com hífen n?o
implica uma pausa fonética.
Em língua portuguesa o hífen é obrigatório na:
- parti??o de palavras quando há mudan?a de linha
Exemplo:
O lanche tinha sido preparado somente para colegas da minha
turma. N?o havia jeito de atender outras pessoas!
- separa??o de sílabas
Exemplo:
mó-veis, co-ber-tor, car-ro, le-van-ta-men-to
- uni?o de pronomes átonos a verbos
Exemplo:
impor-se, comprá-lo, revelar-te-ei, encontramo-nos
Há ainda outro emprego do hífen na nossa língua. Trata-se da utiliza??o desse sinal gráfico para ligar os
elementos de uma palavra composta. Nesse caso, o hífen n?o se apresenta como obrigatório. A utiliza??o do
hífen nas palavras compostas formadas por dois vocábulos (ex.: banho-maria) e nas palavras compostas
formadas por prefixo + radical (ex: supra-renal). Portanto, é importante conhecer algumas particularidades do
emprego do hífen:
· O hífen e os prefixos (I)
· O hífen e os prefixos (II)
· O hífen e os prefixos polissêmicos
O hífen e os prefixos I
O hífen (-) é um sinal que, entre outros empregos, utilizamos para unir prefixos às palavras. Devido aos
acentos t?nicos desses prefixos, quando eles se juntam a outras elementos formando uma única palavra, em
alguns casos o hífen é necessário. Isso se dá porque com o hífen evita-se a ocorrência de alguns problemas
fonéticos (perda do som forte do "r" quando em posi??o intervocálica, por exemplo, semireta > semi-reta).
Alguns prefixos da nossa língua sempre s?o acompanhados de hífen para a forma??o de uma palavra. S?o
exemplos desses prefixos:
Exemplos:
EX PóS PRó VICE PRé
ex-prefeito pós-gradua??o pró-análise vice-diretor pré-adolescente
ex-casamento pós-meridiano pró-socialista vice-campeonato pré-ajustar
ex-aluno pós-operatório pró-memória vice-líder pré-aviso
O hífen e os prefixos II
O hífen (-) é um sinal que, dentre outros empregos, utilizamos para unir prefixos às palavras. Em geral esses
prefixos indicam uma significa??o própria, devendo, portanto, manter-se separados da palavra a qual se ligam
(ex.: contra, extra). Porém, a uni?o do prefixo a uma determinada palavra forma uma unidade significativa. O
hífen, ent?o, é empregado para marcar a individualidade fonética de seus elementos.
Devido à grafia de certos prefixos, é possível que o hífen seja dispensado, já que a individualidade fonética
dos elementos que comp?em a palavra composta é mantida sem provocar conflitos fonéticos (ex.:
autodestrui??o, antiimperialismo).
Vejamos quais os prefixos da língua portuguesa que exigem o hífen:
1. EXTRA-INFRA-INTRA-NEO-PROTO-PSEUDO-SEMI-ULTRA
Exigem o hífen antes de palavras iniciadas com VOGAL, H, R ou S
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
extra-oficial extraconjugal
extra-humano extralingüístico
extra-regulamentar extraterrestre
extra-sensorial extracurricular
infra-estrutura infravermelho
intra-sistema intramuscular
neo-republicano neopositivismo
proto-histórico protoplasma
pseudo-álibe pseudomolecular
semi-analfabeto semicírculo
ultra-humano ultravioleta
Note que a n?o utiliza??o do hífen nesses casos provocaria um conflito f?nico:
· duas vogais juntas
· vogal + "h": como o "h" n?o é pronunciado, novamente teremos duas vogais juntas;
· "r" entre vogais deve ser grafado duplamente para manter o som forte (ex.: carro) . Em oposi??o,
temos o "r" fraco entre vogais grafado com um "r" simples (ex.: caro)
· "s" entre vogais deve ser grafado duplamente para manter o som forte (ex.: assado) . Em oposi??o,
temos o "s" fraco entre vogais grafado com um "s" simples (ex.: asa)
2. ANTI, ANTE e ARQUI
Exigem o hífen antes de palavras iniciadas com H, R ou S
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
ante-histórico antevéspera
ante-sala anteontem
ante-rosto anteprojeto
anti-horário antioxidante
anti-revolu??o anticárie
anti-social antiséptico
arqui-hierarquia arquimilionário
arqui-rabino arquicélebre
arqui-sucess?o arquidiocesano
*As observa??es do item (1) valem para esses prefixos acima, com exce??o do tratamento voltado para as
vogais.
3. SUPER e INTER
Exigem o hífen antes de palavras iniciadas com H ou R
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
super-herói supercondutor
super-resfriado superabundancia
inter-hemisférico interliga??o
arqui-racial intermunicipal
*As observa??es do item (1) valem para esses prefixos acima, com exce??o do tratamento voltado para as
vogais e para a letra "s".
4. PAN
Exige o hífen antes de palavras iniciadas com VOGAL ou H
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
pan-africano pansexual
pan-helenismo panteologia
*As observa??es do item (1) valem para esses prefixos acima, com exce??o do tratamento voltado para as
letras "r" e "s".
5. SUB
Exige o hífen antes de palavras iniciadas com B OU R
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
sub-base subse??o
sub-rogado subterminal
Note que a n?o utiliza??o do hífen nesses casos provocaria um conflito f?nico:
· duas consoantes iguais juntas (bb)
· "b" + "r": este par forma um som único na língua, de onde, inclusive, tem-se o "r" vibrante (ex.:
broche, brasa). Para manter o som do "r" forte neste grupo, é necessário a separa??o do encontro
consonantal através do hífen.
O hífen e os prefixos polissêmicos
O hífen (-) é um sinal que, dentre outros empregos, utilizamos para unir prefixos às palavras. Em geral esses
prefixos indicam uma significa??o própria, devendo manter-se separados da palavra a qual se ligam (ex.:
contra, extra).
Certos prefixos, porém, possuem mais de um significado quando est?o isolados (s?o os chamados prefixos
polissêmicos). O emprego ou n?o do hífen depende da significa??o que o prefixo adquire em cada constru??o
de palavra composta.
Vejamos cada um dos prefixos polissêmicos, cuja significa??o exige o emprego do hífen.
1. AUTO com sentido de "por si próprio", "de si próprio"
Exige o hífen antes de palavras iniciadas com VOGAL, H, R ou S
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
auto-afirma??o autobiográfico
auto-hemoterapia autodomínio
auto-retrato automedicar-se
auto-suficiente autopromo??o
2. SUPRA com sentido de "excesso", "aumento", "superioridade"
Exige o hífen antes de palavras iniciadas com VOGAL, H, R ou S
Exemplos:
COM HíFEN SEM HíFEN
supra-excita??o supracondutividade
supra-hepático supranacional
supra-renal suprapartidário
supra-sumo extracurricular
Uso de Letras Maiúsculas e Minúsculas
· Uso de Iniciais Maiúsculas
· Uso de Iniciais Minúsculas
Uso de Iniciais Maiúsculas
As letras iniciais maiúsculas devem ser utilizadas nas seguintes situa??es:
1. No início de períodos, versos e cita??es diretas: “Tudo aqui no Brasil gira em torno dele, assim
como em qualquer país capitalista.”;
2. Nos nomes próprios, de pessoas e de lugares, inclusive o de figuras e localidades mitológicas:
"Pedro", "Machado de Assis", "Rio de Janeiro", "Zeus", "Inferno".
3. Nos nomes de vias e lugares públicos: “Rua Marechal Deodoro da Fonseca”, “Pra?a Getúlio Vargas”;
4. Nos nomes dos pontos cardeais, quando indicam regi?es: "o Nordeste", "o Sudeste", etc. No
entanto, se indicarem dire??es ou limites geográficos, dever?o ser iniciados por letra minúscula: "o
nordeste de Goiás", "o sudeste da Europa", "o metr? avan?a no rumo sul";
5. Nos nomes de regi?es: "Baixada Santista", "Regi?o Norte", "Zona Sul", "Rec?ncavo Baiano", "Vale do
Paraíba";
6. Nos nomes de corpos celestes: "Lua", "Júpiter", "Marte";
7. Nos nomes próprios de eras históricas ou épocas notáveis: "Idade Média", "Era Crist?";
8. Nos nomes de atos históricos importantes, atos solenes e grandes empreendimentos
públicos: "Dia do Trabalho", "Revolu??o Francesa", "Guerra do Golfo";
9. Nos nomes que designam conceitos religiosos, políticos, nacionalistas ou filosóficos
importantes: "Igreja", "Estado", "Império", "Na??o";
10. Nos nomes que designam artes, ciências, disciplinas e ramos do conhecimento humano, quando
em sua dimens?o mais ampla: "ética", "Filosofia", "Cultura". Quando n?o houver necessidade de
relevo especial, deve ser utilizada letra minúscula: "Estuda português", "Formou-se em agronomia";
11. Nos nomes que designam altos cargos, dignidades ou postos: "Papa","Presidente da República",
"Ministro da Educa??o", "Secretário de Estado";
12. Nos nomes de institui??es, órg?os, corpora??es, reparti??es, agremia??es e unidades
administrativas: "Grupo de Estudos Lingüísticos", "Camara dos Deputados", "Assembléia
Legislativa";
13. Nos nomes de edifícios e estabelecimentos públicos ou particulares: "Aeroporto Santos
Dummont", "Cemitério Nossa Senhora do Carmo";
14. Nos títulos de livros, jornais, revistas, produ??es artísticas, literárias e científicas: "Jornal do
Brasil", "Memórias Póstumas de Brás Cubas", "A Evolu??o das Espécies", "A última Ceia";
15. Nos nomes, adjetivos, pronomes e express?es de tratamento ou reverência e suas respectivas
abreviaturas: "Vossa Majestade", "Excelentíssimo", "Sr. Cosmo";
16. Nos qualificativos, epítetos, alcunhas ou apelidos de personalidades: "Ricardo Cora??o de
Le?o", "Iv?, o Terrível";
17. Nos nomes das leis ou normas econ?micas e políticas que foram consagradas por sua
importancia: "Lei de Seguran?a Nacional", "Lei de Diretrizes e Bases";
18. Nos nomes das festas religiosas: "Natal", "Páscoa";
19. Nos nomes de entidades religiosas, santos, anjos e dem?nios: "Deus" e seus equivalentes de
qualquer religi?o: "Santo Ant?nio", "Santa Clara";
20. Nos nomes de torneios e campeonatos: "Torneio Rio-S?o Paulo", "Campeonato Brasileiro", "Copa
do Mundo".
21. Nos nomes comuns, quando personificados ou individualizados: "a Ira", "o Amor", "a Cigarra", "a
Formiga".
Palavras compostas com hífen
No caso de nomes próprios compostos, ligados por hífen, todos os elementos dever?o ser iniciados por letra
maiúscula, à exce??o dos artigos, preposi??es e partículas átonas:
"Gr?-Bretanha";
"Trás-os-Montes";
"Avenida do Trabalhador S?o-Carlense".
Palavras compostas sem hífen
No caso de palavras compostas sem hífen, apenas os substantivos, adjetivos, pronomes, numerais e verbos
devem ser escritos com inicial maiúscula. Artigos, preposi??es, locu??es prepositivas, conjun??es, locu??es
conjuncionais, advérbios e partículas átonas que ocorrerem no meio de express?es compostas dever?o ser
iniciados com letra minúscula, independentemente do número de sílabas que contenham:
"Retrato do Artista quando Jovem";
"Mulheres à beira de um Ataque de Nervos";
"Tudo que Você sempre Quis Saber sobre Medicina e Tinha Medo de Perguntar ao Seu Médico".
Uso de Iniciais Minúsculas
Devem ser usadas as letras iniciais minúsculas:
1. Nos nomes das esta??es do ano, dos meses e dos dias da semana: "primavera", "janeiro",
"domingo";
2. Nos nomes de acidentes geográficos: "baía de Guanabara", "rio Amazonas", "ilha de Marajó";
3. Nos nomes de idioma: "português", "inglês";
4. Nos nomes das profiss?es, fun??es e cargos: "princesa", "diretor", "professor", "presidente". Nos
nomes de altos cargos, devem ser usadas as iniciais maiúsculas: "o Presidente da República";
5. Nos nomes das festas pag?s: "carnaval", "bacanais", "saturnais";
6. Nos compostos em que o nome próprio é parte de um substantivo comum: "pau-brasil", "banhomaria",
"castanha-do-pará";
7. Nos nomes próprios tratados como nomes comuns: "Foi escolhido para cristo", "Tornou-se um
mecenas", "Sempre foi um caxias";
8. Nos adjetivos pátrios e gentílicos, e nos nomes de tribos indígenas: "astecas", "incas", "bret?o",
"catarinense";
9. Nos nomes de personagens ou entidades do folclore: "saci", "cuca", "mula-sem-cabe?a";
10. Nas formas adjetivas que designam dinastias: "gales", "avis";
Uso de porquê, porque, por que e por quê
· Uso do Por que
· Uso do Por quê
· Uso do Porque
· Uso do Porquê
Uso do por que
Usa-se o por que nas perguntas.
Exemplos:
1. Por que você demorou?
2. Por que os países vivem em guerra, mas pregam a paz?
Usa-se por que quando as palavras "raz?o" e "motivo" est?o expressas ou subtendidas.
Exemplos:
1. N?o sei por que raz?o ele faltou.
2. Ninguém sabe por que motivo ele deixou o emprego.
3. Eis por que (raz?o) o transito está congestionado.
4. O Governo n?o explicou por que (motivo) construir Brasília.
Usa-se por que quando puder ser substituído por "para que", "pelo(a) qual", "pelos(as) quais".
Exemplos:
1. Eram os nomes de solteiras por que (pelos quais) as amigas sempre as haviam chamado.
2. Este é o caminho por que (pelo qual) seguiu.
Uso do por quê
Usa-se o por quê em perguntas, quando encerrar a frase.
Exemplos:
1. As torcidas nunca aceitam o resultado. Por quê?
2. Vocês brigaram? Mas por quê?
Usa-se o por quê quando este puder ser substituído pelas palavras "raz?o" e "motivo", em final de frase.
Exemplos:
1. Estava triste sem saber por quê. (motivo)
2. Muitos protestaram, mas n?o havia por quê. (motivo)
3. O diretor nos advertiu e perguntamos por quê. (raz?o)
Uso do porque
Usa-se o porque quando este equivale a: "pois", "porquanto", "uma vez que", "pelo fato de que" ou "pelo
motivo de que".
Exemplos:
1. N?o viajei porque perdi o avi?o.
2. O espetáculo foi cancelado porque n?o havia teatro disponível.
Usa-se o porque nas respostas ou em perguntas que proponham uma resposta.
Exemplos:
1. Por que você n?o foi à festa ontem? Porque estava doente.
2. Vamos reduzir o número de páginas da revista porque o papel está escasso?
Uso do porquê
Usa-se o porquê quando este, como substantivo, substitui as palavras: "motivo", "causa", "raz?o", "pergunta"
ou "indaga??o".
Exemplos:
1. N?o sei o porquê da sua recusa.
2. é uma crian?a cheia de porquês.
3. O diretor n?o quis explicar os porquês da decis?o.
Inadequa??o Lexical
A língua portuguesa comporta um conjunto de locu??es e express?es fixas que n?o admitem varia??o. Trata-se
de express?es cujo sentido deriva, n?o das partes de que s?o feitas, mas do todo. Por este motivo, n?o
poderiam sofrer altera??o.
N?o é de todo raro, porém, que os falantes, seja por efeito da analogia, seja pelo desconhecimento do
significado ou da classe gramatical de suas componentes, introduzam, nessas express?es, altera??es que s?o
condenadas pelas autoridades gramaticais como vícios de linguagem.
Na tabela abaixo, na coluna da esquerda, temos formas que, embora muitas vezes consagradas pelo uso, s?o
consideradas inadequadas por autoridades gramaticais da língua portuguesa. A coluna da direita traz a forma
recomendada correspondente.
FORMA CONDENADA FORMA RECOMENDADA
a dentro adentro
a grosso modo grosso modo
após + particípio passado: após realizado depois de + particípio passado: depois de
realizado
raio X raios X
antes de mais nada antes de tudo
antes que tudo antes de tudo
departamento pessoal departamento de pessoal
ou sejam ou seja
enquanto a ele quanto a ele
a nível de em nível de
na surdina à surdina
a longo prazo em longo prazo
após ao após o
para atrás para trás
A palavra "capaz"
Freqüentemente observa-se o uso inadequado de determinadas palavras. Embora alcancem a compreens?o do
destinatário para aquilo que se pretende dizer, a inapropria??o do sentido de uma palavra configura-se um caso
de inadequa??o lexical.
A palavra "capaz" indica "que tem capacidade de" ou "que tem capacidade para". Quando usada para indicar a
idéia que a palavra "provável" transmite, a palavra "capaz" torna-se inadequada e o seu emprego, um
problema de linguagem.
Exemplos:
1. é capaz que o leitor se surpreenda com isso! [Inadequado]
é provável que o leitor se surpreenda com isso! [Adequado]
Esse tipo de constru??o utilizando-se a palavra "capaz" evidencia, ainda, uma constru??o sintática
inaceitável. O verbo "capaz" exige certa estrutura sintática (um objeto indireto, por exemplo: ser capaz de
alguma coisa) que n?o se apresenta na senten?a acima.
Em contrapartida, a estrutura em que o verbo "capaz" está inserido é justamente a estrutura da express?o "é
provável que" / "é possível que", daí a adequa??o léxica de "provável" / "possível" e n?o de "capaz" nesse
contexto.
Observe, agora, o emprego da palavra "capaz" em contexto adequado:
Exemplos:
1. é muito capaz, este funcionário da portaria.
2. Você n?o seria capaz de repetir o que ouviu agora...
Pleonasmo
Dá-se o nome de pleonasmo à figura de linguagem que caracteriza a superabundancia de palavras para
exprimir uma só idéia (ex: sair para fora, ver com os olhos).
Em geral, o pleonasmo ocorre movido por uma necessidade de enfatizar um elemento da ora??o. Quando a
repeti??o presta-se a manter a coes?o gramatical (objeto pleonástico, por exemplo) ou a valorizar uma idéia, o
pleonasmo é aceitável em língua portuguesa.
Exemplos:
1. Eu caminhava com meus próprios pés em busca da salva??o.
...[ênfase de uma idéia]
...[redundancia: ninguém caminha com os pés alheios]
2. Ao combatente deram-lhe a condecora??o.
...[objeto pleonástico]
...[redundancia: repeti??o do objeto indireto]
Na nossa língua também é comum a repeti??o da nega??o, constituindo-se um caso de pleonasmo
aceitável. Aconselha-se, porém, a nega??o simples, ou seja, nega-se apenas uma vez, geralmente com o
emprego do "n?o". Se a palavra "n?o" foi empregada, a segunda nega??o pode ser substituída por uma palavra
positiva (qualquer, alguém, algo/ alguma coisa) em vez de negativa (nenhum(a), ninguém, nada).
Exemplos:
1. Você n?o tem nada para me dizer? [constru??o comum e aceitável]
Você n?o tem algo para me dizer? [constru??o alternativa]
2. Eu n?o encontrei ninguém em casa. [constru??o comum e aceitável]
Eu n?o encontrei qualquer pessoa em casa. [constru??o alternativa]
Ainda outro tipo de pleonasmo é aceitável em língua portuguesa. Trata-se dos epítetos da natureza, ou
seja, express?es em que se atribui um adjetivo que naturalmente se vincularia ao substantivo ao qual se liga.
é, portanto, um recurso literário que serve ou para dar destaque à express?o ou para conferir outro sentido a
ela. Chama-se epíteto da natureza porque esses adjetivos est?o ligados a palavras que representam os
elementos da natureza. Exs.: mar salgado, neve gelada, céu azul.
Exemplos:
1. A noite escura refletia meu cora??o em flagelo!
...[noite escura: recurso literário]
2. Ela passeava pela noite escura relembrando os acontecimentos do dia.
...[noite escura: destaque para uma característica de noite]
3. Depois da noite escura viria o amanhecer.
...[noite escura: pleonasmo vicioso = redundancia inaceitável]
Quando a repeti??o de idéias se transforma em redundancia desnecessária constitui-se um desvio de
linguagem. é o que chamamos de pleonasmo vicioso. Nesse caso, o pleonasmo é inaceitável na língua
portuguesa. Convém, portanto, conhecer as especificidades do pleonasmo vicioso:
Pleonasmo vicioso em verbos e substantivos
Pleonasmo vicioso
Determinadas constru??es na língua s?o consideradas pleonasmo quando repetem, numa mesma express?o,
uma só idéia. A redundancia de sentido, quando n?o se presta a acentuar uma idéia dando-lhe ênfase, é
considerada vício de linguagem.
Em geral a repeti??o de sentido é marcada por um complemento (nominal ou verbal). Por isso, diz-se que a
redundancia está na periferia da express?o, cujo núcleo já indicava todo o sentido que se pretendia apontar. é
importante, ent?o, atentarmos para a constru??o inadequada de certas express?es.
EMPREGO INADEQUADO EMPREGO ADEQUADO
perante a perante
após a após
para a frente para frente
cujo o / cuja a cujo / cuja
antes de que antes que
Nesses casos acima o pleonasmo está nas express?es formadas por preposi??es, advérbios e pronomes. Tratase,
pois, de um tipo de pleonasmo vicioso um tanto restrito na língua; mesmo assim é ainda uma constru??o
inaceitável. Há casos, porém, que merecem aten??o especial:
Pleonasmo vicioso em verbos e substantivos
Pleonasmo vicioso em verbos substantivos
O pleonasmo vicioso se dá quando a repeti??o da idéia n?o acrescenta qualquer informa??o nova à express?o.
Freqüentemente verificamos esse tipo de constru??o em express?es formadas por substantivos e verbos. Devese,
no entanto, observar se há realmente redundancia de sentido (pleonasmo vicioso), ou se a repeti??o serve
à ênfase de uma idéia (constru??o aceitável na nossa língua e que n?o constitui vício de linguagem).
Exemplos:
1. Eles viram com os olhos aquela tragédia popular. [Inadequado]
...[ver já expressa a idéia de a??o através dos olhos]
2. Eles viram com os olhos aquilo que nós víamos com as m?os. [Adequado]
...["ver" com os olhos está em oposi??o a "ver" com as m?os]
Apesar de existir essa possibilidade de destacar uma idéia por meio da repeti??o, é preciso estar alerta para os
casos de redundancia desnecessária. Vejamos alguns exemplos de pleonasmo vicioso:
EM SUBSTANTIVOS
CONSTRU??O INADEQUADA CONSTRU??O ADEQUADA
Hemorragia de sangue hemorragia
Monopólio exclusivo monopólio
EM VERBOS
CONSTRU??O INADEQUADA CONSTRU??O ADEQUADA
reincidir de novo reincidir
subir para cima subir
descer para baixo descer
entrar para dentro entrar
sair para fora sair
subir para cima subir
repetir outra vez / de novo repetir
encarar de frente encarar
Identificando problemas
Sobre adjetivos Sobre adjuntos Sobre advérbios
Sobre conjun??es Sobre preposi??es Sobre pronomes
Sobre sujeito Sobre verbos
Sobre adjetivos:
· Formas analíticas dos adjetivos an?malos
Sobre adjuntos:
· Os adjuntos adnominais e o núcleo composto
· O adjunto adnominal antes do núcleo composto
· O adjunto adnominal depois de núcleo composto
· O adjunto adnominal e express?es como "bancas de jornal"
· O adjunto adnominal e express?es como "caixa de fósforos"
Sobre advérbios
· Onde x Aonde
· Meio x Meia
· Mau x Mal
· O grau dos advérbios e os adjetivos particípios
Sobre conjun??es
· Uso das locu??es conjuncionais
Sobre preposi??es:
· A preposi??o e o objeto direto
· A preposi??o e o objeto indireto
· A preposi??o e o complemento nominal
· Saiba mais sobre a preposi??o e o complemento nominal
· Uso das locu??es prepositivas
Sobre pronomes:
· Formas especiais do pronome oblíquo
· Saiba mais sobre as formas especiais do pronome oblíquo
· Os pronomes pessoais e algumas preposi??es
Sobre sujeito:
· O sujeito e as contra??es
· O sujeito posposto em ora??es com verbos unipessoais
· O sujeito posposto em ora??es reduzidas
Sobre verbos:
· Tempo verbal e o emprego de pronomes
· O subjuntivo e as ora??es subordinadas
· O subjuntivo e os verbos modais
· Os auxiliares e certos verbos abundantes
· "a" x "há": a no??o de tempo
· O verbo "haver" e a flex?o
· O verbo "fazer" e a flex?o
· O particípio e a express?o "haja vista"
· As preposi??es e formas verbais como "foi"
· As locu??es verbais e o uso das preposi??es
Formas analíticas dos adjetivos an?malos
A forma dos adjetivos an?malos no grau comparativo é, por excelência, a forma sintética:
grande maior bom melhor
pequeno menor mau pior
Porém, quando a compara??o é estabelecida entre atributos de um mesmo ser, n?o se emprega a forma
sintética, mas sim a forma analítica do grau dos adjetivos:
mais grande que menos grande que
mais bom que menos bom que
mais pequeno que menos pequeno que
mais mau que menos mau que
Exemplos:
1. Em sua arte, combinavam-se linhas de propor??es diferentes. Na verdade, essas propor??es eram
maiores do que menores. [Inadequado]
Em sua arte, combinavam-se linhas de propor??es diferentes. Na verdade, essas propor??es eram
mais grandes do que mais pequenas. [Adequado]
2. No fundo, meu av? era melhor do que ingênuo. [Inadequado]
No fundo, meu av? era mais bom do que ingênuo. [Adequado]
Os graus dos adjetivos s?o organizados em positivo, comparativo e superlativo. No primeiro caso, a grada??o
do adjetivo n?o envolve mais que um único elemento (ex.: Eu sou alto.). No segundo caso, a grada??o do
adjetivo expressa inferioridade, igualdade ou superioridade através de uma rela??o de compara??o (ex.: Eu
sou mais alto do que você.). Finalmente, no terceiro caso, a grada??o do adjetivo expressa aquelas mesmas
idéias de igualdade, inferioridade ou superioridade, através de uma rela??o de supremacia (ex. Eu sou
altíssimo; Eu sou o aluno mais alto da turma.).
Quanto ao grau, os adjetivos ainda podem ser considerados segundo suas formas analítica ou sintética. Na
forma sintética, o grau é expressado pelas formas especiais de cada adjetivo (ex.: menor, maior,
preocupadíssimo). Na forma analítica, o grau é formado pelo acréscimo de um advérbio que encabe?a a
express?o (ex.: ... menos preocupado que... / menos = advérbio de intensidade).
é interessante notar, ainda, certas constru??es inadequadas envolvendo os adjetivos an?malos. N?o raro,
confunde-se o adjetivo an?malo com parte de palavras compostas com adjetivo.
1. Este é realmente um bom vinho. [bom: adjetivo]
2. Hoje ela estava com bom-humor. [bom: parte de palavra composta]
Nesses casos, é importante ficar atento para a forma??o adequada do grau comparativo. Quando a grada??o
recair sobre o adjetivo, emprega-se a forma analítica. Do mesmo modo, quando se tratar de palavras
compostas formadas por um adjetivo an?malo, é a forma analítica que deve ser empregada. Isso se dá porque
n?o há possibilidade de somente uma parte da palavra composta isolar-se para formar o grau comparativo.
Além disso, numa palavra composta é o grau comparativo do substantivo que está sendo formado (bomgosto,
por exemplo) e n?o do adjetivo que o comp?e (bom).
Exemplos:
1. Célia tem melhor bom-gosto que seu marido. [Inadequado]
Célia tem mais bom-gosto que seu marido [Adequado]
2. Queremos pessoas com maior boa-vontade do que você! [Inadequado]
Queremos pessoas com mais boa-vontade do que você! [Adequado]
Os adjuntos adnominais e o núcleo composto
O adjunto adnominal (artigo, adjetivo, locu??o adjetiva, numeral, pronome adjetivo e ora??o adjetiva) sempre
acompanha um nome, em geral um substantivo.
Independentemente da sua fun??o (se sujeito ou objeto ou etc.) é obrigatória a concordancia em gênero e
número entre o adjunto adnominal e o substantivo a que se refere. Dessa forma, se a express?o contém mais
de um elemento (núcleo composto) é importante verificar a concordancia.
Há duas maneiras de se realizar a concordancia entre um núcleo composto e os adjuntos adnominais:
concordancia com o substantivo mais próximo, e concordancia com o gênero e número comum. Para
isso é preciso observar a posi??o ocupada pelo adjunto adnominal, ou seja,
adjunto adnominal antes do núcleo composto
adjunto adnominal depois do núcleo composto
O adjunto adnominal antes do núcleo composto
A posi??o dos adjuntos adnominais é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles
devem assumir na ora??o. Como os adjuntos adnominais sempre acompanham um nome, em geral um
substantivo, a concordancia entre os dois elementos é obrigatória.
A concordancia se dará de acordo com o gênero e o número do substantivo mais próximo se:
· adjunto adnominal estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento)
· adjunto adnominal estiver antes do núcleo composto
Exemplos:
1. Extremos compaix?o e vigor distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado]
Extrema compaix?o e vigor distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado]
2. Minhas paciência e sonhos ser?o armas que usarei contra a vida. [Inadequado]
Minha paciência e sonhos ser?o armas que usarei contra a vida. [Adequado]
O adjunto adnominal depois de núcleo composto
A posi??o dos adjuntos adnominais é muito importante para se determinar o gênero e o número que eles
devem assumir na ora??o. Como os adjuntos adnominais sempre acompanham um nome, em geral um
substantivo, a concordancia entre os dois elementos é obrigatória.
Se o adjunto adnominal estiver ligado a um núcleo composto (mais de um elemento) e vier depois desse
núcleo, há duas maneiras de se realizar a concordancia:
COM O SUBSTANTIVO MAIS PRóXIMO:
Exemplos:
1. Compaix?o e vigor extrema distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado]
Compaix?o e vigor extremo distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado]
2. Paciência e sonhos minhas ser?o armas que usarei contra a vida. [Inadequado]
Paciência e sonhos meus ser?o armas que usarei contra a vida. [Adequado]
COM O GêNERO E NúMERO COMUM:
Exemplos:
1. Compaix?o e vigor extrema distinguia-o dentre os sacerdotes. [Inadequado]
Compaix?o e vigor extremos distinguia-o dentre os sacerdotes. [Adequado]
2. Paciência e sonhos minhas ser?o armas que usarei contra a vida. [Inadequado]
Paciência e sonhos meus ser?o armas que usarei contra a vida. [Adequado]
Observe, portanto, que quando a concordancia se dá pelo gênero e número comum, o número será sempre
plural. O gênero, por sua vez, vai ser determinado pelos substantivos que comp?em o núcleo. O adjunto
adnominal só será feminino plural se os substantivos do núcleo composto também forem femininos; do
contrário, o gênero do adjunto adnominal ligado a um núcleo composto será masculino (ex.: casa e quarto
pequenos; mesa e cadeira pequenas).
é aconselhável a repeti??o do adjunto adnominal para cada um dos elementos do núcleo composto quando eles
forem de gênero ou número diferentes (ex.: quadro escuro e gravuras escuras ao invés de quadro e gravuras
escuros).
O adjunto adnominal e express?es como "bancas de jornal"
Os adjuntos adnominais s?o termos que acompanham um nome, conferindo-lhe nova informa??o. Por atribuir
essas informa??es adicionais sobre o nome, os adjuntos adnominais se caracterizam como modificadores em
oposi??o aos determinantes, que restringem os nomes aos quais se referem.
Algumas express?es da língua portuguesa s?o formadas por um substantivo comum e um adjunto adnominal. é
fácil identificá-las, pois entre ambos existe a preposi??o "de" unindo os dois elementos. Porém, nesse tipo de
constru??o, a flex?o de número é bastante particular.
Quando uma express?o desse tipo apresentar um adjunto adnominal genérico, a forma do plural deve ser
marcada apenas no primeiro elemento, ou seja, no substantivo. O emprego do plural no adjunto adnominal
resultaria entender a express?o como um conjunto de elementos específicos, ou mesmo um conjunto contado
dos elementos da express?o. Por exemplo: em "banca de jornal", a palavra jornal expressa uma idéia genérica
(n?o é este ou aquele jornal, mas uma banca que vende isso que nós chamamos "jornal"); o plural dessa
express?o deve ser "bancas de jornal", mantendo, assim, o seu sentido de generalidade. A express?o "bancas
de jornais" indicaria 1) um conjunto de bancas contendo determinados tipos jornais, ou 2) um conjunto de
bancas contendo muitos jornais.
Vejamos outros exemplos:
1. As toalhas de mesas devem ser trocadas todos os dias. [Inadequado]
As toalhas de mesa devem ser trocadas todos os dias. [Adequado]
é importante considerar as express?es cujo último elemento é um adjunto adnominal no plural. Mesmo nesse
caso, o plural é marcado no primeiro elemento da express?o, mas mantém-se o plural do segundo elemento,
pois trata-se de duas idéias distintas: no plural do primeiro elemento, é computado o número de seres, já no
plural do segundo elemento é expressada a idéia de generalidade.
Exemplo:
1. Tragam-me essas caixa de ferramentas, por favor! [Inadequado]
Tragam-me essas caixas de ferramentas, por favor! [Adequado]
A seguir, alguns exemplos de express?es formadas por substantivo + adjunto adnominal sendo empregadas no
plural:
CONSTRU??O INADEQUADA CONSTRU??O ADEQUADA
indústria de automóveis indústrias de automóvel
página de jornais páginas de jornal
casa de aluguéis casas de aluguel
escova de dentes escovas de dente
relógio de pulsos relógios de pulso
cama de casais camas de casal
casa de máquinas casas de máquinas
banco de reservas bancos de reservas
O adjunto adnominal e express?es como "caixa de fósforos"
Algumas express?es da língua portuguesa s?o formadas por um substantivo e um adjunto adnominal. é fácil
identificá-las, pois entre ambos existe a preposi??o "de" unindo os dois elementos. Porém a ortografia dessas
express?es obedece a um princípio ditado pelo tipo de substantivo que as comp?e.
Quando uma express?o desse tipo tiver um substantivo que expresse coletividade ou mesmo abrigo ou
recipiente de um conjunto de seres, o segundo elemento da express?o (adjunto adnominal) deve se
apresentar no plural. é uma forma de expressar a existência de uma pluralidade de seres retidos numa idéia
que é passível de ser contada. Por exemplo: escreve-se "par de meias", em vez de "par de meia". Dessa forma,
estamos exprimindo o fato de "meias" ser um elemento coletivo ou genérico. Apesar disso, podemos contar
mais de um "par de meias".
Vejamos outro exemplo:
1. Você sabe onde está a caixa de fósforo?. [Inadequado]
Você sabe onde está a caixa de fósforos? [Adequado]
Deve-se atentar, ainda, para a forma??o do plural dessas express?es. Como o adjunto adnominal, na sua forma
do singular, já se apresenta pluralizado, o plural da express?o deve ser marcado no substantivo. Assim,
temos: "pares de meias", "caixas de fósforos".
A seguir, alguns exemplos de express?es formadas por substantivo genérico + adjunto adnominal:
CONSTRU??O INADEQUADA CONSTRU??O ADEQUADA
ma?o de cigarro ma?o de cigarros
carteira de cigarro carteira de cigarros
por??o de bala por??o de balas
Onde x Aonde
Freqüentemente se confunde o emprego correto das palavra onde e aonde. Embora signifique um preciosismo
da gramática tradicional, na língua culta é aconselhável o emprego adequado de cada uma das formas.
A palavra onde, enquanto advérbio de lugar, é empregada para indicar o lugar em que ocorre a a??o ou o
estado verbal. Isso se dá, inclusive, em senten?as interrogativas:
Exemplos:
1. Eu lhe contava onde passei minha infancia.
2. Onde você passou a tua infancia?
A palavra aonde, enquanto advérbio de lugar, é empregada para indicar o lugar para onde aponta a a??o
verbal. Desse modo, o aonde sempre acompanha um verbo de movimento (ir, levar, entregar e etc.). Da
mesma forma que o advérbio onde, o aonde também se apresenta em senten?as interrogativas:
Exemplos:
1. Eu vou aonde o trem me levar!
2. Aonde o trem pode me levar?
As palavras onde e aonde podem exercer a fun??o de pronome relativo. O emprego de ambas as palavras deve
respeitar essa no??o verbal indicada acima. Além disso, deve ser observado o termo da ora??o ao qual o
pronome relativo se refere. Os pronomes onde/aonde sempre substituem um termo indicativo de lugar.
Exemplos:
1. Essa é a piscina onde competi pela primeira vez.
2. Ela sabia o lugar aonde você iria mais tarde.
Meio x Meia
Uma regra prática para empregar corretamente o advérbio meio ou o adjetivo meia é tentar substituir esses
termos pelas palavras mais ou menos e metade, respectivamente. Onde couber a palavra mais ou menos,
emprega-se o termo meio (advérbio); onde couber a palavra metade, emprega-se o termo meia (adjetivo).
Exemplos:
1. Eles acrescentaram meia por??o de frios ao pedido original. [Adjetivo]
...[meia por??o = metade de uma por??o]
2. Elas estavam meio preocupadas hoje. [Advérbio]
...[meio preocupadas = mais ou menos preocupadas]
Freqüentemente se confunde o emprego correto da palavra meio em senten?as indicativas de período de
tempo. Vejamos, ent?o, os exemplos:
1. S?o exatamente meio-dia e meio. [Inadequado]
2. S?o exatamente meio-dia e meia. [Adequado]
Nesse caso a palavra meio é empregada como adjetivo nos dois momentos: no primeiro caso está qualificando
a palavra dia (metade de um dia; dia = substantivo masculino); no segundo caso está qualificando a palavra
hora, (metade de uma hora = meia hora; hora = substantivo feminino).
Mau x Mal
Freqüentemente se confunde o emprego correto das palavras mau e mal. Embora na língua escrita haja uma
distin??o bastante clara entre essas duas palavras, na língua falada a pronúncia delas é a mesma, quando n?o
se consideram certos regionalismos. Assim, costuma-se projetar na língua escrita essa semelhan?a entre mau e
mal, n?o se observando, porém, o fato de se tratarem de termos distintos do vocabulário da língua portuguesa.
A palavra mau é um adjetivo. Como tal, flexiona-se em gênero e número (má: forma feminina singular; más:
forma feminina plural; mau: forma masculina singular, e maus: forma masculina plural). Já a palavra mal é um
advérbio. Enquanto advérbio, essa palavra n?o se flexiona, ou seja, ela possui a mesma forma seja qual for a
sua rela??o com outros termos da ora??o.
Exemplos:
1. Eu tinha medo de estar fazendo um mal negócio. [Inadequado]
Eu tinha medo de estar fazendo um mau negócio. [Adequado]
2. Sem dúvida, estávamos sendo muito mau representados! [Inadequado]
Sem dúvida, estávamos sendo muito mal representados! [Adequado]
Uma regra prática para se empregar corretamente as palavras mau e mal é guardar a distin??o dos seus
opostos. Op?e-se a mau a palavra bom, e a mal, a palavra bem. Ambas as palavras bom e bem obedecem
aos mesmos princípios dos quais falamos a respeito de mau e mal. Isto é, bom é uma palavra variável, pois se
trata de um adjetivo. Bem, por sua vez, é uma palavra invariável, já que se trata de um advérbio.
Exemplos:
1. Aquele mal cheiro constante já se tornara uma afronta. [Inadequado]
Aquele mau cheiro constante já se tornara uma afronta. [Adequado]
...[mal cheiro > bem cheiro = inaceitável]
...[mau cheiro > bom cheiro = aceitável]
2. Sempre que podiam, aquelas senhoras falavam mau dos vizinhos. [Inadequado]
Sempre que podiam, aquelas senhoras falavam mal dos vizinhos. [adequado]
...[falavam mau > falavam bom = inaceitável]
...[falavam mal > falavam bem = aceitável]
O grau dos advérbios e os adjetivos particípios
Em ora??es com adjetivos particípios, ou seja, adjetivos formados a partir da forma do particípio do verbo, os
advérbios bem e mal s?o empregados na sua forma analítica. Isso implica dizer que as formas especiais
desses advérbios s?o formadas n?o pelo acréscimo de sufixos, mas sim pela forma simples do advérbio
acrescido do advérbio de intensidade: "mais" + bem/mal.
Exemplos:
1. Aquela rua era melhor iluminada que a rua central da cidade. [Inadequado]
Aquela rua era mais bem iluminada que a rua central da cidade. [Adequado]
2. Os aparelhos de seguran?a eram pior fabricados por nós do que por eles. [Inadequado]
Os aparelhos de seguran?a eram mais mal fabricados por nós do que por eles. [Adequado]
Em contraste com esse emprego, é obrigatório o uso da forma sintética desses advérbios quando eles
estiverem em posi??o posterior ao adjetivo particípio.
Exemplos:
1. Aquela rua era iluminada mais bem que a rua central da cidade. [Inadequado]
Aquela rua era iluminada melhor que a rua central da cidade. [Adequado]
2. Os aparelhos de seguran?a eram fabricados mais mal por nós do que por eles. [Inadequado]
Os aparelhos de seguran?a eram fabricados pior por nós do que por eles. [Adequado]
Uso das locu??es conjuncionais
As conjun??es subordinativas consecutivas s?o empregadas em constru??es que indicam conseqüência. Essas
conjun??es se resumem unicamente à palavra que. Porém, unidas a uma preposi??o e um certo grupo de
palavras, formam uma locu??o conjuncional, de mesma fun??o que a conjun??o simples.
As locu??es conjuncionais consecutivas s?o express?es fixas na língua portuguesa. Isto é, n?o se deve
flexionar o interior das locu??es de acordo com o termo que as antecedem.
Exemplos:
1. Eram tantos os ruídos, de maneiras que eu n?o consegui te ouvir. [Inadequado]
Eram tantos os ruídos, de maneira que eu n?o consegui te ouvir. [Adequado]
2. Elas falavam de tais modos que nos sentimos constrangidos! [Inadequado]
Elas falavam de tal modo que nos sentimos constrangidos! [Adequado]
Em geral, os problemas com esse tipo de constru??o ocorrem quando se emprega o plural das palavras que
est?o no interior das locu??es. Como se trata de substantivos e esses podem ser pluralizados, é comum aplicar
o mesmo princípio quando esses substantivos s?o utilizados para a constru??o de uma locu??o. Deve-se,
porém, atentar para o fato de que numa locu??o conjuncional todos os componentes tornam-se invariáveis,
independentemente do contexto em que é inserida.
A seguir, alguns exemplos de locu??es conjuncionais:
· ao passo que
· de modo que / de tal modo que
· de maneira que / da mesma maneira que
· de sorte que / de tal sorte que
A preposi??o e o objeto direto
Dentre as características do verbo transitivo direto destaca-se a exigência de um complemento n?o
preposicionado (objeto direto).
Salvo algumas exce??es (objeto direto preposicionado, por exemplo), a regra geral é que a preposi??o n?o
deve ser empregada junto a objetos diretos, já que o sentido da express?o (composta pelo verbo + objeto
direto) é indicado sem a necessidade de um elemento intermediador - a preposi??o. O contrário, por exemplo,
se dá com o objeto indireto.
Exemplos:
1. O pai ainda tentava encontrar à filha desaparecida. [Inadequado]
O pai ainda tentava encontrar a filha desaparecida. [Adequado]
...[encontrar: verbo transitivo direto]
...[a filha: objeto direto]
...[a: determinante (artigo definido feminino)]
2. Este remédio abaixa à febre rapidamente. [Inadequado]
Este remédio abaixa a febre rapidamente. [Adequado]
...[abaixar: verbo transitivo direto]
...[a febre: objeto direto]
...[a: determinante (artigo definido feminino)]
A preposi??o e o objeto indireto
Dentre as características do objeto indireto destaca-se a presen?a obrigatória da preposi??o.
Por ser um complemento do verbo que indica o destinatário da a??o verbal, a preposi??o é o termo que
exprime, no interior do objeto, essa rela??o de destino da a??o verbal.
Exemplos:
1. Tu, camarada, arcas a despesa! [Inadequado]
Tu, camarada, arcas com a despesa! [Adequado]
...[arcas = verbo transitivo indireto]
...[com a despesa = destino da a??o verbal = objeto indireto]
2. A funcionária apenas obedecia as ordens do seu chefe. [Inadequado]
A funcionária apenas obedecia às ordens do seu chefe. [Adequado]
...[obedecia = verbo transitivo indireto]
...[às ordens = destinatário da a??o verbal = objeto indireto]
Em geral, os problemas relacionados ao emprego da preposi??o no objeto indireto dizem respeito à regência
verbal, tal qual se apresenta no exemplo (2), em que se verifica o verbo obedecer regendo a preposi??o a
(dado o substantivo feminino "ordens", emprega-se a crase).
A preposi??o e o complemento nominal
Dentre as características do complemento nominal destaca-se a presen?a obrigatória da preposi??o.
A preposi??o tem por fun??o relacionar dois ou mais termos de uma ora??o. Como o complemento nominal
realiza a integra??o com o nome ou advérbio ao qual está ligado, a preposi??o torna-se indispensável.
Exemplo:
1. A riqueza raciocínio é sempre presente nos teus trabalhos, Roberta. [Inadequado]
A riqueza de raciocínio é sempre presente nos teus trabalhos, Roberta. [Adequado]
Em geral, os problemas relativos a esse tema ocorrem com a preposi??o "a". é importante lembrar: sempre
que o complemento nominal tiver como preposi??o a palavra "a", deve-se observar se é possível empregar a
crase, obrigatória nessa posi??o.
Exemplos:
1. A boa notícia é: você está apto a pesquisa! [Inadequado]
A boa notícia é: você está apto à pesquisa! [Adequado]
2. Quero lembrar que todos aqui devem obediência a administra??o geral. [Inadequado]
Quero lembrar que todos aqui devem obediência à administra??o geral. [Adequado]
Saiba mais sobre a preposi??o e o complemento nominal
DEPOIS DO ADVéRBIO
Casos há em que o advérbio necessita de informa??es adicionais para que o sentido da express?o seja
completo. Assim, o complemento nominal une-se ao advérbio fornecendo esse tipo de informa??o e, nessa
liga??o, a presen?a da preposi??o é obrigatória.
Exemplos:
1. é dispensável a tua presen?a, relativamente a presta??o de contas da loja. [Inadequado]
é dispensável a tua presen?a, relativamente à presta??o de contas da loja. [Adequado]
NA VOZ PASSIVA
Os verbos na voz passiva apresentam o verbo principal no particípio. O particípio também representa uma
forma de nome, já que pode ser empregado com valor de adjetivo (ex.: iluminado, autenticado).
Sempre que o verbo, no particípio, apresentar um complemento que acrescente informa??es à express?o, este
será um complemento nominal e deve vir acompanhado de preposi??o.
Exemplos:
1. Esses meninos foram acostumados a desordem. [Inadequado]
Esses meninos foram acostumados à desordem. [Adequado]
Uso das locu??es prepositivas
Certas constru??es da língua portuguesa constituem casos em que determinados termos se combinam de tal
forma que n?o é permitida a varia??o seja qual for o contexto em que est?o inseridas. Normalmente, trata-se
de locu??es (conjunto de palavras que formam uma unidade expressiva).
As locu??es prepositivas s?o elementos que n?o variam em gênero (feminino ou masculino) e número (singular
ou plural). S?o, por isso, express?es fixas na língua portuguesa. A forma fixa dessas locu??es, porém, n?o se
resume à varia??o de gênero e número. No decorrer da história da língua portuguesa, determinadas formas se
consagraram. Muitos gramáticos postulam a adequa??o de uma forma e n?o outra para a língua escrita. Por
isso, o emprego inadequado dessas constru??es configura-se um problema de linguagem.
Vejamos alguns exemplos freqüentes de uso inadequado de locu??es prepositivas:
Exemplos:
1. A nível de experiência, tudo é válido. [Inadequado]
Em nível de experiência, tudo é válido. [Adequado]
2. Eles estavam em vias de cometer uma loucura. [Inadequado]
Eles estavam em via de cometer uma loucura. [Adequado]
A seguir, alguns exemplos de locu??es em uso inadequado:
EMPREGO INADEQUADO EMPREGO ADEQUADO
a nível de em nível de
à medida em que na medida em que
ao mesmo tempo que ao mesmo tempo em que
apesar que apesar de que
de modo a de modo que
a longo prazo em longo prazo
em vias de em via de
ao ponto de a ponto de
de vez que uma vez que / portanto
Note que o uso corrente das inadequa??es promove substitui??o ou supress?o das preposi??es que
comp?em a express?o.
Além disso, é importante ressaltar que, embora estejamos nos referindo apenas às locu??es prepositivas, o
mesmo princípio pode ser aplicado às locu??es conjuncionais ou locu??es adverbiais. Vejamos, por exemplo,
um caso em que a inadequa??o recai sobre uma locu??o adverbial:
1. Os amigos, na surdina, combinavam sobre tua festa. [Inadequado]
Os amigos, à surdina, combinavam sobre tua festa. [Adequado]
Formas especiais do pronome oblíquo
O pronome oblíquo, quando exerce a fun??o de objeto direto, adquire formas especiais conforme a posi??o
que ocupa na senten?a. Isso, porém, só é válido para os pronomes oblíquos de terceira pessoa do singular e
do plural.
Quando o pronome oblíquo estiver antes do verbo (próclise, as formas utilizadas s?o as padr?es: o, a, os, as.
Quando o pronome oblíquo estiver depois do verbo (ênclise), as formas do pronome variam de acordo com o
verbo que acompanham. S?o duas as termina??es verbais que comandam a forma do pronome oblíquo
enclítico:
1. verbos terminados em -r, -s ou –z acrescenta-se "-l" antes da forma do pronome (-lo, -la, -los, -
las).
Exemplo:
1. Todos podiam fazer o exercício em casa.
Todos podiam fazer-o em casa. [Inadequado]
Todos podiam fazê-lo em casa. [Adequado]
2. verbos terminados em ditongo nasal (-am, -em, -?o e -?e) acrescenta-se "-n" antes da forma do
pronome (-no, -na, -nos, -nas).
Exemplo:
1. Eles tinham aquela crian?a como filha rebelde.
Eles tinham-a como filha rebelde. [Inadequado]
Eles tinham-na como filha rebelde. [Adequado]
Saiba mais sobre as formas especiais do pronome oblíquo
O pronome oblíquo acrescido de "-l" é também utilizado em constru??es com o designativo eis e os pronomes
nos e vos, já que essas três palavras terminam em –s e podem ser acompanhadas de pronome oblíquo
posposto.
Exemplos:
1. Eis o documento aqui!
Eis-o aqui! [Inadequado]
Eis-lo aqui. [Adequado]
2. O sindicato deu a vós cartilhas como presente.
O sindicato deu vos-as como presente. [Inadequado]
O sindicato vo-las deu como presente. [Adequado]
As formas especiais do pronome oblíquo s?o fundamentais na constru??o adequada da mesóclise (pronome no
interior do verbo). Nesse caso, a termina??o do verbo também comandará a forma que o pronome oblíquo deve
possuir.
Os pronomes pessoais e algumas preposi??es
Os pronomes pessoais s?o classificados na língua portugesa em pronome reto (eu, tu, ele, etc.), pronome
oblíquo (me, te, lhe, etc.) e pronome reflexivo (me, nos, se, etc.). O emprego de cada um dos pronomes é
determinado pela fun??o que desempenham na senten?a. O pronome reto, por exemplo, desempenha fun??o
de sujeito, ao passo que o pronome oblíquo exerce a fun??o de objeto (complemento verbal).
Apesar de associarmos o emprego dos pronomes pessoais às fun??es que eles exercem na ora??o, certas
constru??es s?o determinadas pela presen?a de preposi??es que antecedem os pronomes. Trata-se de uma
conven??o da Gramática Tradicional. Porém, o emprego inadequado desses pronomes torna-se um problema de
linguagem.
A seguir apresentamos algumas preposi??es que exigem ora o pronome reto ora o pronome oblíquo como
complemento:
1. AFORA, MENOS, EXCETO: emprega-se pronome reto
Exemplo:
1. Todos trouxeram o almo?o de casa, menos mim. [Inadequado]
Todos trouxeram o almo?o de casa, menos eu. [Adequado]
2. ENTRE: emprega-se pronome oblíquo t?nico
Exemplo:
1. N?o há vínculo algum entre eu e ela. [Inadequado]
N?o há vínculo algum entre mim e ti. [Adequado]
é importante lembrar que as formas plurais dos pronomes oblíquos t?nicos s?o idênticas às formas plurais do
pronome reto: nós, vós, eles/elas. Portanto, quando empregado após a preposi??o "entre", deve-se ter claro o
fato de que n?o se trata de uso do pronome reto, mas sim de uso do pronome oblíquo.
Exemplo:
1. Eu gostaria que houvesse um acordo entre elas.
3. ATé: emprega-se pronome oblíquo t?nico, quando expressa movimento
Exemplos:
1. Cláudio levou até ele os documentos que deveria assinar. [Inadequado]
Cláudio levou até si os documentos que deveria assinar. [Adequado]
2. Tragam até eu aquela planilha de custo. [Inadequado]
Tragam até mim aquela planilha de custo. [Adequado]
Quando a palavra "até" indicar inclus?o, deve-se empregar o pronome reto. é importante salientar que, nesse
tipo de constru??o, "até" n?o mais funciona como preposi??o, mas sim como uma palavra denotativa.
Exemplos:
1. Ninguém gostava daquele doce; até mim que n?o recusava essas coisas. [Inadequado]
Ninguém gostava daquele doce; até eu que n?o recusava essas coisas. [Adequado]
O sujeito e as contra??es
Quando as contra??es entre pronome e preposi??o, especialmente aquelas constituídas pelas preposi??es de
e em seguidas dos pronomes pessoais de terceira pessoa [ele(s), ela(s)], estiverem se referindo n?o ao
pronome em si, mas ao verbo, é obrigatório manter separado cada um dos elementos da contra??o. Isso se
dá, no entanto, somente em ora??es subordinadas reduzidas de infinitivo.
As ora??es reduzidas n?o possuem qualquer conectivo (pronome relativo ou conjun??o) ligando-as à ora??o
principal. Dessa forma, como o pronome da ora??o reduzida exerce a fun??o de sujeito, deve-se mantê-lo na
sua forma simples. As contra??es entre pronome e preposi??o ocupam sempre a posi??o de complementos,
nunca a de sujeitos da ora??o.
Exemplos:
1. O fato dele trabalhar n?o muda minha decis?o sobre seu futuro. [Inadequado]
O fato de ele trabalhar n?o muda minha decis?o sobre seu futuro. [Adequado]
2. A maneira dele falar impressionava a todos. [Inadequado]
A maneira de ele falar impressionava a todos. [Adequado]
Em contraste com esse emprego, temos a contra??o empregada adequadamente, por exemplo, como
complemento nominal:
1. Esse era o jeito dele. [Complemento Nominal]
2. Esse era o jeito de ele ver o mundo. [Sujeito de ora??o reduzida de infinitivo]
O sujeito posposto em ora??es com verbos unipessoais
Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo +
predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posi??es variadas na ora??o. é o que se entende por
ordem inversa, na qual alguns termos s?o encontrados em combina??o contrária ao esperado (ex.: verbo +
sujeito = sujeito posposto).
Nas ora??es formadas por verbos unipessoais geralmente se constrói a ora??o invertendo-se a ordem entre
sujeito e verbo, de onde o verbo passa a ocupar a primeira posi??o enquanto o sujeito é apresentado
posteriormente ao verbo. Trata-se de um recurso estilístico, pois se pretende valorizar a no??o expressa pelo
verbo.
Os verbos unipessoais sempre se apresentam na terceira pessoa, variando o número (singular/plural)
conforme a natureza do sujeito ao qual está ligado. Se o verbo n?o exigir um sujeito (ora??o sem sujeito), o
verbo unipessoal sempre aparecerá na terceira pessoa do singular.
Se o verbo contar com um sujeito explícito na ora??o, esse sujeito pode ser posposto e deve manter a
concordancia com o verbo ao qual está ligado. S?o exemplos de verbos unipessoais: bastar, faltar, restar,
acontecer e etc.
Exemplos:
ORA??O COM SUJEITO EXPLíCITO:
1. Falta cinco dias para a Copa do Mundo! [Inadequado]
Faltam cinco dias para a Copa do Mundo! [Adequado]
ORA??O SEM SUJEITO:
1. Basta ao trabalho escravo!
Observe que n?o foi apontado o uso inadequado da ordem do sujeito e verbo. Isso se dá porque é
perfeitamente possível e aceitável a coloca??o desses termos na ordem direta da ora??o (ex.: Cinco dias
faltam para a Copa do Mundo.).
O sujeito posposto em ora??es reduzidas
Embora a Língua Portuguesa se apresente predominantemente pela ordem direta (sujeito + verbo +
predicado), é comum encontrarmos alguns termos em posi??es variadas na ora??o. é o que se entende por
ordem inversa, na qual alguns termos s?o encontrados em combina??o contrária ao esperado (ex.: verbo +
sujeito = sujeito posposto).
Nas ora??es subordinadas reduzidas de infinitivo, particípio ou gerúndio geralmente se constrói a ora??o
invertendo-se a ordem entre sujeito e verbo, de onde o verbo passa a ocupar a primeira posi??o enquanto o
sujeito é apresentado posteriormente ao verbo. Trata-se de um recurso estilístico, pois se pretende valorizar
a no??o expressa pelo verbo.
As ora??es reduzidas s?o de três tipos: reduzidas de infinitivo – formadas por verbos no infinitivo pessoal ou
impessoal -, reduzidas de particípio – formadas por verbos no particípio – e reduzidas de gerúndio – formadas
por verbos no gerúndio.
Exemplos:
ORA??O REDUZIDA DE INFINITIVO:
1. é muito difícil acontecer isso.
ORA??O REDUZIDA DE PARTICíPIO:
1. Semeadas as sementes, iniciaremos novo trabalho no sítio.
ORA??O REDUZIDA DE GERúNDIO:
1. Faremos enfim aquela festa, sendo nós os escolhidos para a medalha.
Observe que em nenhum dos casos foi apontado o uso inadequado da ordem dos sujeito e verbo. Isso se dá
porque é perfeitamente possível e aceitável a coloca??o desses termos na ordem direta da ora??o (ex.: é
muito difícil isso acontecer.).
Tempo verbal e o emprego de pronomes
Quando o verbo estiver no futuro do presente do indicativo ou no futuro do pretérito do indicativo,
pode-se optar pelo uso da próclise ou da mesóclise. Nunca, porém, é permitido o uso da ênclise.
Exemplos:
Próclise
1. E os sábios diriam-me: "ides sem volta"!. [Inadequado]
E os sábios me diriam: "ides sem volta"!. [Adequado]
2. Eles dar?o-lhe o primeiro prêmio. [Inadequado]
Eles lhe dar?o o primeiro prêmio. [Adequado]
Mesóclise
1. E os sábios diriam-me: "ides sem volta"! [Inadequado]
E os sábios dir-me-iam: "ides sem volta"! [Adequado]
2. Eles dar?o-lhe o primeiro prêmio. [Inadequado]
Eles dar-lhe-?o o primeiro prêmio. [Adequado]
O subjuntivo e as ora??es subordinadas
O subjuntivo é o modo verbal que expressa o desejo, a hipótese, a condi??o, o pedido, a ordem, a proibi??o, o
fato imaginado. Trata-se, portanto, de uma a??o inacabada ou que está para se realizar. Por isso, em
geral, o modo subjuntivo está presente nos verbos de ora??es subordinadas, já que na ora??o principal será
apresentado o fato exato ou o fato real.
Exemplo:
1. Quando eu voltar, trarei flores para ti.
...[Quando eu voltar: ora??o subordinada = hipótese/condi??o; a??o por se realizar]
...[trarei flores para ti: ora??o principal = resultado da hipótese; fato preciso]
Dentre as ora??es subordinadas, a ora??o adverbial temporal e a ora??o adverbial condicional s?o aquelas que
exprimem especialmente as no??es do modo subjuntivo. Assim, é obrigatório que os verbos dessas ora??es
sejam construídos no modo subjuntivo.
Exemplos:
1. Quando ele ver o lugar, saberá do que estou falando. [Inadequado]
Quando ele vir o lugar, saberá do que estou falando. [Adequado]
2. Se eu lhe pe?o antes, você iria comigo à festa? [Inadequado]
Se eu lhe pedisse antes, você iria comigo à festa? [Adequado]
O subjuntivo e os verbos modais
O subjuntivo é o modo verbal que expressa o desejo, a hipótese, a condi??o, o pedido, a ordem, a proibi??o, o
fato imaginado. Alguns dos verbos chamados modais, exprimem essas no??es, mas pedem um complemento
para que o sentido da express?o seja completo.
As ora??es subordinadas objetivas diretas s?o o complemento desses verbos. Quando elas seguem os modais
"querer", "pedir", "esperar", "proibir" e etc., em geral s?o introduzidas pelo conectivo "que". Nessas ora??es
subordinadas, é obrigatória a constru??o dos verbos no modo subjuntivo, pois através dele refor?a-se a idéia
expressada pelo verbo da ora??o principal.
Exemplos:
1. Pe?o que se retiram! [Inadequado]
Pe?o que se retirem! [Adequado]
...[pe?o: verbo modal/ora??o principal = express?o de desejo/pedido]
...[que se retirem: ora??o subordinada objetiva direta]
...[retirem: modo subjuntivo = express?o de desejo/pedido]
2. Tua família espera que você manda notícias. [Inadequado]
Tua família espera que você mande notícias. [Adequado]
...[espera: verbo modal/ora??o principal = express?o de desejo]
...[que você mande notícias: ora??o subordinada objetiva direta]
...[mande: modo subjuntivo = express?o de desejo]
Os auxiliares e certos verbos abundantes
Os verbos auxiliares (ser, estar, ter e haver) s?o empregados em constru??es determinadas:
· ser: forma a voz passiva
· estar: forma o aspecto verbal
· ter e haver: formam tempos compostos
Os verbos abundantes s?o aqueles que se apresentam com mais de uma forma, especialmente no particípio.
Essas duas formas s?o as chamadas forma regular, em que se verifica a presen?a dos sufixos característicos
do particípio (-ado, -ido), e forma reduzida, em que se verifica a ausência de sufixo. Exemplos: expressar –
expressado (forma regular) – expresso (forma reduzida).
A escolha de uma das formas do particípio é vinculada ao verbo auxiliar pretendido pelo usuário da Língua. Ou
seja:
· auxiliares ser e estar: forma reduzida
· auxiliares ter e haver: forma regular
Exemplos:
1. Nossos vizinhos têm pego encomendas estranhas toda manh?. [Inadequado]
Nossos vizinhos têm pegado encomendas estranhas toda manh?. [Adequado]
2. Nossos vizinhos foram pegados pela polícia. [Inadequado]
Nossos vizinhos foram pegos pela polícia. [Adequado]
"a" x "há": a no??o de tempo
Um dos empregos do verbo haver é aquele que aponta para a no??o de tempo decorrido. Quando expressa
esse sentido, o verbo haver torna-se um verbo impessoal.
é importante anotar a grafia correta do verbo haver na constru??o de ora??es com as quais se pretenda
expressar essa no??o de tempo decorrido. N?o raro, confunde-se a grafia da forma verbal Há com a
preposi??o ou artigo A. Emprega-se a preposi??o "a", em oposi??o a "há", quando quer-se expressar a no??o
de tempo futuro. Dessa forma, o "a" anuncia um acontecimento vindouro, ao passo que "há" remete a um
acontecimento passado.
Exemplos:
1. O mensageiro procurava por seu endere?o a meses. [Inadequado]
O mensageiro procurava por seu endere?o há meses. [Adequado]
2. Posto de servi?os há vinte minutos. [Inadequado]
Posto de servi?os a vinte minutos. [Adequado]
O verbo "haver" e a flex?o
Os verbos impessoais – aqueles que apresentam sujeito nulo na ora??o – n?o se flexionam em número e
pessoa verbal.
O verbo haver torna-se impessoal quando exprime o sentido de:
· existir. Exemplo: Há momentos de solid?o necessária.
· acontecer/ocorrer. Exemplo: Há inaugura??es mensais nessa galeria.
· fazer (indicando tempo decorrido). Exemplo: Há anos ambiciono essa vaga.
Sempre que o verbo haver for empregado com algum dos sentidos apontados acima, n?o ocorrerá a flex?o
verbal, já que n?o existe um sujeito gramatical na ora??o. Nesse caso, o verbo haver deve ser empregado
sempre na terceira pessoa do singular.
Exemplos:
1. Haver?o surpresas na festa. [Inadequado]
Haverá surpresas na festa. [Adequado]
2. Houveram brigas durante o carnaval. [Inadequado]
Houve reclama??es junto à secretaria. [Adequado]
3. H?o dias que n?o te vejo! [Inadequado]
Há dias que n?o te vejo! [Adequado]
O verbo "fazer" e a flex?o
Os verbos impessoais – aqueles que apresentam sujeito nulo na ora??o – n?o se flexionam em número e
pessoa verbal.
O verbo fazer torna-se impessoal quando exprime o sentido de tempo decorrido. Assim, sempre que o verbo
fazer for empregado com sentido de tempo decorrido, n?o ocorrerá a flex?o verbal, já que n?o existe um
sujeito gramatical na ora??o. Nesse caso, o verbo fazer deve ser empregado sempre na terceira pessoa do
singular.
Exemplos:
1. Fazem dias que você n?o dorme... [Inadequado]
Faz dias que você n?o dorme... [Adequado]
2. Fizeram seis meses que o colegiado se reuniu. [Inadequado]
Fez seis meses que o colegiado se reuniu. [Adequado]
O particípio e a express?o "haja vista"
Os verbos podem se apresentar nas chamadas formas nominais, que s?o três: infinitivo, gerúndio e particípio.
Elas s?o consideradas nominais, pois, em determinados empregos, exercem a fun??o de um nome. Algumas
dessas formas nominais do verbo, tal qual o particípio, podem variar em gênero (masculino e feminino) e
número (singular e plural) concordando com o nome ao qual se relaciona.
Na express?o haja vista o verbo "ver" está no particípio, portanto, na forma nominal. Assim, poderíamos
supor que ele devesse variar segundo o gênero e o número do nome ao qual se liga. No entanto, a gramática
da língua portuguesa consagrou a constru??o haja vista, independentemente dos elementos aos quais ela
estaria vinculada.
Em uma locu??o verbal da qual fa?a parte um verbo no particípio (ex.: tenho esperado, está feito), a forma
nominal é fixa: masculino singular. Por um capricho da língua portuguesa, na locu??o haja vista fixou-se a
forma do particípio no feminino singular. Portanto, o emprego
· do verbo "haver" flexionado em número, e
· do verbo "ver" flexionado em gênero ou número
na locu??o haja vista constitui uma inadequa??o gramatical.
Exemplos:
1. Os problemas permaneceriam, hajam vistas as dúvidas que encontramos. [Inadequado]
Os problemas permaneceriam, haja vista as dúvidas que encontramos. [Adequado]
2. Hoje sairei daqui mais tarde, haja visto o trabalho que ainda tenho de terminar. [Inadequado]
Hoje sairei daqui mais tarde, haja vista o trabalho que ainda tenho de terminar. [Adequado]
A locu??o haja vista, como se observa nos exemplos acima, é usada como conjun??o subordinativa. O seu
valor equivale ao das locu??es conjuncionais "devido a", "por conta de", "por causa de".
As preposi??es e formas verbais como "foi"
Na língua portuguesa algumas formas verbais s?o representadas da mesma maneira, embora indiquem tempos
diferentes ou mesmo verbos distintos. Nesse sentido, os verbos ir e ser s?o freqüentemente alvo de problemas
gramaticais devido ao fato de que ambos possuem a mesma forma nos tempos pretérito perfeito e pretérito
mais-que-perfeito do modo indicativo. Observe:
Pretérito Perfeito Pretérito Mais-que-Perfeito
VERBO "IR" VERBO "IR"
eu fui eu fora
tu foste tu foras
ele foi ele fora
nós fomos nós f?ramos
vós fostes vós f?reis
eles foram eles foram
Pretérito Perfeito Pretérito Mais-que-Perfeito
VERBO "SER" VERBO "SER"
eu fui eu fora
tu foste tu foras
ele foi ele fora
nós fomos nós f?ramos
vós fostes vós f?reis
eles foram eles foram
Um dos problemas gerado pela forma idêntica desses dois verbos, sobretudo no tempo pretérito perfeito, se
refere à regência verbal. Isto é, que tipo de preposi??o é exigida por cada verbo e em cada acep??o que este
possua.
As preposi??es, isoladamente, n?o possuem qualquer significado, mas expressam algumas no??es definidas
(espa?o, situa??o, movimento, etc.). Os verbos selecionam uma e outra preposi??o na rela??o de regência
verbal que estabelecem com elas. Assim, o sentido do verbo é refor?ado pela no??o expressada pela preposi??o
que o acompanha.
O verbo ir com sentido de movimento rege a preposi??o "a" ou "para" que refor?am a idéia de deslocamento.
Já o verbo ser com sentido de acontecer, ocorrer exige a preposi??o "em", expressando o momento em que
ocorreu a a??o. Quando a constru??o do enunciado envolver qualquer desses dois verbos no pretérito perfeito
ou mais-que-perfeito, deve-se, portanto, atentar para o emprego adequado das preposi??es regidas por eles,
respeitando o sentido do verbo que está sendo utilizado.
Exemplos:
1. Eu n?o fui em baile algum! [Inadequado]
Eu n?o fui a baile algum! [Adequado]
Eu n?o fui para baile algum! [Adequado]
...[verbo ir com sentido de movimento]
1. O sorteio dos prêmios foi a 28 de setembro. [Inadequado]
O sorteio dos prêmios foi em 28 de setembro. [Adequado]
...[verbo ser com sentido de acontecer]
é importante lembrar, ainda, que:
· a preposi??o "em" pode se contrair com os artigos (a, as, o, os, um, uns, uma, umas). Mesmo na
forma contraída, ela só deve ser empregada junto ao verbo ir com sentido de "ocorrer". Exemplo:
Aquela tranqüilidade foi só nas férias!
· verbo ir com sentido de movimento seguido de palavra feminina determinada exige que a
preposi??o "a" seja acentuada (crase). Exemplo:
Sem oportunidade de escolha, todos fomos à inaugura??o do departamento.
As locu??es verbais e o uso das preposi??es
Locu??es s?o grupos de palavras que, unidas, formam uma unidade com um sentido próprio. Na língua
portuguesa há vários tipos de locu??o: locu??o verbal, locu??o adverbial, locu??o prepositiva, etc.
Uma locu??o verbal se comp?e de dois ou mais verbos (ex.: tenho estado fazendo). Na locu??o verbal
composta de dois verbos, o primeiro deles é considerado um verbo auxiliar (ser, estar, ter e haver) ou modal
(poder, querer, precisar, dever, etc.). O segundo verbo da locu??o é considerado o verbo principal.
Independentemente do tipo, porém, é sempre o primeiro verbo da locu??o o responsável pela flex?o (de
número, tempo, modo e aspecto). O segundo verbo da locu??o apresenta-se sempre no infinitivo, no gerúndio
ou no particípio.
As preposi??es s?o exigidas pela rela??o de regência que se estabelece entre elas e o verbo. Numa locu??o
verbal, é o segundo verbo que rege a preposi??o. Portanto, mesmo se o primeiro verbo da locu??o reger uma
preposi??o, ela deve ser abandonada nesse tipo de constru??o.
Exemplos:
1. Se ela precisar de viajar, n?o vou me opor. [Inadequado]
Se ela precisar viajar, n?o vou me opor. [Adequado]
2. Ele deve de ser inteligente. [Inadequado]
Ele deve ser inteligente. [Adequado]
é importante, no entanto, atentar para duas particularidades:
· os verbos transitivos indiretos (aqueles que exigem complemento preposicionado) podem
apresentar como complemento um verbo no infinitivo. Nesse caso, n?o se trata de uma locu??o verbal,
já que o primeiro verbo n?o é um auxiliar ou modal. Portanto, o emprego da preposi??o é
obrigatório. Exemplo:
1. Cecília gosta de trabalhar no shopping.
...[gostar: verbo transitivo indireto = rege a preposi??o "de"]
· verbo "ter" com sentido de "precisar", "ser obrigado", "ser necessário" é acompanhado pela
preposi??o "de". Como se trata de uma restri??o semantica, o emprego da preposi??o é
obrigatório, mesmo se o complemento deste verbo for um verbo no infinitivo. Do mesmo modo que
os verbos transitivos indiretos, n?o se trata aqui de uma locu??o verbal. Exemplo:
1. Ele tem de cumprir a sua promessa.
...[ter: verbo preposicionado = é acompanhado pela preposi??o "de"]
Uso de Par?nimos
Par?nimos s?o palavras de sentido diferente e forma semelhante, que provocam, com alguma freqüência,
confus?o. A lista das formas par?nimas do português é extensa. Abaixo alguns exemplos:
1. "ovos estalados" (que sofreram estalo) -> "ovos estrelados" (em forma de estrela)
2. "afim de" (semelhante a) -> "a fim de" (para)
3. "deferir" (aprovar) -> "diferir" (adiar)
4. "descri??o" (ato de descrever) -> "discri??o" (qualidade de discreto)
5. "espinho" (órg?o das plantas) -> "espinha" (osso de peixe)
6. "emigrar" (migrar de) -> "imigrar" (migrar para)
7. "a cerca de" (a respeito de) -> "cerca de" (aproximadamente)
8. "listada" (incluída em uma lista) -> "listrada" (com listras)
9. "germinada" (que germinou) -> "geminada" (duplicada)
10. "súbita honra" (honra repentina) -> "subida honra" (alta honra)
Vejamos a seguir alguns desses casos:
- OVOS "ESTALADOS"
O uso corrente dessa express?o costuma colocar a palavra "estalado" no lugar da palavra "estrelado". A forma
adequada - ovo(s) estrelado(s) - irá surtir o efeito que se queria produzir: situa??o do ovo que é frito (e n?o
mexido) em que este se assemelha a uma estrela - o centro da estrela (a gema) e a irradia??o da sua luz (a
clara).
Exemplos:
1. Por favor, eu quero ovos estalados para o café da manh?! [Inadequado]
Por favor, eu quero ovos estrelados para o café da manh?! [Adequado]
- "ESPINHO" DE PEIXE
Nessa express?o, a língua falada consagrou ao peixe uma propriedade que n?o lhe é própria: a de ter
espinhos. Diferente das flores, como a rosa, que sabidamente possui espinhos, o peixe possui espinha,
proveniente da sua espinha dorsal, na qualidade de animal vertebrado que é. A express?o adequada, portanto,
é espinha de peixe.
Exemplos:
1. No prato só restaram os espinhos de peixe... [Inadequado]
No prato só restaram as espinhas de peixe... [Adequado]
- MAL E "PORCAMENTE"
Nessa express?o est?o combinadas duas palavras de sentido negativo. é natural, portanto, que o falante,
inadvertido, empregue de maneira equivocada a palavra "porcamente" para refor?ar o atributo negativo já
expresso por "mal". Porém a palavra adequada nessa express?o é "parcamente", um advérbio que vem do
adjetivo "parca", significando "escasso", "simples", "reduzido". Vê-se que, na correta acep??o da express?o, o
sentido pejorativo desaparece quase que totalmente, sendo reduzido a "algo que se faz de forma errada e
muito simples".
Exemplos:
1. Mariana escreveu mal e porcamente sua reda??o sobre as férias. [Inadequado]
Mariana escreveu mal e parcamente sua reda??o sobre as férias. [Adequado]
Uso do Clichê
Clichês s?o frases que se banalizaram pela repeti??o excessiva, transformando-se em um tipo de estereótipo
que merece ser evitado. A lista de clichês e chav?es nos textos em língua portuguesa é extensa. Abaixo alguns
exemplos.
1. Fechar com chave de ouro
2. Ao apagar das luzes
3. Bater em retirada
4. Cair como uma luva
5. Chegar a um denominador comum
6. Colocar um ponto final na discuss?o
Uso de Arcaísmos
Há, na língua portuguesa, várias express?es e constru??es sintáticas que, embora comuns no passado,
deixaram de participar da norma atual. Essas express?es - por comprometerem a clareza e atribuírem, ao
texto, um tom excessivamente precioso - devem ser evitadas, sempre que possível.A lista de express?es
arcaicas é extensa. Abaixo alguns exemplos:
FORMA ARCAICA FORMA ATUAL
Alcaide Prefeito
Nosoc?mio Hospital
Outrossim Também
Hum Um
Cincoenta Cinqüenta
Uso de Estrangeirismos
A palavra estrangeira deve ser evitada sempre que já existir, em língua portuguesa, express?o equivalente.
Exemplo:
whisky -> uísque
cognac -> conhaque
karatê -> caratê
tarot -> tar?
poker -> p?quer
menu -> cardápio
gentleman -> cavalheiro
lady -> senhora
FONTE:
http://www.nilc.icmc.usp.br/minigramatica/mini/usodeestrangeirismos.htm